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O filósofo grego Parmênides de Eleia foi o principal pensador da Escola Eleata. Suas teorias sucederam às ideias de Xenófanes e visavam a apresentar o imobilismo e a unidade como essência do surgimento do Universo. Parmênides fundou uma teoria que serviu de base para a filosofia platônica, e o seu embate com o pensamento de Heráclito forneceu bases para a filosofia desenvolvida pelos pensadores pluralistas.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Escola Eleata
- 2 - Pensamentos
- 3 - Obra
- 4 - Contraposição a Heráclito
- 5 - Inspiração a Platão
- 6 - Frases
Escola Eleata
As ideias de Xenófanes deram origem ao pensamento da Escola Eleata. O pensador defendia que o princípio de tudo estaria na unidade lógica promovida pela existência de um ser único e soberano, Deus. Essa concepção contrapunha-se à religião grega tradicional, essencialmente politeísta.
Parmênides nasceu por volta de 515 a.C., na cidade de Eleia, região da Magna Grécia (atualmente sul da Itália). Ele continuou a filosofia de Xenófanes, aprofundando a teoria sobre uma unidade que sustentaria toda a criação. O terceiro filósofo da Escola Eleata foi Zenão de Eleia, que formulou uma série de paradoxos sobre o movimento para reafirmar a teoria de Parmênides, mostrando que o movimento era apenas uma aparência que engana os nossos sentidos.
Pensamentos
A teoria cosmológica de Parmênides difere-se muito das teorias apresentadas até então, aproximando-se apenas do princípio proposto por Xenófanes. Parmênides não formulou uma teoria cosmológica baseada em um princípio (arché) material e definido. Para o filósofo, havia uma espécie de organização racional no universo que era infinita, uma, indivisível, imutável e imóvel.
A teoria parmenidiana estava centrada no que ele chamou de “ser”. O ser das coisas era o princípio fundamental, baseado em uma espécie de ideia infinita e universal. Dessa maneira, tudo o que existia possuía o “ser” dentro de si. O que existe, ou seja, que possui o ser, pode ser enunciado e pensado. O que não existe não poderia, na visão do filósofo, ser pensado e nem enunciado. O problema legado à posteridade foi o problema do erro.
Para que o erro e a mentira existam, é necessária a existência do “não ser”. Como o “não ser” não é e não existe, como seria possível a existência do erro e da mentira? A resposta de Parmênides foi que o não ser, que permitia o erro e a mentira, era apenas uma ilusão causada pela opinião e pelos sentidos.
Para Parmênides, era dotado de existência somente aquilo que existe infinitamente e de maneira imóvel, ou seja, somente por meio das essências. A essência é o que aponta o ser existente em algo ou alguém. Essa essência é fixa, eterna e imutável, e as mudanças que percebemos nas coisas são, na realidade, fruto de nossos sentidos enganosos.
“O ser é e o não ser não é”, frase proferida por Parmênides, indica que o ser (o que existe) é, pois é idêntico a si mesmo e indica a si mesmo. O não ser não é, pois não existe, não possui identidade. As identidades são as definições de uma lógica rudimentar já utilizada por Parmênides, mas ainda muito próximas a uma metafísica.
A teoria do imobilismo universal, já iniciada por Xenófanes e aperfeiçoada por Parmênides, foi em grande medida utilizada pelo cristianismo para justificar a ideia de um Deus único, eterno e imutável.
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Obra
Hoje existe apenas fragmentos do poema de Parmênides intitulado Sobre a Natureza. Esse poema condensa toda a sua teoria cosmológica e esclarece o que ele entende por verdade. O poema é composto de três partes, sendo elas um proêmio, a primeira parte e a segunda parte.
O proêmio apresenta o encontro do eu lírico com uma deusa. Tal encontro não pretende afirmar qualquer tipo de mística, mas somente apresentar um recurso estilístico, pois é a deusa a guia que leva o eu lírico à descoberta da verdade e desmascaramento da opinião.
A segunda parte do poema apresenta a via ou o caminho da verdade e da razão. Fugindo do erro, da ilusão e da mentira, o eu lírico apresenta que há uma via em que o conhecimento é verdadeiramente seguro, pois está centrada no monismo e no imobilismo.
A terceira parte do poema apresenta a via da opinião (doxa, em grego) que é o caminho do engano e das incertezas. É a via que apresenta os enganos e as ilusões dos sentidos, da opinião e da mentira, que não estão assentados na certeza da essência do ser.
Contraposição a Heráclito
A grande motivação inicial da filosofia de Parmênides foi a contraposição às teses heraclitianas sobre o movimento e a mudança contínua de todas as coisas. Heráclito defendia que há um movimento contínuo (fluxo perpétuo) que permeia tudo o que existe, fazendo com que tudo mude a cada segundo. O princípio originário (arché) de todo o universo era o fogo, pois ele era o elemento que permitia a constante mudança e agitação.
Parmênides, como vimos mais acima, defendeu teses completamente opostas, fixando as suas teorias no imobilismo e defendendo que a mudança era fruto das aparências. Os filósofos pré-socráticos que surgiram após Heráclito e Parmênides, classificados como pluralistas, tinham o propósito de resolver o problema deixado por esses dois pensadores. As vias pelas quais recorreram foram as de explicar a mudança e a essência das coisas por meio de mais de um elemento, que justificasse as diferenças, as mudanças, mas também a origem essencial de cada coisa.
Inspiração a Platão
A grande inspiração da filosofia platônica foi a teoria de Parmênides sobre o ser e o conceito das coisas. Ao defender que há uma essência infinita, eterna e imutável para tudo e que essa essência era, justamente, o ser, Parmênides ofereceu a Platão a ferramenta para a fundamentação do idealismo.
Para Platão, o “ser” de Parmênides representava as ideias, eternas e imutáveis. A mudança era o fruto das aparências e dos enganos dos sentidos, que viam apenas as superfícies, que eram imperfeitas como toda a matéria.
Frases
“Não importa por onde eu comecei, pois para lá eu voltarei sempre.”
“A linguagem é a etiqueta das coisas ilusórias.”
“Pois pensar e ser é o mesmo.”
“O ser é e não pode não ser e o não ser não é e não pode ser de modo algum.”
Por Francisco Porfírio
Professor de Filosofia