Quando usar o hífen? De maneira geral, ele é utilizado em palavras compostas sem elemento de ligação. Esse tipo de palavra apresenta dois ou mais termos, como, por exemplo, “guarda-chuva”, formada por “guarda” e “chuva”. Exceção à regra são as palavras “mandachuva” e “paraquedas”.
Já vocábulos como “mão de obra” não usam hífen, já que os termos “mão” e “obra” estão ligados pela preposição “de”. Você também precisa usar hífen após os prefixos “além”, “aquém”, “bem”, “ex”, “pós”, “pré”, “pró”, “recém”, “sem”, “sota”, “soto” e “vice”. Mas existem outras regras, que você vai conhecer a seguir.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre quando usar o hífen
- 2 - Regras do uso do hífen
- 3 - Lista de palavras com hífen
- 4 - Exercícios sobre uso do hífen
Resumo sobre quando usar o hífen
- O hífen é um sinal gráfico (-) usado em palavras compostas para separar sílabas ou para ligar pronomes pessoais átonos a verbos.
- Os pronomes pessoais átonos “me”, “te”, “se”, “o”, “a”, “lhe”, “nos”, “vos”, “lhes”, “os”, “as” são ligados com hífen a um verbo, como, por exemplo, em “falar-me”, “deixei-a” etc.
- Devemos usar hífen em:
- palavras compostas, sem elemento de ligação (“de” é um exemplo de elemento de ligação em termos como “pé de moleque”), tais como “sexta-feira”, “vaga-lume” etc., sendo “mandachuva” e “paraquedas” exceções à regra;
- palavras compostas, sem elemento de ligação, formadas por termos semelhantes ou repetidos, como, por exemplo, “teco-teco” e “pingue-pongue”;
- palavras compostas em que o segundo elemento apresenta apóstrofe (’), como, por exemplo, “caixa-d’água”;
- adjetivos compostos que apontam origem geográfica, como, por exemplo, “estado-unidense” e “norte-rio-grandense”;
- palavras compostas por termos que indicam etnia, como, por exemplo, “afro-brasileiro” e “anglo-germânico”;
- palavras compostas, com ou sem elemento de ligação, que indicam seres da fauna ou da flora, como, por exemplo, “cana-de-açúcar” e “erva-doce” (flora) e “cavalo-marinho” (fauna);
- encadeamento vocabular (sequência de palavras eventualmente relacionadas), como, por exemplo, “a relação professor-aluno”;
- alguns prefixos, como: “além” (além-mar), “aquém” (aquém-mar), “bem” (bem-educado), “ex” (ex-diretor), “pós” (pós-guerra), “pré” (pré-histórico), “pró” (pró-democracia), “recém” (recém-nascido), “sem” (sem-vergonha), “sota” (sota-capitão), “soto” (soto-embaixador), “vice” (vice-governador);
- termos com o prefixo “mal” seguido de vogal (a, e, i, o, u), de “h” ou de “l”, como, por exemplo, “mal-educado”, “mal-humorado” e “mal-lavado”;
- palavras cujo prefixo termina com a mesma vogal que inicia o termo seguinte, como, por exemplo, “anti-inflamatório” e “ultra-atento”;
- palavras cujo prefixo termina com a mesma consoante que inicia o termo seguinte, como, por exemplo, “inter-racial” e “sub-bairro”;
- termos com prefixos “circum” e “pan” seguidos de vogal (a, e, i, o, u) ou pelas letras “h”, “m” ou “n”, como, por exemplo, “pan-africano”, “circum-hospitalar”, “pan-mítico” e “circum-navegação”;
- vocábulos cujo prefixo terminado com vogal (a, e, i, o, u), “r” ou “b” é seguido de termo iniciado com a letra “h”, como, por exemplo, “super-herói” e “semi-herbáceo”.
Regras do uso do hífen
O hífen (-) é um sinal gráfico. Esse sinal é utilizado em substantivos ou adjetivos compostos, que são aqueles formados por mais de uma palavra. Por exemplo, “segunda-feira” (substantivo) ou “bem-humorado” (adjetivo). O hífen também é utilizado para ligar pronomes pessoais átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, lhes, os, as) a verbos, como em: “amar-nos”, “dizer-lhe” etc.
Além disso, é usado na separação de sílabas, como você pode ver em “or-to-pe-dis-ta”. Mas o que gera dúvida é o uso do hífen em substantivos e adjetivos compostos. Para isso, existem regras de uso desse sinal gráfico. Essas regras indicam quando você deve usar e quando você não deve usar o hífen. São elas que veremos a seguir.
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Quando usar hífen?
Nós usamos hífen em palavras compostas que não apresentam elemento de ligação. As preposições “de” e “a” são exemplos de elemento de ligação, que estão presentes em substantivos compostos como “pé de moleque” e “dia a dia”. Uma palavra composta é formada por dois ou mais termos, como você verifica em “pé de moleque”, palavra que apresenta três vocábulos.
