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Evolução

Em Biologia, evolução é um processo no qual as espécies sofrem modificações ao longo do tempo. Várias teorias tentam explicar como essas modificações ocorrem.

Esquema ilustrativo da evolução do homem por meio de uma visão de progressão.
Selo top 5 Enem
Lamarck propôs que a evolução seria uma escalada rumo à complexidade. Hoje, no entanto, sabemos que essa visão é incorreta.
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Evolução é o termo utilizado para se referir às mudanças que os organismos sofrem ao longo do tempo, mudanças essas que explicam a grande variedade de organismos existentes em nosso planeta. Várias teorias foram propostas com o passar dos anos para explicar como essas mudanças ocorriam. Entre essas teorias se destacam a de Lamarck, de Darwin e o Neodarwinismo.

 Lamarck, em sua teoria, se apoiou em duas ideias: uso e desuso e transmissão dos caracteres adquiridos. Darwin, por sua vez, baseou sua teoria nas ideias de ancestralidade comum, variabilidade e seleção natural.

Atualmente, a teoria evolutiva mais aceita é o Neodarwinismo, uma teoria que se apoia nas ideias de Darwin e é complementada por conhecimentos científicos atuais, como a existência de fatores evolutivos como mutação, recombinação genética e deriva genética.

Leia também: Homo Sapiens — a única espécie animal humana existente no planeta atualmente

Tópicos deste artigo

Resumo sobre evolução

  • Evolução é um conceito usado para se referir às mudanças que os organismos sofrem ao longo do tempo.

  • No passado, acreditava-se que as espécies eram imutáveis.

  • Várias teorias surgiram para explicar como as espécies mudam ao longo do templo.

  • A teoria de Lamarck destaca-se pelas ideias de uso e desuso de estruturas e a transmissão dos caracteres adquiridos.

  • Darwin propôs a ideia de ancestralidade comum e seleção natural, em que afirma que o ambiente seleciona o organismo mais apto.

  • O Neodarwinismo foi criado com base no Darwinismo e acrescido de novos conhecimentos científicos.

O que é evolução?

Quatro crânios de diferentes espécies de seres humanos em referência à evolução humana.
As espécies existentes no planeta atualmente são resultado de milhares de anos de evolução.

Evolução é um termo utilizado para se referir às mudanças que os organismos sofrem ao longo do tempo. Quando falamos de evolução, não nos referimos a um indivíduo somente. A evolução é observada nas populações, através das diferenças que vão surgindo de uma geração para outra.

Na Antiguidade, a ideia de evolução não existia, e as pessoas se apoiavam na concepção da imutabilidade das espécies (fixismo). Segundo o fixismo, as espécies hoje encontradas no planeta já existiam no passado, não havendo mudanças ao longo do tempo. Até meados do século XIX, o fixismo foi a ideia dominante. Atualmente, no entanto, a teoria de que as espécies evoluem já é bem reconhecida.

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Evidências da evolução

Algumas evidências sustentam a ideia de que as espécies sofreram mudança ao longo do tempo, tais como:

Fósseis: os fósseis são restos ou vestígios de organismos que viveram no passado e foram, de alguma forma, preservados. Ossos, carapaças, conchas, dentes, troncos e pegadas, por exemplo, podem ser encontrados preservados, nos dando pistas de como era a fauna, flora e o ambiente no passado daquela região. Para saber mais sobre esse tipo de evidência evolutiva, clique aqui.

Órgãos homólogos: os órgãos chamados de homólogos são aqueles que possuem origem embrionária semelhante, apesar de nem sempre exercerem a mesma função. Observando os membros anteriores de seres humanos, cães e baleias, por exemplo, percebe-se que todos apresentam o mesmo padrão de ossos, porém esses membros desempenham diferentes funções, as quais se relacionam com o ambiente em que cada animal vive. Essa semelhança indica que esses animais compartilharam um ancestral comum.

Órgãos vestigiais: são órgãos que perderam sua função ancestral e, muitas vezes, encontram-se reduzidos. Um exemplo são pequenas pernas que podem ser observadas em algumas espécies de serpentes. Para saber mais sobre essas estruturas, clique aqui.

Evidências celulares e moleculares: a nível molecular e celular, os seres vivos apresentam características que permitem observar a ancestralidade. O macaco bonobo, por exemplo, apresenta mapa genético 98,7% igual ao do homem, o que indica que eles compartilharam um ancestral comum.

Leia também: Variabilidade genética — um fator fundamental para a ocorrência da seleção natural

Teorias da evolução

  • Lamarckismo

Jean-Baptiste de Lamarck (1744–1829), o grande responsável pela teoria hoje conhecida como Lamarckismo, acreditou que as espécies eram imutáveis até 1800. Ao estudar moluscos, no entanto, percebeu que as espécies sofriam modificações, as quais, segundo o pesquisador, ocorriam de maneira gradual e contínua.

Lamarck explicou suas ideias na obra Filosofia Zoológica (Philosophie Zoologique, 1809), a qual se destaca como um marco na forma como entendemos a história de vida de cada espécie. Segundo Lamarck, os seres vivos progrediam rumo a uma maior complexidade por meio de dois processos:

  • Uso e desuso: de acordo com essa ideia, o uso diferenciado dos órgãos fazia com que alguns fossem mais desenvolvidos que outros. Aqueles que não eram usados de maneira constante tendiam a atrofiar. Um exemplo seriam os peixes que vivem em águas profundas, que não necessitam de visão desenvolvida em um ambiente desprovido de luz e, por isso, segundo o Lamarckismo, tiveram seus olhos atrofiados.

  • Transmissão dos caracteres adquiridos: de acordo com essa ideia, todas as características que o indivíduo adquire durante a vida são passadas para as próximas gerações. Hoje sabemos que as ideias de Lamarck, apesar de sua importância no entendimento da evolução das espécies, estavam equivocadas. Uma pessoa que faz exercícios e apresenta músculos bastante desenvolvidos, por exemplo, não passará essa característica aos seus filhos, uma vez que apenas alterações a nível genético podem ser passadas de uma geração para a outra.

Para saber mais sobre o Lamarckismo, clique aqui.

  • Darwinismo

O Darwinismo é a teoria da evolução proposta por Charles Robert Darwin (1809–1882). Sua ideia evolutiva foi publicada em um livro intitulado A origem das espécies por meio da seleção natural, o qual até os dias atuais é considerado um dos livros mais influentes de todos os tempos.

Charles Darwin, assim como Lamarck, acreditava que os seres vivos sofriam mudanças ao longo do tempo. Entretanto, a forma como essas mudanças ocorriam é entendida de maneira distinta pelos dois pesquisadores. De acordo com Darwin, a evolução das espécies apoia-se em dois pontos principais:

  • Ancestralidade comum: de acordo com o Darwinismo, as espécies atuais surgiram a partir de uma sucessão de ancestrais, o que significa que diferentes espécies possuem ancestrais comuns. A expressão utilizada pelo pesquisador para referenciar essa história evolutiva é “descendência com modificação”.

  • Variabilidade e seleção natural: de acordo com o Darwinismo, indivíduos de uma mesma espécie apresentam diferenças entre si, as quais podem favorecer o desenvolvimento de um indivíduo e prejudicar o desenvolvimento de outro. O ambiente natural atuaria nessa variabilidade, selecionando os indivíduos mais aptos a sobreviver em determinado ambiente.

Imagine, por exemplo, o clássico exemplo das girafas. De acordo com a ideia de Lamarck, as girafas conseguiram o pescoço longo devido ao ato constante de esticar seu pescoço para capturar as folhas mais altas.

De acordo com a ideia de Darwin, existiam girafas com pescoço longo e girafas com pescoço curto (variabilidade). As girafas com pescoço longo apresentavam chances aumentadas de conseguir alimento nas plantas mais altas, aumentando a sua vantagem de conseguir alimento em relação às outras.

Com maior chance de sucesso e sobrevivência, as girafas com pescoços longos apresentavam também maior chance de reprodução. Com isso, elas foram passando suas características para seus descendentes, e a presença de pescoço longo se tornou comum na população de girafas.

É importante salientar que a ideia de seleção natural proposta por Darwin também foi desenvolvida, de maneira independente, por outro naturalista: Alfred Russel Wallace (1823–1913). Darwin e Wallace apresentaram juntos os trabalhos em sessão da Sociedade Lineana de Londres. Entretanto, Darwin rapidamente finalizou seu livro e o publicou, ficando reconhecido em todo o mundo como o responsável pelo desenvolvimento da ideia de seleção natural.

  • Neodarwinismo

O Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução é uma teoria evolucionista que se baseia no Darwinismo, porém adiciona a essa ideia alguns conhecimentos científicos atuais, como os conceitos de mutação, recombinação genética e deriva genética.

Essa teoria permite que lacunas existentes no Darwinismo sejam preenchidas a partir de conhecimentos que não existiam na época e hoje são amplamente reconhecidos. Um exemplo é o entendimento das mutações. Darwin sabia que a variabilidade genética existia entre os indivíduos, porém não sabia que a fonte primária dessa variabilidade era a alteração aleatória e repentina do material genético. Para saber mais sobre essa teoria, clique aqui.

