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Brasil Império no Enem
Sabemos que os conteúdos referentes às áreas de humanidades, isto é, aos domínios das disciplinas de História, Geografia, Sociologia e Filosofia, estão contidos, no Enem, nas questões de Ciências Humanas e suas Tecnologias. Esse é um dos campos do saber segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), sobre os quais o Enem está fundamentado. Nesse campo, as questões específicas que abordam a área de História do Brasil tendem a se concentrar em conteúdos que ofereçam grande aproveitamento temático. Por isso, o período do Brasil Império, que corresponde a 67 anos de nossa história, é um dos mais explorados.
Como sabemos, esse período é dividido em três fases: o Primeiro Reinado, o Período Regencial e o Segundo Reinado. Cada uma dessas fases é explorada nas questões do Enem segundo as “competências” definidas pelos PCNs. São cinco competências no total: 1) domínio de diferentes linguagens (incluindo nisso linguagens não verbais, como fotografias, desenhos etc.); 2) compreender processos (culturais, sociais, políticos etc.); 3) diagnosticar e enfrentar problemas reais; 4) construir argumentações e 5) elaborar proposições solidárias. Analisaremos aqui uma questão do Enem de 2015, na qual está nítida a preocupação com as duas primeiras competências.
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Questão sobre o imperador D. Pedro II
Vejamos:
Questão 36 do ENEM de 2015, Caderno azul, prova 1
A questão tem como tema central D. Pedro II, que foi a figura histórica de maior destaque no período do Brasil Império. Sua longa estadia no poder (permaneceu efetivamente no trono de 1840 a 1889 e, antes disso, já havia se tornado Príncipe Imperial, em 1831, ao seis anos de idade) começou em 1840, quando houve o famoso golpe da maioridade, ressaltado no cabeçalho da questão. Esse golpe parlamentar marcou a transição da fase da Regência para o Segundo Reinado. Como Pedro II ainda era bastante jovem quando assumiu a coroa – contava então 15 anos incompletos –, aqueles responsáveis por cuidar de sua imagem tiveram que, nos primeiros anos do reinado, produzir uma aparência de mais maturidade ao monarca.
Deixar a barba crescida e volumosa era um dos principais recursos para isso, bem como a postura heroica, como se nota nas imagens que a questão apresenta. A antropóloga Lilia Moritz Schwarcz, em seu livro As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos, reforça esse argumento:
Nas imagens da época percebe-se, portanto, a tendência de caracterizar um monarca mais maduro, cuja imagem deveria ser veiculada à exaustão. O alvo era alcançar não só o imenso território nacional, como as nações “civilizadas” do estrangeiro. Internamente, por meio de periódicos e da distribuição pública, buscava-se unificar um país muito grande e disperso. [1]
Portanto, fica claro que a questão não exige do aluno que ele apenas saiba os fatos referentes ao golpe que entronizou D. Pedro II e os primeiros anos do Segundo Reinado, mas que consiga analisar a linguagem visual, como a das imagens apresentadas, e compreender o processo de autoafirmação política do jovem imperador por meio delas. Todas essas características apontam a letra B como a correta.
NOTAS
[1] SCHWARCZ, Lilia Moritz. As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. p. 125.
Por Me. Cláudio Fernandes