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O positivismo é uma corrente teórica inspirada no ideal de progresso contínuo da humanidade. O pensamento positivista postula a existência de uma marcha contínua e progressiva e que a humanidade tende a progredir constantemente. O progresso, que é uma constatação histórica, deve ser sempre reforçado, de acordo com o que Auguste Comte, criador do positivismo, chamou de Ciências Positivas. As Ciências Positivas teriam a sua mais forte expressão na Sociologia, ciência da qual Comte é considerado o fundador.
O positivismo também incorporou, na teoria de Comte, elementos políticos e ganhou, nos trabalhos de John Stuart Mill, um escopo mais ético e moral. Isso acabou reforçando o molde de uma teoria política positivista, fundada na ordem e no conhecimento para se alcançar o progresso.
Essa teoria ressoou na política brasileira, mais especificamente no início do período da Primeira República, pois o marechal Deodoro da Fonseca (primeiro presidente do Brasil) e outros políticos que participaram do governo tinham fortes influências positivistas.
Leia também: Conheça mais sobre a revolução que influenciou o pensamento positivista
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre positivismo
- 2 - Assista nossa videoaula sobre Positivismo:
- 3 - História do positivismo e a Sociologia do século XIX
- 4 - Características do positivismo
- 5 - Positivismo no Brasil - “Ordem e Progresso”
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Resumo sobre positivismo
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O positivismo surgiu com Auguste Comte, no século XIX;
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Marcou o início da Sociologia;
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Era uma teoria política, moral e filosófica;
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Baseava-se na ciência e na ordem social;
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Disciplina, rigor e ordem eram necessários para o crescimento moral e social;
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Inspirou a Proclamação da República brasileira.
Assista nossa videoaula sobre Positivismo:
História do positivismo e a Sociologia do século XIX
O positivismo foi uma corrente filosófica que nasceu na França, no século XIX, derivada do pensamento iluminista. Pode-se dizer que o seu fundador foi o filósofo e também criador da Sociologia, Auguste Comte (1798 – 1857). Outro nome importante para o positivismo é John Stuart Mill (1806 – 1873), que adaptou o pensamento positivista ao utilitarismo moral inglês, que teria surgido com Jeremy Bentham, jurista, filósofo e professor de Mill. Com a adaptação ao utilitarismo, o positivismo ganhou um tom mais voltado para a filosofia moral, delineando os preceitos éticos da teoria de Mill.
Outros fatores que marcaram o positivismo foram a Revolução Industrial e as crises sociais que ocorreram em decorrência direta dessa revolução e da explosão demográfica dos grandes centros urbanos europeus, ocasionada pelo surgimento rápido de muitas indústrias. Nesse período, a fome e a desigualdade social alastraram-se pelos centros urbanos, ao mesmo tempo em que os antigos paradigmas medievais e o Antigo Regime eram, progressivamente, superados.
Assustados por uma sociedade nova e complexa, os intelectuais tiveram dificuldade para entender esse novo modelo social, completamente diferente de tudo o que tinha acontecido até então. A teoria positivista e a Sociologia foram as propostas de Comte para se entender a nova organização que tanto assustou os pensadores e modificou a vida das pessoas.
Auguste Comte apostava no progresso moral e científico da sociedade por meio da ordem social e do desenvolvimento das ciências. O pensador estabeleceu uma espécie de hierarquia das sete grandes ciências: Matemática, Astronomia, Física, Química, Moral, Biologia e Sociologia, sendo essas duas últimas superiores.
O filósofo acreditava que a Sociologia deveria basear-se nas ciências da natureza, sobretudo na Biologia e na Física, que tentam descobrir e decodificar as leis naturais. O sociólogo deveria fazer um trabalho análogo na sociedade: descobrir e decodificar as leis sociais. O sociólogo deveria ser um cientista observador, apoiando-se no conteúdo de sua análise e nos fatos.
O estágio em que a humanidade encontrava-se era o de maior evolução, segundo a Lei dos Três Estados, de Comte, que estabelece três classificações distintas: o estado teológico (primeiro e menos desenvolvido), o estado metafísico (segundo e intermediário) e o estado positivo (último e melhor). O estado positivo ocorreu, segundo Comte, a partir do momento em que a humanidade passou a priorizar a ciência como fonte do saber confiável.
