Notificações
Você não tem notificações no momento.
Novo canal do Brasil Escola no
WhatsApp!
Siga agora!
Whatsapp icon Whatsapp
Copy icon

Operação Barbarossa: o ataque alemão à União Soviética

A Operação Barbarossa foi um ataque do exército nazista contra a União Soviética em 1941.

Combatentes ucranianos mortos em Kiev pelo Exército Alemão
Combatentes ucranianos mortos em Kiev pelo Exército Alemão
Imprimir
Texto:
A+
A-
Ouça o texto abaixo!

PUBLICIDADE

Tópicos deste artigo

O que foi a Operação Barbarossa?

Uma das maiores operações militares da Segunda Guerra Mundial foi a Operação Barbarossa. Essa operação teve uma longa duração, indo de 22 de junho de 1941 a 5 de dezembro do mesmo ano, e ficou caracterizada por ser a primeira campanha militar do exército alemão nazista, comandado por Hitler, contra a União Soviética (URSS). Mas se a guerra começou em 1939, por que a Alemanha atacou a União Soviética somente em 1941? Para compreendermos a importância desse fato, vamos analisar o seu contexto.

Antecedente: Pacto Germano-Soviético (1939)

No dia 23 de agosto de 1939, uma semana e meia antes de a Segunda Guerra começar – isto é, antes de a Alemanha invadir o território polonês (fato ocorrido em 1º de setembro de 1939) –, Adolf Hitler e Josef Stalin (líder máximo da URSS), por meio de seus diplomatas, J. Von Ribbentrop e V. Molotov, fizeram um pacto de não agressão para garantir que a ação militar dos nazistas na Europa Ocidental não sofresse interferência do exército soviético. Em troca, a URSS teria influência estratégica na região dos Bálcãs e ficaria com a posse de uma parte do território polonês. (Para saber mais informações, acesse este texto: Pacto Germano-Soviético).

Esse acordo com a URSS permitiu à Alemanha nazista desenvolver com rapidez e sem muitas dificuldades o seu projeto de expansão territorial no front ocidental, valendo-se da tática de ataques rápidos e maciços, que caracterizaram a “guerra-relâmpago” (Blitzkrieg). Por outro lado, a URSS, no ano de 1940, deu início a campanhas militares na Escandinávia, em especial na Finlândia, procurando definir também espaços de influência. O problema é que os dois países possuíam projetos de proporções globais e ambos os chefes de Estado (Hitler e Stalin) sabiam que, mais cedo ou mais tarde, haveria uma ruptura do pacto de não agressão.

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Ruptura do Pacto Germano-Soviético e início da Operação Barbarossa

Durante os dois primeiros anos da guerra, o principal inimigo da Alemanha, isto é, aquele que lhe oferecia maior resistência, era o Império Britânico. A Grã-Bretanha ainda possuía o maior poderio naval da época e Hitler sabia que, mesmo dominando os países da Europa Ocidental, não poderia conduzir o III Reich (Terceiro Império, entendido por Hitler como uma sucessão dos dois grandes impérios germânicos que haviam existido na Europa) para além do Oceano Atlântico. A única saída momentânea para o fortalecimento do III Reich era mobilizar a guerra para o leste para dar início à expropriação (tirar posse) das terras férteis do leste europeu. Para tanto, era necessário dominar a União Soviética.

Além disso, no fim de 1940, a Alemanha formou a aliança com a Itália fascista e o Império Japonês, inaugurando, assim, o famoso Eixo Roma-Berlin-Tóquio. Ocorreu que os japoneses não viam com bons olhos o pacto de não agressão Germano-Soviético, pois a União Soviética representava um entrave ao projeto imperialista japonês na Ásia. Sendo assim, a Alemanha precisou romper com a URSS por dois motivos principais: 1) a estratégia de formar uma gigantesca colônia agrícola no leste europeu, sobretudo na região dos Bálcãs – colônia essa que, em um primeiro momento, serviria para alimentar as tropas do Exército alemão –; e 2) não desagradar um de seus mais novos aliados, o Império Japonês.