Portanto, se a palavra composta não apresentar elemento de ligação, ela leva hífen:
- arco-íris;
- guarda-roupa;
- quarta-feira etc.
Mas existem duas exceções a essa regra, que são as palavras “mandachuva” e “paraquedas”.
Outro uso do hífen é nas palavras compostas, sem elemento de ligação, em que os termos da palavra são parecidos ou mesmo repetidos. É o caso das palavras:
- esconde-esconde;
- tique-taque;
- zigue-zague etc.
Você percebeu que “tique” e “taque” são vocábulos parecidos, pois essas palavras apenas se diferenciam pelo uso de “i” em vez de “a” ou vice-versa. O mesmo podemos dizer de “zigue” e “zague”.
O hífen também é usado em palavras compostas em que o segundo elemento utiliza o sinal gráfico chamado apóstrofo (’):
- gota-d’água;
- mãe-d’água;
- mestre-d’armas etc.
Adjetivos gentílicos ou pátrios são palavras que apontam a origem geográfica de alguém ou de alguma coisa. Esse tipo de adjetivo, quando composto, é escrito com hífen:
- belo-horizontino (da cidade de Belo Horizonte);
- campo-grandense (da cidade de Campo Grande);
- estado-unidense (do país Estados Unidos);
- mato-grossense (do estado de Mato Grosso);
- são-luisense (da cidade de São Luís);
- sul-africano (do país África do Sul) etc.
Quando os dois termos da palavra composta apontam etnia, você precisa usar hífen:
- afro-brasileiro (africano e brasileiro);
- franco-alemão (francês e alemão);
- ítalo-chileno (italiano e chileno);
- sino-português (chinês e português) etc.
Quando você for se referir a palavras compostas que indicam seres da fauna ou da flora, você precisa usar hífen. Nesse caso, tanto faz se a palavra tem ou não tem elemento de ligação:
- bem-te-vi (fauna);
- comigo-ninguém-pode (flora);
- joão-de-barro (fauna);
- erva-doce (flora) etc.
O encadeamento vocabular é uma sequência de palavras que tem alguma associação entre si. Mas a relação entre esses vocábulos não é constante, é algo ocasional, momentâneo.
Veja estes exemplos:
O percurso França-Espanha foi marcado por tragédias.
O processo ensino-aprendizagem é muito estudado.
Se, ao escrever, fazemos esse tipo de encadeamento, precisamos usar o hífen.
O prefixo é o elemento que vem antes do radical, ou seja, antes da parte principal de uma palavra. Depois dos prefixos abaixo, o hífen é obrigatório:
- “além”: além-mar, além-fronteiras, além-Pirenéus etc.
- “aquém”: aquém-mar, aquém-fronteiras, aquém-Atlântico etc.
- “bem”: bem-acabado, bem-casado, bem-educado etc.
- “ex”: ex-diretor, ex-prefeito, ex-namorado etc.
- “pós”: pós-doutorado, pós-operatório, pós-guerra etc.
- “pré”: pré-histórico, pré-adolescente, pré-natal etc.
- “pró”: pró-democracia, pró-ativo (no sentido de “ser a favor da atividade”), pró-vida etc.
- “recém”: recém-admitido, recém-emancipado, recém-falecido etc.
- “sem”: sem-vergonha, sem-cerimônia, sem-fim etc.
- “sota”: sota-capitão, sota-almirante, sota-mestre etc.
- “soto”: soto-capitão, soto-bosque, soto-embaixador etc.
- “vice”: vice-presidente, vice-diretor, vice-prefeito etc.
Já após o prefixo “mal”, o hífen aparece somente antes de vogal (a, e, i, o, u), “h” ou “l”:
- mal-acabado;
- mal-empregado;
- mal-habituado;
- mal-humorado;
- mal-lavado.
Além disso, usamos hífen após todos os prefixos que terminam com a mesma vogal que começa o segundo elemento da palavra composta. Por exemplo, o prefixo “micro” termina com “o” e o vocábulo “ondas” começa com “o”. Então a palavra “micro-ondas” tem hífen.
Outros exemplos:
- anti-inflamatório;
- arqui-inimigo;
- contra-ataque;
- tele-ecografia etc.
O hífen também é utilizado após prefixos que acabam com a mesma consoante que começa o segundo elemento da palavra composta:
- hiper-realismo;
- inter-racial;
- sub-bacia;
- super-rápido etc.
O hífen é usado após os prefixos “circum” e “pan” caso tais prefixos sejam seguidos de vocábulos iniciados por vogal (a, e, i, o, u) ou pelas letras “h”, “m” ou “n”:
- pan-americano;
- pan-helênico;
- circum-murado;
- circum-navegação etc.
Por fim, depois de prefixo acabado com vogal (a, e, i, o, u), “r” ou “b”, o hífen é obrigatório se o elemento seguinte começa com a letra “h”:
- contra-habitual;
- semi-histórico;
- sub-hepático;
- super-homem etc.