O método positivista também originou uma teoria historiográfica, inspirada nas ideias do conde de Saint Simon (1760-1825), filósofo francês para quem a humanidade progrediria continuamente, indo sempre adiante e nunca regredindo. Segundo a historiografia positivista, o progresso histórico deveria ser constantemente aferido, tomando por base apenas os fatos que são constantemente registrados.
No Brasil, o positivismo influenciou fortemente os militares e políticos ligados ao marechal Manuel Deodoro da Fonseca, que em 1889 depôs o imperador Dom Pedro II e tornou-se o primeiro presidente do Brasil, implantando uma tentativa de se fazer uma política baseada no positivismo, com o cultivo e a imposição da ordem social para se chegar ao progresso.
Ainda no século XIX e no século XX, o termo positivismo ganhou outros significados, tendo surgido o positivismo jurídico, no âmbito do direito, e o positivismo lógico, entre os filósofos da linguagem, que seria uma crença de que a análise lógica da linguagem seria o caminho para solucionar todos os problemas filosóficos.
Veja também: Saiba mais sobre outra doutrina desenvolvida no mesmo contexto que o positivismo
Características do positivismo
→ Doutrina filosófica baseada em teorias e leis
A aspiração mais remota do positivismo encontra-se no movimento iluminista, fortemente admirado por Comte. Apoiador da Revolução Francesa, Auguste Comte era favorável ao pensamento republicano, mas acreditava que o caos e a anarquia, predominantes em alguns períodos da revolução e pós-revolução, eram empecilhos para a marcha acelerada do progresso.
→ Doutrina sociológica
Antes de tudo, o positivismo era uma doutrina sociológica que se baseava na Lei dos Três Estados. A Ciência Social estaria no último e mais avançado estágio de desenvolvimento da humanidade, acompanhada da Biologia. Isso conferiu ao positivismo o estatuto de doutrina fortemente ancorada no pensamento científico.
→ Doutrina política
A ordem, o rigor e o empenho pela organização são características fundamentais para a doutrina positivista. Daí deriva o lema estampado na bandeira brasileira, desenhada durante o início da era republicana no Brasil.
→ Aposta nas ciências e na industrialização
O pensamento positivista garante que o progresso da humanidade, além de intimamente ligado às ciências positivas, está também relacionado com o impulsionamento da industrialização e da tecnologia.
→ Religião positiva
Com a superação do período teológico e das religiões baseadas nos mitos e na existência de um mundo sobrenatural, Comte afirmou a necessidade de uma nova espécie de religião, baseada não em algo acima da natureza, mas na própria natureza e na capacidade humana de desvendar os mistérios dessa natureza por meio da ciência. Grosso modo, podemos dizer que, na religião positiva, a figura de Deus é substituída pela ciência.
Positivismo no Brasil - “Ordem e Progresso”
“Ordem e Progresso” são influências do pensamento positivista.
O lema de nossa bandeira é positivista, pois a Primeira República brasileira (1889-1930) foi um período político com forte inspiração na teoria formulada por Auguste Comte. Tanto o primeiro presidente, marechal Deodoro da Fonseca, quanto parte do Parlamento, eram republicanos. O pensamento republicano nascido na França era baseado na liberdade individual e na responsabilidade moral, fruto daquela liberdade. A liberdade individual e, principalmente, a responsabilidade moral são preceitos fundamentais do positivismo, pois são valiosos pilares para o progresso.
Apesar da forte inspiração no início da república, o positivismo no Brasil não durou, e o lema estampado em nossa bandeira não vingou. A política brasileira, que passou por sucessivos atentados contra a democracia e reprimiu a liberdade dos cidadãos, perdeu, antes mesmo do fim da Primeira República (que se tornou um regime coronelista mantido pelo voto de cabresto), os ideais positivistas tão caros para os republicanos franceses.
Moeda com retrato do primeiro presidente do Brasil, o marechal Deodoro da Fonseca.
*Credito da imagem: Nadiia_foto / Shutterstock
Por Francisco Porfírio
Professor de Sociologia