O Pacto Germano-Soviético foi então rompido. Stalin, que não esperava essa ruptura já em 1941, teve que montar estratégias defensivas contra o poderoso ataque alemão. O general alemão encarregado de traçar a estratégia de invasão e ocupação da URSS foi Franz Halder, comandante do OKH (alto-comando militar alemão). Halder foi o responsável pela “Operação Barbarossa”, que levava esse nome por se referir à Frederico Barba Roxa (Barbarossa), imperador do Sacro Império Romano-Germânico do século XII. Hitler, assim como Barba Roxa, queria ter a Europa inteira sob seu comando.

Halder definiu três pontos diferentes para a invasão alemã da União Soviética:

  • Os exércitos do Norte, que estavam sob o comando do marechal Ritter von Leeb, tinham por objetivo marchar em direção a Leningrado, acabar com as defesas da cidade e sitiá-la;

  • O marchal Fedor von Bock, comandante dos exércitos da região central da Europa, encarregou-se de comandar a invasão do centro do poder soviético, a capital Moscou;

  • O marechal Gerd von Rundstedt se encarregaria de dominar toda a extensão da Ucrânia e sitiar a capital Kiev.

  • Tática cruél no front oriental: a fome.

As manobras militares nazistas começaram no front oriental, em direção aos domínios soviéticos, em 22 de junho de 1941. Nos primeiros meses, os ataques nazistas tiveram sucesso, dada a surpresa com que o Exército Vermelho de Stalin recebeu a notícia de que estava sendo invadido por várias frentes ao mesmo tempo. A Wehrmacht (Forçar Armadas Alemãs) tinha agora dois fronts de batalha, atuando em praticamente toda a Europa. Restou aos soviéticos defender suas posições estratégicas, coma as cidades de Moscou e Stalingrado. Nesse processo, a população civil soviética foi quem mais sofreu.

Uma das táticas de guerra usadas pela Wehrmacht, quando cercou as cidades soviéticas, foi a imposição de requisição de alimentos aos civis. Muitos campos de cereais, por exemplo, foram expropriados pelos nazistas para que as tropas tivessem reservas a fim de permanecer nas batalhas sem precisar recuar. Milhares de ucranianos, russos, lituanos, estonianos e demais povos da região morreram de fome por falta de comida, como narra o historiador Timothy Snyder:

A Wehrmacht nunca pretendeu matar de desnutrição toda a população de Kiev, somente o necessário para garantir que suas necessidades fossem atendidas. Ainda assim, tratava-se de uma política de indiferença à vida humana como tal, e talvez tenha matado até 50 mil pessoas. […] Em Kharkov, uma política semelhante matou talvez umas 20 mil pessoas. Dentre ela, 273 crianças no orfanato municipal, em 1942. Foi perto de Kharkov que crianças camponesas passando fome, em 1933, tinham comido umas às outras vivas dentro de um orfanato improvisado. As crianças da cidade, ainda que em menos quantidade, eram submetidas ao mesmo tipo horrendo de morte. [1]

Não bastasse essa estratégia por parte dos nazistas, as ordens de Stalin também tinham um sentido semelhante: os cidadãos soviéticos foram obrigados a queimar os campos de plantações para que os nazistas não se apropriassem deles, tendo que sair de suas cidades, em fuga, abandonados à própria sorte. A Operação Barbarossa só começou a entrar em declínio em novembro de 1941 com a chegada do inverno, mas muitas de suas batalhas prosseguiram até o ano final da guerra, em 1945.

NOTAS

[1] SNYDER, Timothy. Terras entre sangue – A Europa entre Hitler e Stalin. Rio de Janeiro: Ed. Record, 2010. pp. 216-17.


Por Me. Cláudio Fernandes

Escritor do artigo
Escrito por: Cláudio Fernandes Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

FERNANDES, Cláudio. "Operação Barbarossa: o ataque alemão à União Soviética"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/guerras/operacao-barbarossa-ataque-alemao-uniao-sovietica.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante