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Discriminação

A discriminação oferece tratamento diferenciado a um indivíduo devido a características pessoais.

Mão de uma pessoa negra segurando a bandeira do arco-íris, um símbolo contra a discriminação.
Mão de uma pessoa negra segurando a bandeira do arco-íris, um símbolo contra a discriminação.
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A discriminação é uma preocupação social grave que se manifesta através do tratamento diferenciado a indivíduos com base em características como raça, gênero, orientação sexual, religião, nacionalidade, idade, status social ou deficiência. Quando motivada pelo preconceito, a discriminação resulta em exclusão, piadas ofensivas, estereótipos e até mesmo violência, perpetuando um ciclo pernicioso de desigualdade na sociedade.

O Brasil, apesar de sua rica diversidade cultural, enfrenta problemas significativos de discriminação, notadamente em relação à raça, orientação sexual e identidade de gênero. No entanto, vale ressaltar que a discriminação pode assumir uma forma positiva, quando medidas são adotadas para auxiliar grupos socialmente desfavorecidos, visando reduzir desigualdades econômicas e sociais.

O preconceito está associado a opiniões formadas sem conhecimento prévio, enquanto a discriminação ocorre quando esses preconceitos são traduzidos em ações injustas e tratamento desigual. As consequências da discriminação são vastas, incluindo violações emocionais e psicológicas às vítimas, bem como a perda de oportunidades de educação e emprego, restringindo o potencial de desenvolvimento da sociedade como um todo.

Leia também: Intolerância religiosa — a discriminação motivada pela religião

Tópicos deste artigo

Resumo sobre discriminação

  • A discriminação é a atitude social que trata uma pessoa com diferença e injustiça por causa de suas características pessoais.
  • a discriminação positiva ocorre quando uma ação tem o objetivo de criar condições desiguais para favorecer as vítimas da desigualdade, por exemplo.
  • As formas de discriminação mais frequentes no Brasil são as que ocorrem em função da raça, orientação sexual ou identidade de gênero.
  • A diferença entre discriminação e preconceito está no fato de que, enquanto o preconceito reúne pensamentos desfavoráveis a respeito de certas categorias sociais, a discriminação coloca esses pensamentos em ação.
  • As consequências da discriminação envolvem danos psicológicos às vítimas, exclusão social e, no limite, atos de violência praticados contra minorias.

O que é discriminação?

Discriminação é a atitude social de conceder tratamento diferenciado a alguém devido a características pessoais como raça, gênero, orientação sexual, religião, nacionalidade, idade, status social ou deficiência.

A discriminação é grave quando é motivada pelo preconceito, podendo resultar em piadas ofensivas, estereótipos, assédio e até mesmo a exclusão social de determinados grupos. E tudo isso alimenta mais preconceito e movimenta o ciclo pernicioso da desigualdade e da violência na sociedade.

Infelizmente, o aspecto negativo da discriminação é um problema sério no mundo todo e particularmente no Brasil, que foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão após mais de três séculos de uso de trabalho forçado de pessoas negras e indígenas.

Entretanto, nem sempre a discriminação designa o fato de, na sociedade, alguns grupos serem mais maltratados que outros. Ela pode ser uma discriminação positiva quando designa medidas tomadas para ajudar aqueles que têm uma desvantagem social, econômica ou física.

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Tipos e exemplos de discriminação

  • Discriminação positiva

Existem diferentes tipos de discriminação que podem afetar indivíduos e grupos em diferentes esferas da sociedade. A discriminação positiva designa ações que consistem em ajudar aqueles que são atrapalhados pelas desigualdades econômica, social, racial, física etc.

O sistema de cotas raciais ou sociais em faculdades públicas brasileiras é um caso de discriminação positiva. As primeiras iniciativas desse tipo surgiram na Índia e nos Estados Unidos, por volta de 1950, e receberam o nome de ação afirmativa.

Conceder tratamento preferencial em educação, moradia ou renda para algumas minorias mais carentes é totalmente diferente de discriminar uma pessoa por causa da raça, do gênero, da idade, da orientação sexual, da religião e/ou da condição física.

  • Discriminação de gênero

Outro tipo de discriminação muito recorrente é aquela que ocorre em função da identidade de gênero. A discriminação de gênero envolve tratar alguém de maneira injusta com base nas normas, papéis e expectativas socialmente construídos e associados ao gênero.

Isso afeta não apenas homens e mulheres, mas também pessoas de identidades de gênero diversas. Esse é o caso das pessoas conhecidas como travestis, ou transexuais, que são tratadas, coletivamente, como parte do grupo que algumas pessoas chamam de transgênero, ou mais popularmente, trans.

Por exemplo, quando um homem é ridicularizado por outros homens por demonstrar emoções consideradas femininas, como chorar em público, é uma discriminação de gênero devido à pressão social para aderir a normas tradicionais de masculinidade, que podem restringir a expressão emocional dos homens.

Portanto, a identidade de gênero pode concordar ou discordar com o que se esperaria de alguém de um determinado sexo (biológico). O importante é destacar que, de qualquer modo, o gênero está sempre ligado a construção social de uma identidade, e jamais a qualquer tipo de transtorno de saúde ou coisa parecida.

  • Discriminação sexual

A discriminação por orientação sexual, quando uma pessoa é tratada de forma injusta ou desigual por causa do seu sexo biológico, inclui os preconceitos e estereótipos que compartilhamos sobre a população LGBTQIA+ e pode levar ao tratamento desigual em áreas como emprego, educação, acesso a recursos e oportunidades.

Exemplo de discriminação sexual é quando uma mulher é negada uma promoção no trabalho simplesmente porque é considerado que as mulheres não são adequadas para posições de liderança, refletindo assim uma crença estereotipada sobre as capacidades das mulheres em posições de autoridade.

  • Discriminação racial

A discriminação racial é a prática de tratar pessoas de maneira desigual ou injusta com base em sua raça ou origem étnica. Essa forma de discriminação é enraizada em estereótipos, preconceitos e atitudes negativas em relação a grupos étnicos específicos. Há muito exemplos de discriminação racial no dia a dia de um país como o Brasil.

Um exemplo notório é o perfil racial visado por abordagens policiais, em que pessoas são paradas, abordadas ou detidas pela polícia com base em sua aparência racial, em vez de evidências concretas de atividade criminosa. Isso pode levar a tratamento injusto e até mesmo violência desnecessária contra indivíduos da população negra ou indígenas.

Outro exemplo são as atitudes discriminatórias que podem se manifestar em comentários preconceituosos, insultos ou atos hostis dirigidos a pessoas de diferentes origens étnicas. Isso pode ocorrer em ambientes públicos, online ou mesmo em ambientes de trabalho.

Leia também: Afinal, o que é estereótipo?

Diferenças entre discriminação e preconceito

Preconceito é uma opinião formada sem conhecimento prévio ou sem uma argumentação racional, geralmente baseada em estereótipos e generalizações. A discriminação, por outro lado, ocorre quando alguém é tratado injustamente por causa de características pessoais, como raça, gênero, orientação sexual, religião, nacionalidade, idade, status socioeconômico ou deficiência.

O preconceito está mais associado à predisposição dirigida a membros de uma categoria social específica. Ele surge de um estereótipo que, após ser combinado às crenças e valores de um indivíduo, recebe uma carga emocional positiva ou negativa. É importante ter cuidado ao lidar com o preconceito, mesmo quando ele tem origem em uma emoção positiva.

Por exemplo, a ideia de que as mulheres são mais empáticas e cuidadosas do que os homens pode até parecer positiva, mas ainda é baseada em generalizações e estereótipos de gênero. Da mesma forma, a crença de que todas as pessoas de uma nacionalidade são excelentes em determinado campo pode parecer positiva, mas também não é inteligente, pois pode levar a generalizações injustas e à exclusão de outras pessoas daquela mesma nacionalidade que não se encaixam nessa ideia preconcebida.

Exemplo de preconceito negativo é o que pode levar à exclusão social, violência, assédio e discriminação sistemática de pessoas negras e LGBTQIA+. O preconceito racial pode levar alguém a assumir que todas as pessoas de determinado grupo étnico são preguiçosas ou criminosas.

A homofobia pode resultar em atos de discriminação, por exemplo, quando uma pessoa é rejeitada em uma entrevista de emprego por causa de sua orientação sexual. É importante lembrar que preconceito pode levar à discriminação, mas nem toda discriminação é resultado de preconceito. Às vezes, a discriminação pode ser causada por falta de informação ou por políticas e práticas institucionais prejudiciais.

Em resumo, a diferença entre discriminação e preconceito está no fato de que, enquanto o preconceito reúne pensamentos desfavoráveis e crenças negativas (ou positivas) a respeito de certas categorias sociais, sem conhecimento prévio, a discriminação coloca esses pensamentos em ação e oferece um tratamento injusto baseado em características pessoais. O resultado da discriminação é a desigualdade de acesso aos recursos mais escassos e valiosos. Para saber mais sobre o preconceito e suas consequências, clique aqui.

Discriminação no Brasil

No Brasil, a discriminação aparece em situações muito concretas no dia a dia, sobretudo as que ocorrem em função da raça, da orientação sexual ou da identidade de gênero. No dia 10 de fevereiro de 2014, no Rio de Janeiro, uma mulher teve a sua bolsa roubada na qual havia R$ 10, um celular e um cartão de ônibus.

Ela pediu ajuda a um policial civil à paisana, que deu carona para a vítima e ouviu dela que o assaltante seria um rapaz negro, com cabelo alto, no estilo black power e uma camiseta preta. Então, o policial efetuou a prisão de Vinicius Romão de Souza, 27 anos, psicólogo, ator de novelas e que trabalhava como vendedor de uma loja de roupas.

Vinicius foi preso em flagrante, por meio de um reconhecimento face a face, apesar de não estar com os pertences da vítima. Vítima de discriminação, ele passou mais de 15 dias numa cadeia enquanto os seus parentes e amigos denunciavam que a sua prisão foi injusta e fruto de racismo. |1|

Manifestantes empunhando cartaz com os dizeres “Vidas negras importam”, protestando contra a discriminação racial.[1]
Manifestantes empunhando cartaz com os dizeres “Vidas negras importam”, protestando contra a discriminação racial.[1]

A discriminação no Brasil chega mesmo a ocasionar outros atos de violência por causa de gênero ou orientação sexual. Em relatório divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil continua sendo campeão de desrespeito e violência com pessoas trans — pelo décimo quarto ano seguido, somos o país que mais mata pessoas desses gêneros no mundo.|2|

Em 2022, o Brasil bateu o recorde de feminicídios, com uma mulher morta a cada seis horas, somando o total de 1,4 mil mortes motivadas pelo fato de as vítimas serem mulheres. A discriminação contra mulheres, pessoas trans ou negras é muito frequente, no Brasil, porque as desigualdades atingem níveis alarmantes no país.

Consequências da discriminação

A discriminação positiva ocorre quando uma ação tem o objetivo de criar condições desiguais para favorecer as vítimas da desigualdade. Por exemplo: cotas raciais e sociais em faculdades públicas. Apesar da polêmica e intenso debate gerados em torno das políticas de cotas, observa-se um crescente aumento de países e faculdades que as contemplam. Isso ocorre porque elas resultam em uma divisão mais igualitária da renda, da riqueza e das oportunidades de educação.

Por outro lado, as consequências da discriminação negativa têm sido um problema recorrente ao longo da história. Elas ficam evidentes em diferentes esferas da sociedade porque causam danos emocionais e psicológicos às vítimas, cujos efeitos podem se prolongar ao longo da vida.

Além disso, a discriminação pode levar à perda de oportunidades de educação, emprego e desenvolvimento pessoal, prejudicando a qualidade de vida das pessoas afetadas e limitando o potencial de desenvolvimento de uma sociedade como um todo.

As consequências mais extremas da discriminação são as violências. Violência são os diversos tipos de imposições sobre a vida da sociedade civil, que podem ocorrer também no campo simbólico. Também há a violência praticada pelo Estado, que pode estar ligada à discriminação social e também racial.

Esse tipo de discriminação e suas consequências produzem muitos malefícios para a sociedade. É importante que sejam tomadas medidas efetivas para combater a discriminação e garantir a igualdade de direitos e oportunidades para todos os indivíduos, independentemente de suas características pessoais.

Créditos da imagem

[1] Felipe Manorov Gomes / Shutterstock

Notas

|1| CURVELLO, André. Polícia investiga se ator foi preso por engano no Rio de Janeiro. G1. Disponível em: https://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/02/policia-investiga-se-ator-foi-preso-por-engano-no-rio-de-janeiro.html.

|2| AGÊNCIA BRASIL. Brasil é o país que mais mata transexuais no mundo. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/direitos-humanos/audio/2023-01/brasil-e-o-pais-que-mais-mata-transexuais-no-mundo.

Fontes

RENAULT, Luiz Otávio Linhares; VIANA, Márcio Túlio (coords.). Discriminação: estudos. São Paulo: LTr, 2000.

SANTOS, Ynaê Lopes dos. Racismo brasileiro: uma história da formação do país. São Paulo: Todavia, 2022.

THEODORO, Mário. Sociedade desigual: racismo e branquitude na formação do Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2022. 

Escritor do artigo
Escrito por: Rafael Pereira da Silva Mendes Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuo como professor de Sociologia, Filosofia e História e redator de textos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MENDES, Rafael Pereira da Silva. "Discriminação"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/discriminacao.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

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