Quando usar hífen?

É preciso saber quando usar hífen para não cometer erros. Palavras compostas sem elemento de ligação usam hífen. O hífen também é usado após a maioria dos prefixos.

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Quando usar o hífen? De maneira geral, ele é utilizado em palavras compostas sem elemento de ligação. Esse tipo de palavra apresenta dois ou mais termos, como, por exemplo, “guarda-chuva”, formada por “guarda” e “chuva”. Exceção à regra são as palavras “mandachuva” e “paraquedas”.

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Já vocábulos como “mão de obra” não usam hífen, já que os termos “mão” e “obra” estão ligados pela preposição “de”. Você também precisa usar hífen após os prefixos “além”, “aquém”, “bem”, “ex”, “pós”, “pré”, “pró”, “recém”, “sem”, “sota”, “soto” e “vice”. Mas existem outras regras, que você vai conhecer a seguir.

Leia também: Por do sol, por-do-sol, pôr-do-sol ou pôr do sol?

Tópicos deste artigo

Resumo sobre quando usar o hífen

  • O hífen é um sinal gráfico (-) usado em palavras compostas para separar sílabas ou para ligar pronomes pessoais átonos a verbos.
  • Os pronomes pessoais átonos “me”, “te”, “se”, “o”, “a”, “lhe”, “nos”, “vos”, “lhes”, “os”, “as” são ligados com hífen a um verbo, como, por exemplo, em “falar-me”, “deixei-a” etc.
  • Devemos usar hífen em:
    • palavras compostas, sem elemento de ligação (“de” é um exemplo de elemento de ligação em termos como “pé de moleque”), tais como “sexta-feira”, “vaga-lume” etc., sendo “mandachuva” e “paraquedas” exceções à regra;
    • palavras compostas, sem elemento de ligação, formadas por termos semelhantes ou repetidos, como, por exemplo, “teco-teco” e “pingue-pongue”;
    • palavras compostas em que o segundo elemento apresenta apóstrofe (’), como, por exemplo, “caixa-d’água”;
    • adjetivos compostos que apontam origem geográfica, como, por exemplo, “estado-unidense” e “norte-rio-grandense”;
    • palavras compostas por termos que indicam etnia, como, por exemplo, “afro-brasileiro” e “anglo-germânico”;
    • palavras compostas, com ou sem elemento de ligação, que indicam seres da fauna ou da flora, como, por exemplo, “cana-de-açúcar” e “erva-doce” (flora) e “cavalo-marinho” (fauna);
    • encadeamento vocabular (sequência de palavras eventualmente relacionadas), como, por exemplo, “a relação professor-aluno”;
    • alguns prefixos, como: “além” (além-mar), “aquém” (aquém-mar), “bem” (bem-educado), “ex” (ex-diretor), “pós” (pós-guerra), “pré” (pré-histórico), “pró” (pró-democracia), “recém” (recém-nascido), “sem” (sem-vergonha), “sota” (sota-capitão), “soto” (soto-embaixador), “vice” (vice-governador);
    • termos com o prefixo “mal” seguido de vogal (a, e, i, o, u), de “h” ou de “l”, como, por exemplo, “mal-educado”, “mal-humorado” e “mal-lavado”;
    • palavras cujo prefixo termina com a mesma vogal que inicia o termo seguinte, como, por exemplo, “anti-inflamatório” e “ultra-atento”;
    • palavras cujo prefixo termina com a mesma consoante que inicia o termo seguinte, como, por exemplo, “inter-racial” e “sub-bairro”;
    • termos com prefixos “circum” e “pan” seguidos de vogal (a, e, i, o, u) ou pelas letras “h”, “m” ou “n”, como, por exemplo, “pan-africano”, “circum-hospitalar”, “pan-mítico” e “circum-navegação”;
    • vocábulos cujo prefixo terminado com vogal (a, e, i, o, u), “r” ou “b” é seguido de termo iniciado com a letra “h”, como, por exemplo, “super-herói” e “semi-herbáceo”.

Regras do uso do hífen

O hífen (-) é um sinal gráfico. Esse sinal é utilizado em substantivos ou adjetivos compostos, que são aqueles formados por mais de uma palavra. Por exemplo, “segunda-feira” (substantivo) ou “bem-humorado” (adjetivo). O hífen também é utilizado para ligar pronomes pessoais átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, lhes, os, as) a verbos, como em: “amar-nos”, “dizer-lhe” etc.

Além disso, é usado na separação de sílabas, como você pode ver em “or-to-pe-dis-ta”. Mas o que gera dúvida é o uso do hífen em substantivos e adjetivos compostos. Para isso, existem regras de uso desse sinal gráfico. Essas regras indicam quando você deve usar e quando você não deve usar o hífen. São elas que veremos a seguir.

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  • Quando usar hífen?

Nós usamos hífen em palavras compostas que não apresentam elemento de ligação. As preposições “de” e “a” são exemplos de elemento de ligação, que estão presentes em substantivos compostos como “pé de moleque” e “dia a dia”. Uma palavra composta é formada por dois ou mais termos, como você verifica em “pé de moleque”, palavra que apresenta três vocábulos.

Portanto, se a palavra composta não apresentar elemento de ligação, ela leva hífen:

  • arco-íris;
  • guarda-roupa;
  • quarta-feira etc.

Mas existem duas exceções a essa regra, que são as palavras “mandachuva” e “paraquedas”.

Outro uso do hífen é nas palavras compostas, sem elemento de ligação, em que os termos da palavra são parecidos ou mesmo repetidos. É o caso das palavras:

  • esconde-esconde;
  • tique-taque;
  • zigue-zague etc.

Você percebeu que “tique” e “taque” são vocábulos parecidos, pois essas palavras apenas se diferenciam pelo uso de “i” em vez de “a” ou vice-versa. O mesmo podemos dizer de “zigue” e “zague”.

O hífen também é usado em palavras compostas em que o segundo elemento utiliza o sinal gráfico chamado apóstrofo (’):

  • gota-d’água;
  • mãe-d’água;
  • mestre-d’armas etc.

Adjetivos gentílicos ou pátrios são palavras que apontam a origem geográfica de alguém ou de alguma coisa. Esse tipo de adjetivo, quando composto, é escrito com hífen:

  • belo-horizontino (da cidade de Belo Horizonte);
  • campo-grandense (da cidade de Campo Grande);
  • estado-unidense (do país Estados Unidos);
  • mato-grossense (do estado de Mato Grosso);
  • são-luisense (da cidade de São Luís);
  • sul-africano (do país África do Sul) etc.

Quando os dois termos da palavra composta apontam etnia, você precisa usar hífen:

  • afro-brasileiro (africano e brasileiro);
  • franco-alemão (francês e alemão);
  • ítalo-chileno (italiano e chileno);
  • sino-português (chinês e português) etc.

Quando você for se referir a palavras compostas que indicam seres da fauna ou da flora, você precisa usar hífen. Nesse caso, tanto faz se a palavra tem ou não tem elemento de ligação:

  • bem-te-vi (fauna);
  • comigo-ninguém-pode (flora);
  • joão-de-barro (fauna);
  • erva-doce (flora) etc.

O encadeamento vocabular é uma sequência de palavras que tem alguma associação entre si. Mas a relação entre esses vocábulos não é constante, é algo ocasional, momentâneo.

Veja estes exemplos:

O percurso França-Espanha foi marcado por tragédias.

O processo ensino-aprendizagem é muito estudado.

Se, ao escrever, fazemos esse tipo de encadeamento, precisamos usar o hífen.

O prefixo é o elemento que vem antes do radical, ou seja, antes da parte principal de uma palavra. Depois dos prefixos abaixo, o hífen é obrigatório:

  • “além”: além-mar, além-fronteiras, além-Pirenéus etc.
  • “aquém”: aquém-mar, aquém-fronteiras, aquém-Atlântico etc.
  • “bem”: bem-acabado, bem-casado, bem-educado etc.
  • “ex”: ex-diretor, ex-prefeito, ex-namorado etc.
  • “pós”: pós-doutorado, pós-operatório, pós-guerra etc.
  • “pré”: pré-histórico, pré-adolescente, pré-natal etc.
  • “pró”: pró-democracia, pró-ativo (no sentido de “ser a favor da atividade”), pró-vida etc.
  • “recém”: recém-admitido, recém-emancipado, recém-falecido etc.
  • “sem”: sem-vergonha, sem-cerimônia, sem-fim etc.
  • “sota”: sota-capitão, sota-almirante, sota-mestre etc.
  • “soto”: soto-capitão, soto-bosque, soto-embaixador etc.
  • “vice”: vice-presidente, vice-diretor, vice-prefeito etc.

Já após o prefixo “mal”, o hífen aparece somente antes de vogal (a, e, i, o, u), “h” ou “l”:

  • mal-acabado;
  • mal-empregado;
  • mal-habituado;
  • mal-humorado;
  • mal-lavado.

Além disso, usamos hífen após todos os prefixos que terminam com a mesma vogal que começa o segundo elemento da palavra composta. Por exemplo, o prefixo “micro” termina com “o” e o vocábulo “ondas” começa com “o”. Então a palavra “micro-ondas” tem hífen.

Outros exemplos:

  • anti-inflamatório;
  • arqui-inimigo;
  • contra-ataque;
  • tele-ecografia etc.

O hífen também é utilizado após prefixos que acabam com a mesma consoante que começa o segundo elemento da palavra composta:

  • hiper-realismo;
  • inter-racial;
  • sub-bacia;
  • super-rápido etc.

O hífen é usado após os prefixos “circum” e “pan” caso tais prefixos sejam seguidos de vocábulos iniciados por vogal (a, e, i, o, u) ou pelas letras “h”, “m” ou “n”:

  • pan-americano;
  • pan-helênico;
  • circum-murado;
  • circum-navegação etc.

Por fim, depois de prefixo acabado com vogal (a, e, i, o, u), “r” ou “b”, o hífen é obrigatório se o elemento seguinte começa com a letra “h”:

  • contra-habitual;
  • semi-histórico;
  • sub-hepático;
  • super-homem etc.
  • Quando não usar hífen? 

Se o prefixo “mal” não for seguido de vogal, “h” ou “l”, você não precisa usar hífen:

  • malbaratado;
  • malcozido;
  • malfadado;
  • malnascido;
  • malregido etc.

Quando somente um dos termos da palavra composta indicar etnia, o hífen não é utilizado:

  • afrodescendente (“descendente” não é etnia);
  • eurocêntrico (“cêntrico” não é etnia);
  • lusofalante (“falante” não é etnia);
  • nipofilia (“filia” não é etnia) etc.

Você se lembra de que falei que palavras compostas sem elemento de ligação levam hífen? Então é fácil concluir que palavras compostas com elemento de ligação não levam hífen:

  • dona de casa;
  • fim de semana;
  • lua de mel etc.

Porém, essa regra também tem exceções:

  • água-de-colônia;
  • arco-da-velha;
  • cor-de-rosa;
  • mais-que-perfeito (tempo verbal);
  • pé-de-meia (economias).

Além disso, não usamos hífen após os prefixos que terminam com vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento da palavra composta. Por exemplo, o prefixo “auto” termina com “o” e o vocábulo “escola” começa com “e”. Então a palavra “autoescola” não tem hífen.

Outros exemplos:

  • autoajuda;
  • extraordinário;
  • infraestrutura;
  • pseudoautor etc.

