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Congada

A congada é um evento cultural e religioso afro-brasileiro que faz parte do folclore brasileiro. Surgiu no continente africano e sofreu influências católicas no Brasil.

Grupo de pessoas com roupas e instrumentos coloridos em um festejo de congada.
A congada é um festejo afro-brasileiro que mistura aspectos religiosos africanos e católicos. [1]
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A congada é uma expressão cultural e religiosa afro-brasileira que mistura dança, canto, teatro e espiritualidade de matrizes africana e cristã, especificamente católica. Também chamada de congado ou congo, trata-se de uma festividade que celebra Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia, em memória à proteção que essas santidades deram aos negros escravizados. Há algumas congadas em que também são lembradas a figura de Chico Rei e a luta entre cristãos e mouros.

Esse festejo acontece em várias regiões do Brasil, e não há um dia fixo para ele, mas os meses de maio e outubro, consagrados à Nossa Senhora, costumam ter a celebração da festa com maior frequência. Em algumas partes do Brasil, a congada acontece no mês de dezembro.

Leia também: Folia de Reis — uma tradicional festa católica presente na cultura brasileira

Tópicos deste artigo

Origem da congada

Considerada uma mistura das festas dos negros (principalmente angolanos e congolenses) com a religiosidade católica, a congada teve sua origem na África, quando os súditos faziam o cortejo ao rei Congo, como forma de agradecimento.

Com a chegada dos portugueses para colonizar a região, houve uma ressignificação de divindades africanas devido à influência do catolicismo, como São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora do Rosário, que são santos negros.

Essa ressignificação foi trazida para o Brasil Colônia e acabou se difundido, tornando-se uma manifestação cultural afro-brasileira. Por exemplo, duas figuras muito celebradas na festa da congada brasileira é Chico Rei — um monarca da tribo do Congo que foi escravizado no Brasil e trabalhou até reunir dinheiro suficiente para conseguir sua alforria, a de seu filho e a dos 200 outros escravizados que faziam parte de sua tribo e que foram capturados junto a eles — e a princesa Isabel, em razão de seu papel na libertação dos negros da escravidão.

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Características da congada

A congada conta a história da visita do embaixador de Angola ao rei do Congo num dia de festa. Essa visita é quase finalizada com uma guerra, e, embora ela não tenha ocorrido, houve uma luta entre os angolanos, que eram mouros, e os súditos do rei do Congo, que eram cristãos, sendo vencida pelos cristãos.

A dança da congada representa a coroação do rei do Congo, o motivo da festa. O cortejo da congada é chamado de terno ou guarda, de modo que, para cada terno, há um líder.

Nas coreografias, também são representadas as lutas entre os mouros e cristãos. Cada grupo fica enfileirado de frente ao outro, e os participantes coreografam um combate entre si, com varas. Os “golpes” sinalizam o compasso da música.

Nas festas, um casal é levado à igreja para ser coroado como os reis da festa, o intuito é manter a tradição do casal de escravizados que foi levado à igreja para ser coroado. Devido à presença de elementos católicos na festa, o som de batuques na igreja é aceito.

A congada tem de 50 a 200 participantes. Esses participantes são divididos em 50 personagens, sendo distribuídos da seguinte forma:

  • Congada de cima: formada pelo embaixador, o secretário, o cortejo e os guerreiros.

  • Congada de baixo: formada pelo rei, a rainha, os príncipes, o cacique, os fidalgos ou vassalos e as crianças, chamadas de “conguinhos”.

Cada região que realiza a congada acrescenta a ela suas características e tradições, não sendo nada necessariamente padronizado.

Veja também: As religiões afro-brasileiras e o sincretismo

Instrumentos da congada

Homem tocando tambor em um cortejo de congada.
O tambor é um dos principais instrumentos utilizados na congada. [2]

Os instrumentos musicais utilizados são:

  • cuíca;

  • caixa;

  • pandeiro;

  • reco-reco;

  • cavaquinho;

  • viola;

  • violão;

  • tarol;

  • tambor;

  • tamborim;

  • ganzá;

  • sanfona;

  • rabeca;

  • violino;

  • acordeão.

Os instrumentos acompanham o canto, em português, que pode ter palavras do idioma banto. O canto é puxado por uma pessoa e a multidão acompanha o refrão. Nas letras da congada aparecem o sofrimento da escravidão e todos os lamentos do período; a invocação dos santos e das forças do alto; e os cantos de esperança e de redenção, na espera de uma vida melhor.

Figurinos da congada

As roupas são muito importantes na congada, pois elas representam a hierarquia e os personagens da festa. Constituem tal vestimenta: camisas, capas, chapéus, espadas e lenços. Eles devem ser confeccionados em tecidos confortáveis e que permitam os movimentos da dança.

Pessoas com roupas, fitas e bandeiras coloridas em cortejo da congada, em Aparecida, no estado de São Paulo.
As fitas e as bandeiras coloridas, que trazem a imagem dos santos homenageados, são características da congada. [3]

Há também fitas e bandeiras coloridas que trazem a imagem dos santos e que identificam os diferentes grupos do cortejo. Já as joias e a coroa do rei costumam ser enormes, mostrando a riqueza da nobreza africana.

Aparição de Nossa Senhora do Rosário no mar

A aparição de Nossa Senhora do Rosário no mar é uma lenda que faz parte da manifestação da congada. Nessa lenda, uma imagem de Nossa Senhora do Rosário aparece no mar e vários grupos de pessoas brancas tentam resgatá-la, mas a imagem é inalcançável a eles. O último grupo a tentar é o de escravizados, que a buscam cantando e dançando, e conseguem trazê-la para a costa.

Créditos de imagem

[1] Erica Catarina Pontes / Shutterstock

[2] Erica Catarina Pontes / Shutterstock

[3] Erica Catarina Pontes / Shutterstock

 

Por Érica Caetano
Jornalista 

Escritor do artigo
Escrito por: Érica Caetano Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAETANO, Érica. "Congada"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/cultura/congada.htm. Acesso em 16 de novembro de 2024.

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