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O governo de Artur Bernardes (1922-1926) teve como características principais a crise do regime político oligárquico e a repressão às oposições ao regime. O tenentismo, a Revolução Gaúcha, a repressão ao movimento operário e a Semana de Arte Moderna foram os principais acontecimentos de seu governo.
A própria eleição de Artur Bernardes representou uma dissensão na política oligárquica nacional. Após não terem conseguido um nome de consenso nas eleições de 1918, levando o paraibano Epitácio Pessoa à presidência, paulistas e mineiros conseguiram uma acordo em torno do nome de Artur Bernardes para a campanha de 1922. Porém, foram obrigados a enfrentar a oposição das elites rurais de Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro. Esses estados lançaram a candidatura de Nilo Peçanha, no movimento chamado Reação Republicana.
A campanha foi marcada pela demagogia, já que os oligarcas oposicionistas defendiam uma moralidade política que não praticavam. Passaram a divulgar cartas falsas atribuídas a Bernardes, principalmente com conteúdos contra o exército. Por outro lado, as forças em torno de Artur Bernardes valeram-se da fraude para ganhar as eleições.
As eleições aconteceram em março de 1922 e já em julho do mesmo ano ocorreu um movimento militar contra o governo. O episódio dos 18 do Forte de Copacabana daria início ao movimento tenentista, que cobrava alterações no regime político nacional, buscando uma maior democratização da participação. O episódio dos 18 do Forte de Copacabana seria o primeiro dos relacionados ao tenentismo. Viriam depois a Revolução Paulista de 1924 e a Coluna Prestes, a partir de 1925.
No Rio Grande do Sul, o governo federal de Bernardes teve ainda que debelar a Revolução Gaúcha, que eclodiu contra o quinto mandato de Borges de Medeiros à frente do governo estadual. A solução do conflito abriria uma brecha para a participação de uma nova geração de políticos que estaria diretamente ligada à Revolução de 1930.
Todos esses conflitos que ocorreram no país levaram Artur Bernardes a decretar várias vezes o Estado de Sítio. Outro grupo social que foi alvo do ataque repressivo do presidente foram os operários. Após alguns anos de intensas lutas contras as péssimas condições de trabalho, no final da década de 1910, os operários de São Paulo e Rio de Janeiro, principalmente, passaram a sofrer pesadas perseguições, apesar das tentativas de elaboração de legislações trabalhistas. Vários estrangeiros foram expulsos do país, principalmente operários estrangeiros acusados de atentar contra a segurança nacional. Os anarquistas, que à época detinham a hegemonia no movimento operário, passaram ainda a contar com a presença do Partido Comunista do Brasil, criado em 1922.
No campo artístico, a Semana de Arte Moderna de 1922 pretendia criar uma arte genuinamente brasileira, mesclando as influências estrangeiras com os caracteres da cultura nacional. Além da produção artística, foram elaborados dois manifestos por Oswald de Andrade (Manifesto da Poesia Pau-brasil e Manifesto Antropofágico), que sintetizavam o ideal estético do movimento conhecido como movimento antropofágico. O objetivo era devorar e digerir as influências estéticas estrangeiras, principalmente o surrealismo, o primitivismo e o futurismo, criando um produto artístico que mantivesse as raízes nacionais.
Os conflitos internos à classe dominante brasileira que ocorreram durante o governo de Artur Bernardes iriam se fazer sentir no mandato de Washington Luís, seu sucessor. Esta crise política, aliada às transformações econômicas e sociais pelas quais passava o país no período, desembocaria na Revolução de 1930 e no fim da república oligárquica.
Por Tales Pinto
Graduado em História