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Quando não usar hífen?
Se o prefixo “mal” não for seguido de vogal, “h” ou “l”, você não precisa usar hífen:
- malbaratado;
- malcozido;
- malfadado;
- malnascido;
- malregido etc.
Quando somente um dos termos da palavra composta indicar etnia, o hífen não é utilizado:
- afrodescendente (“descendente” não é etnia);
- eurocêntrico (“cêntrico” não é etnia);
- lusofalante (“falante” não é etnia);
- nipofilia (“filia” não é etnia) etc.
Você se lembra de que falei que palavras compostas sem elemento de ligação levam hífen? Então é fácil concluir que palavras compostas com elemento de ligação não levam hífen:
- dona de casa;
- fim de semana;
- lua de mel etc.
Porém, essa regra também tem exceções:
- água-de-colônia;
- arco-da-velha;
- cor-de-rosa;
- mais-que-perfeito (tempo verbal);
- pé-de-meia (economias).
Além disso, não usamos hífen após os prefixos que terminam com vogal diferente daquela que inicia o segundo elemento da palavra composta. Por exemplo, o prefixo “auto” termina com “o” e o vocábulo “escola” começa com “e”. Então a palavra “autoescola” não tem hífen.
Outros exemplos:
- autoajuda;
- extraordinário;
- infraestrutura;
- pseudoautor etc.
Nunca use hífen após estes prefixos:
- “co”: coautoria, coordenado, coerdeiro etc.;
- “pro”: proativo (no sentido de “empreender” ou “antecipatório”), prodiagnóstico, proeminente etc.;
- “pre”: preestabelecer, predominante, preeminente etc.;
- “re”: reeditar, reabastecimento, reembolso etc.
Por fim, se o prefixo acaba com vogal (a, e, i, o, u) e é seguido de palavra iniciada com a letra “r” ou a letra “s”, você precisa dobrar o “r” ou o “s”:
- antirracista;
- antissocial;
- microrregião;
- minissaia;
- ultrassom etc.
Lista de palavras com hífen
- Além-túmulo.
- Anglo-espanhol.
- Anti-herói.
- Bem-nascido.
- Bicho-preguiça.
- Blá-blá-blá.
- Boa-vistense.
- Caixa-d’água.
- Contra-abertura.
- Cor-de-rosa.
- Couve-flor.
- Ex-esposa.
- Guarda-chuva.
- Inter-regional.
- Mal-educado.
- Malsucedido.
- Mato-grossense-do-sul.
- Pan-africanismo.
- Para-choque.
- Pingue-pongue.
- Pós-moderno.
- Pré-aprovado.
- Pró-europeu.
- Recém-chegado.
- Reco-reco.
- Segunda-feira.
- Sem-teto.
- Sota-vento.
- Sub-humano.
- Tico-tico.
Leia também: Tem hífen em expressões formadas com a palavra não?
Exercícios sobre uso do hífen
Questão 1
Assinale a alternativa em que TODAS as palavras seguem, corretamente, a mesma regra de uso do hífen.
A) Copo-de-leite, pimenta-do-reino, couve-flor.
B) sul-rio-grandense, porto-alegrense, luso-fonia.
C) Louva-a-deus, joão-de-barro, cor-de-rosa.
D) corre-corre, pega-pega, água-viva.
E) recém-formado, pré-aquecer, pós-morte.
Resolução:
Alternativa A.
Na alternativa A, todos os elementos fazem parte da flora. Na B, “lusofonia” não tem hífen, já que apenas um dos elementos indica etnia. Na C, “cor-de-rosa” não se refere a um componente da fauna como “louva-a-deus” e “joão-de-barro”. Na D, “água-viva” não é palavra composta por termos que se repetem, como “corre-corre” e “pega-pega”. Finalmente, em E, a forma correta é “preaquecer”, pois o prefixo é “pre” e não “pré”.
Questão 2
Marque V (verdadeiro) ou F (falso) para as seguintes afirmações:
( ) Deve-se usar o hífen em “anti-idade”, “auto-observação” e “neo-otomanismo”.
( ) Não se deve usar o hífen em “superabundante”, “hipermercado” e “ultravioleta”.
( ) Deve-se usar o hífen em “cão-de-guarda”, “pão-de-ló” e “pé-de-moleque”.
A sequência correta é:
A) V, V, F.
B) F, V, V.
C) V, F, F.
D) V, F, V.
E) F, V, F.
Resolução:
Alternativa A.
Se o prefixo termina com a mesma vogal que inicia o termo seguinte, usamos o hífen: “anti-idade”, “auto-observação” e “neo-otomanismo”. Assim, o correto é “ultravioleta”. Se o prefixo termina com “r”, só usamos hífen se o termo seguinte começa com “r”. Portanto, não têm hífen as palavras “superabundante” e “hipermercado”. Palavras compostas com elemento de ligação não usam hífen: “cão de guarda”, “pão de ló” e “pé de moleque”.
Fonte
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 40. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.