Fontes

ALMEIDA, A.V.; FALCÃO, J.T.R. As teorias de Lamarck e Darwin nos livros didáticos de Biologia no Brasil. Ciência & Educação (Bauru), vol. 16, núm. 3, 2010, pp. 649-665. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. São Paulo, Brasil. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2510/251019456010.pdf

CHAVES, A. LAMARCK E DARWIN – Semelhanças e Divergências em suas Teorias da Evolução. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4430351/mod_resource/content/1/LAMARCK-E-DARWIN-1.pdf

REECE, et al. Biologia de Campbell. 10ª ed. Artmed.

RAVEN, P.H. Biologia Vegetal. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.

SILVA, J.K. Uma abordagem estocástica da evolução do sexo e recombinação. Dissertação. Mestrado em Biometria e Estatística Aplicada. Universidade Federal Rural de Pernambuco. 2009. Disponível em: http://www.tede2.ufrpe.br:8080/tede2/bitstream/tede2/5013/2/Juliana%20Katia%20da%20Silva.pdf

 

Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia  

Escritor do artigo
Escrito por: Vanessa Sardinha dos Santos Possui graduação em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Goiás (2008) e mestrado em Biodiversidade Vegetal pela Universidade Federal de Goiás (2013). Atua como professora de Ciências e Biologia da Educação Básica desde 2008.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. "Evolução"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/evolucao.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

De estudante para estudante


Videoaulas


Lista de exercícios


Exercício 1

(UNIFESP/2004) Leia os trechos seguintes, extraídos de um texto sobre a cor de pele humana.

“A pele de povos que habitaram certas áreas durante milênios adaptou-se para permitir a produção de vitamina D.”

“À medida que os seres humanos começaram a se movimentar pelo Velho Mundo há cerca de 100 mil anos, sua pele foi se adaptando às condições ambientais das diferentes regiões. A cor da pele das populações nativas da África foi a que teve mais tempo para se adaptar porque os primeiros seres humanos surgiram ali.”                                           (Scientific American Brasil, vol.6, novembro de 2002).

Nesses dois trechos, encontram-se subjacentes ideias:

a) da Teoria Sintética da Evolução.

b) darwinistas.

c) neodarwinistas.

d) lamarckistas.

e) sobre especiação.

Exercício 2

(UFES/2004) Os pesquisadores Robert Simmons  e Lue Scheepers questionaram a visão tradicional de como a girafa desenvolveu o pescoço comprido. Observações feitas na África demonstraram que as girafas que atingem alturas de 4 a 5 metros, geralmente se alimentam de folhas a 3 metros do solo. O pescoço comprido é usado como uma arma nos combates corpo a corpo pelos machos na disputa por fêmeas. As fêmeas também preferem acasalar com machos de pescoço grande. Esses pesquisadores argumentam que o pescoço da girafa ficou grande devido à seleção sexual; machos com pescoços mais  compridos deixavam mais descendentes do que machos com pescoços mais curtos.

(Simmons and Scheepers, 1996. American Naturalist Vol. 148: pp. 771-786. Adaptado).

Sobre a visão tradicional de como a girafa desenvolve um pescoço comprido, é CORRETO afirmar que:

a) na visão tradicional baseada em Darwin, a girafa adquire o pescoço comprido pela lei de uso e desuso. As girafas que esticam seus pescoços geram uma prole que já nasce com pescoço mais comprido e, cumulativamente, através das gerações, o pescoço, em média, aumenta de tamanho.


 

b) na visão tradicional baseada em Lamarck, a girafa adquire o pescoço comprido com a sobrevivência diferencial de girafas. Aquelas com pescoço comprido conseguem se alimentar de folhas inacessíveis às outras e deixam, portanto, mais descendentes.

c) na visão tradicional baseada em Lamarck, a girafa adquire o pescoço comprido pela lei do uso e desuso. Aquelas com pescoço comprido conseguem se alimentar de folhas inacessíveis às outras, e deixam, portanto, mais descendentes.

d) na visão tradicional baseada em Darwin, a girafa adquire o pescoço comprido com a sobrevivência diferencial de girafas. Aquelas com pescoço comprido conseguem se alimentar de folhas inacessíveis às outras, e deixam, portanto, mais descendentes.

e) na visão tradicional baseada em Darwin, a girafa adquire o pescoço comprido com a sobrevivência diferencial de girafas. As girafas que esticam seus pescoços geram uma prole que já nasce com pescoço mais comprido e, cumulativamente, através das gerações, o pescoço, em média, aumenta de tamanho.