PUBLICIDADE
A Batalha de Stalingrado foi uma das mais importantes – se não a mais – batalhas que aconteceram durante a Segunda Guerra Mundial. Essa batalha foi travada entre tropas alemãs (Wehrmacht) e tropas soviéticas (Exército Vermelho) pelo controle da cidade de Stalingrado entre julho de 1942 e fevereiro de 1943. Nessa batalha, mais de um milhão de pessoas morreram no embate que foi considerado chave para o desfecho da guerra.
Tópicos deste artigo
- 1 - Antecedentes históricos da Batalha de Stalingrado
- 2 - Como foi a Batalha de Stalingrado?
- 3 - Fim e consequências da Batalha de Stalingrado
Antecedentes históricos da Batalha de Stalingrado
A invasão da União Soviética foi iniciada em junho de 1941 como parte da Operação Barbarossa. Os planos da Alemanha ao invadir a União Soviética eram promover a destruição do comunismo soviético, tomar o controle dos recursos naturais que o território soviético possuía e dar continuidade ao processo de formação do Terceiro Reich a partir do extermínio dos eslavos.
Veja também: O que foi o “espaço vital” nazista?
Quando os alemães iniciaram a invasão da União Soviética, foram estipulados três exércitos, cada qual enviado a uma direção do território soviético. No segundo semestre de 1941, a Alemanha colocou em prática seu plano para realizar a tomada de Moscou, mas os soviéticos conseguiram resistir aos ataques alemães.
Em 1942, os alemães seguiam a luta pressionados para que os soviéticos fossem rapidamente neutralizados, embora existissem tecnocratas no comando nazista que sabiam que a Alemanha não possuía recursos suficientes para cumprir essa tarefa. De toda forma, no começo de 1942, Adolf Hitler estava entusiasmado, apesar das frustrações no final de 1941.
Para encaminhar a conquista da União Soviética, foi elaborada a Operação Azul, ofensiva militar que sucedeu a Operação Barbarossa. Nela, os objetivos centrais dos alemães na União Soviética foram alterados, e, temporariamente, os alemães deixaram de priorizar a conquista de Moscou para focarem no sul da União Soviética e nos campos de petróleo dos soviéticos no Cáucaso. Outro ponto que era visado na Operação Azul era a destruição das reservas do Exército Vermelho.
Os exércitos alemães, apesar de terem perdido o ímpeto inicial, continuavam avançado. Nesse avanço, os alemães conquistaram Kharkhov, Sebastopol (após um longo cerco) e chegaram a Voronezh, que fica a cerca de 500 quilômetros de Stalingrado. O passo seguinte de Hitler era simbólico: conquistar a cidade que levava o nome do líder da União Soviética. A guerra havia chegado a Stalingrado.
Como foi a Batalha de Stalingrado?
Os primeiros combates entre alemães e soviéticos nos arredores de Stalingrado iniciaram-se em julho de 1942. O historiador Max Hastings crava 23 de julho como o dia em que os primeiros combates aconteceram a cerca de 140 quilômetros da cidade|1|. O ataque dos alemães contra Stalingrado foi delegado por Hitler a Friedrich Paulus, oficial da Wehrmacht.
A aproximação dos alemães a Stalingrado levou milhares de pessoas a fugirem da cidade, cruzando o Volga na direção leste da União Soviética. O ataque alemão a Stalingrado, no entanto, possuía um grande problema: Hitler havia dividido demais as forças alemães, o que enfraqueceu e limitou a capacidade de guerra da linha de ataque da Wehrmacht.
O ataque ao sul da União Soviética era responsabilidade do Grupo de Exércitos Sul. Com o início da Operação Azul e a aproximação dos alemães do Cáucaso, Adolf Hitler ordenou a divisão das tropas em A e B. O grupo A recebeu ordens para atacar o Cáucaso e tomar os poços de petróleo daquela região. Já o grupo B recebeu ordens para atacar Stalingrado.
Os primeiros ataques a Stalingrado aconteceram por meio de bombardeios promovidos pela Luftwaffe (aviação de guerra alemã). Esses ataques deixaram parte de Stalingrado em ruínas. O ataque realizado em 23 de agosto, em particular, foi responsável pela morte de cerca de 40 mil pessoas em 14 horas de bombardeios promovidos pelos alemães|2|.
