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A Segunda Guerra Mundial está entre os acontecimentos mais catastróficos da história da humanidade, com um índice de mortos que varia entre 60 e 70 milhões. Nesse contexto, o episódio das bombas atômicas lançadas sobre o solo japonês, nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, revelou ao mundo até que ponto o homem é capaz de semear a destruição. Para entendermos melhor a história dessa tragédia, é necessário que saibamos do desenvolvimento de tecnologia nuclear no contexto da guerra.
Sabemos que as grandes descobertas sobre a estrutura do átomo ocorreram no início do século XX. Entre os grandes nomes envolvidos nessas pesquisas estavam os dos alemães Albert Einstein e Werner Heisenberg. O primeiro exilou-se nos Estados Unidos, em razão da perseguição nazista aos judeus; o segundo, como muitos outros cientistas alemães da época, continuou com suas atividades na Alemanha. Muitos projetos de construção de armas potentes fizeram parte dos anseios de Adolf Hitler. A construção da bomba atômica, ao que muitas fontes indicam, era um deles. Heisenberg e outros cientistas de ponta teriam sido pressionados a levar a cabo esse projeto.
Ao mesmo tempo, Einstein e outro físico nuclear presente nos EUA, o húngaro Leo Szilard, tentaram alertar os americanos do risco iminente de uma arma nuclear ser fabricada pelos nazistas. Ambos escreveram, no início da década de 1940, uma carta às autoridades americanas relatando tal possibilidade. Szilard teve, progressivamente, uma atuação mais contundente nesse sentido. Ele, o físico americano Robert Oppenheimer e o general Leslie Groves foram os protagonistas da construção das primeiras bombas atômicas da história.
O projeto de construção desse tipo de arma foi chamado de Projeto Manhattan. Groves designou pessoalmente o físico Robert Oppenheimer como o chefe da chamada área Y, uma zona secreta para construção das bombas. Milhares de funcionários foram exigidos para o pleno funcionamento do Projeto Manhattan. A primeira das bombas construídas chamava-se “Trinity” e foi detonada na região de Los Alamos, nos EUA, no dia 16 de julho de 1945.
Com o fim da guerra na Europa e o suicídio de Hitler, os conflitos prosseguiram na Ásia e no Oceano Pacífico contra o Império Japonês. Mais duas bombas atômicas haviam sido construídas e estavam prontas para detonação: uma à base de plutônio, chamada de “Fat Man”, e outra à base de urânio, chamada de “Little Boy”. Essas duas bombas foram utilizadas pelos americanos contra os japoneses em agosto de 1945 para forçar a sua rendição e mostrar ao mundo o tipo de tecnologia mortífera que havia sido conquistada. A primeira cidade atingida foi Hiroshima, em 6 de agosto de 1945, onde foi lançada a “Little Boy”. A descrição da explosão e do potencial destrutivo dessa bomba pode ser vista nesse trecho do livro Os homens do fim do mundo, de P. D. Smith:
A reação em cadeia explosiva do urânio-235 deu um banho de radiação mortífera no centro da cidade: partículas alfa e beta, rais gama e nêutrons. Níveis altos de radiação permaneceram no ambiente pelo menos por três dias, afetando os que chegavam à cidade em busca de parentes. Um hora depois da explosão começou a cair uma chuva negra de fuligem sobre Hiroshima e os seus infelizes habitantes, que durou até a tarde. A chuva caía da enorme nuvem em forma de cogumelo que assombrava a cidade como um deus vingativo e derramava poeira altamente radioativa. Para os que sobreviveram ao impacto inicial e ao calor insuportável, a palavra que lhes vinha à boca era Mizu! – água. Quando a chuva começou, eles viram os rostos par cima, buscando alívio, mas naquele ambiente radioativo, a chuva também estava envenenada. O alívio que ela trazia era apenas temporário, e o preço era a morte, poucos dias depois. [1]
Cerca de 120 mil pessoas morreram só em Hiroshima. No dia 9 do mesmo mês, a outra bomba, a “Fat Man”, foi lançada sobre Nagasaki, provocando o mesmo tipo de destruição e número de mortes aproximado. Os danos e sequelas prosseguiram durante décadas nas duas cidades em decorrência da radiação produzida pela detonação das bombas.
NOTAS
[1] SMITH, P. D. Os homens do fim do mundo – o verdadeiro Dr. Fantástico e o sonho da arma total. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 360.
Por Me. Cláudio Fernandes