Nunca use hífen após estes prefixos:

  • “co”: coautoria, coordenado, coerdeiro etc.;
  • “pro”: proativo (no sentido de “empreender” ou “antecipatório”), prodiagnóstico, proeminente etc.;
  • “pre”: preestabelecer, predominante, preeminente etc.;
  • “re”: reeditar, reabastecimento, reembolso etc.

Por fim, se o prefixo acaba com vogal (a, e, i, o, u) e é seguido de palavra iniciada com a letra “r” ou a letra “s”, você precisa dobrar o “r” ou o “s”:

  • antirracista;
  • antissocial;
  • microrregião;
  • minissaia;
  • ultrassom etc.

Lista de palavras com hífen

  • Além-túmulo.
  • Anglo-espanhol.
  • Anti-herói.
  • Bem-nascido.
  • Bicho-preguiça.
  • Blá-blá-blá.
  • Boa-vistense.
  • Caixa-d’água.
  • Contra-abertura.
  • Cor-de-rosa.
  • Couve-flor.
  • Ex-esposa.
  • Guarda-chuva.
  • Inter-regional.
  • Mal-educado.
  • Malsucedido.
  • Mato-grossense-do-sul.
  • Pan-africanismo.
  • Para-choque.
  • Pingue-pongue.
  • Pós-moderno.
  • Pré-aprovado.
  • Pró-europeu.
  • Recém-chegado.
  • Reco-reco.
  • Segunda-feira.
  • Sem-teto.
  • Sota-vento.
  • Sub-humano.
  • Tico-tico.

Leia também: Tem hífen em expressões formadas com a palavra não?

Exercícios sobre uso do hífen

Questão 1

Assinale a alternativa em que TODAS as palavras seguem, corretamente, a mesma regra de uso do hífen.

A) Copo-de-leite, pimenta-do-reino, couve-flor.

B) sul-rio-grandense, porto-alegrense, luso-fonia.

C) Louva-a-deus, joão-de-barro, cor-de-rosa.

D) corre-corre, pega-pega, água-viva.

E) recém-formado, pré-aquecer, pós-morte.

Resolução:

Alternativa A.

Na alternativa A, todos os elementos fazem parte da flora. Na B, “lusofonia” não tem hífen, já que apenas um dos elementos indica etnia. Na C, “cor-de-rosa” não se refere a um componente da fauna como “louva-a-deus” e “joão-de-barro”. Na D, “água-viva” não é palavra composta por termos que se repetem, como “corre-corre” e “pega-pega”. Finalmente, em E, a forma correta é “preaquecer”, pois o prefixo é “pre” e não “pré”.

Questão 2

Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:

(  ) Deve-se usar o hífen em “anti-idade”, “auto-observação” e “neo-otomanismo”.

(  ) Não se deve usar o hífen em “superabundante”, “hipermercado” e “ultravioleta”.

(  ) Deve-se usar o hífen em “cão-de-guarda”, “pão-de-ló” e “pé-de-moleque”.

A sequência correta é:

A) V, V, F.

B) F, V, V.

C) V, F, F.

D) V, F, V.

E) F, V, F.

Resolução:

Alternativa A.

Se o prefixo termina com a mesma vogal que inicia o termo seguinte, usamos o hífen: “anti-idade”, “auto-observação” e “neo-otomanismo”. Assim, o correto é “ultravioleta”. Se o prefixo termina com “r”, só usamos hífen se o termo seguinte começa com “r”. Portanto, não têm hífen as palavras “superabundante” e “hipermercado”. Palavras compostas com elemento de ligação não usam hífen: “cão de guarda”, “pão de ló” e “pé de moleque”.

Fonte

BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 40. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.

Esquema ilustra quando usar e não usar o hífen.
Saber quando usar hífen é essencial para uma boa escrita.
Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Deseja fazer uma citação?
SOUZA, Warley. "Quando usar hífen?"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/acordo-ortografico/hifen-o-que-mudou.htm. Acesso em 07 de dezembro de 2025.
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