A defesa de Stalingrado foi vista como fundamental por Stalin, tanto do ponto de vista simbólico, já que a cidade levava seu nome, quanto do ponto de vista estratégico. Por isso, a cidade de Stalingrado foi colocada em estado de guerra total, e, no final de julho, foi emitida a Ordem nº 227, também conhecida como Ni shag nazad (nenhum passo atrás). Essa ordem afirmava que desertores e traidores deveriam ser, imediatamente, executados. Ao todo, 13 500 pessoas foram executadas em Stalingrado por conta dessa ordem|3|.
Todos os dias, milhares de feridos eram retirados de Stalingrado em balsas que cruzavam o Volga e retornavam repletas de munição e de novos soldados. As embarcações soviéticas tornaram-se um alvo fácil dos aviões alemães, que castigavam Stalingrado diariamente. O primeiro grande ataque por terra dos alemães contra Stalingrado aconteceu em 13 de setembro.
O comandante Paulus havia estipulado para Hitler, em 12 setembro de 1942, que a conquista de Stalingrado aconteceria em até 24 dias. Enquanto os alemães estipulavam a data da conquista, Stalin nomeou Vasily Chuikov para organizar a defesa de Stalingrado. A fala de Chuikov para Stalin era de que a cidade seria defendida até a morte|4|.
À medida que os alemães penetravam no perímetro de Stalingrado, a batalha tornava-se mais violenta. Em Stalingrado, disputava-se o controle de cada casa, esquina e quarteirão. Os relatos dos soviéticos descrevem o intenso estresse, e Stalingrado foi definido como um lugar “dez vezes pior que o inferno”|5|.
Logo, Chuikov descobriu que uma boa forma de lutar contra os alemães era aproximar as linhas soviéticas das linhas alemães, pois, assim, os ataques aéreos da Luftwaffe não aconteceriam. As ruínas da cidade transformaram-se em um grande obstáculo para o avanço dos blindados, e, para piorar a situação dos alemães, baterias anticarros foram espalhadas pela cidade.
Os reforços soviéticos chegavam a Stalingrado todos os dias, e o desespero fazia com que a travessia do rio acontecesse, muitas vezes, durante o dia. Apesar das dificuldades, os soviéticos conseguiram minar o moral das tropas alemãs. Nesse contexto, o destaque vai para os franco-atiradores, que focavam seus ataques contra oficiais e deixavam as tropas alemãs em pânico, e para as “bruxas da noite”, tropa feminina que realizava ataques aéreos noturnos contra os alemães.
Fim e consequências da Batalha de Stalingrado
A derrota dos alemães em Stalingrado foi resultado de duas ofensivas (Marte e Urano) organizadas na passagem de 1942 para 1943. Destaca-se, nessa derrota, a Operação Urano, que foi a grande responsável por expulsar as tropas de Friedrich Paulus de dentro do território soviético. O comandante alemão solicitou autorização de Hitler para recuar e, assim, impedir a morte de milhares de soldados. Hitler, no entanto, recusou o pedido de Paulus, que manteve, então, suas tropas nas proximidades de Stalingrado.
A tropa alemã liderada por Erich von Manstein também estava posicionada na região e recuou, desobedecendo à ordem de Hitler. Com a recusa, Hitler condenou uma tropa composta por 200 mil soldados.
As tropas de Paulus foram cercadas pelos soviéticos e resistiram até fevereiro de 1943. No dia 2, exaustas após meses de luta e exauridas pelo intenso frio, renderam-se aos soviéticos. Os alemães, após meses de luta e após quase conquistarem Stalingrado, foram derrotados, e os soviéticos ergueram-se vitoriosos. Nessa luta, mais de 1 milhão de pessoas morreram.
Stalingrado foi o ponto de virada da Segunda Guerra Mundial, apesar de os alemães já terem dado evidentes sinais de decadência antes disso, pois as perdas humanas e a redução da capacidade industrial alemã foram inversamente proporcionais ao crescimento das linhas do Exército Vermelho e do crescimento da capacidade industrial soviética. A derrota dos alemães na guerra nasceu em Stalingrado.
Notas
|1| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 324.
|2| Idem, p. 327.
|3| Idem, p. 329.
|4| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 404.
|5| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 328.