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Etarismo

Etarismo é o nome que se dá ao preconceito contra pessoas com base na sua idade. Os idosos constituem o grupo que mais sofre com o etarismo no Brasil e no mundo.

Ilustração de uma mulher sentada, usando um computador; ao fundo, faixa de proibido sobre o número 60, em alusão ao etarismo.
O etarismo é uma prática muito comum contra pessoas idosas, principalmente no mercado de trabalho.
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 Etarismo é o preconceito contra pessoas por causa de sua idade. Esse preconceito afeta pessoas jovens, mas é muito mais comum contra pessoas idosas, se manifestando de diversas maneiras, como na forma como desconsideramos a opinião de uma pessoa apenas por ela ser idosa.

Além de etarismo, essa prática pode ser chamada de idadismo ou ageísmo, sendo que este último termo deriva de ageism, palavra criada no inglês para mencionar esse preconceito. O etarismo se manifesta em diversos ambientes, mas principalmente no ambiente familiar, profissional e de saúde. Pode causar graves sequelas psicológicas nas vítimas.

Leia também: Racismo — o que é, causas, tipos, casos no Brasil e no mundo

Tópicos deste artigo

Resumo sobre etarismo

  • O etarismo é o preconceito manifestado contra pessoas por conta de sua idade.

  • Esse preconceito pode se manifestar contra jovens, mas é principalmente manifestado contra idosos.

  • O etarismo é reproduzido, principalmente, no âmbito familiar, mas é muito presente também no âmbito profissional.

  • Segundo a OMS, um a cada seis idosos já sofreu algum tipo de violência, sendo o etarismo uma delas.

  • Segundo o Estatuto da Pessoa Idosa, etarismo pode ser considerado crime no Brasil.

O que é etarismo?

O etarismo, também conhecido no idioma português como idadismo ou ageísmo, é o nome que se dá para as práticas discriminatórias realizadas contra uma pessoa com base em sua idade. Essa discriminação é fruto de estereótipos que são construídos contra um grupo de pessoas de idades diferentes da nossa.

Trata-se de um preconceito que pode atingir pessoas de diferentes idades, mas é muito mais comum em relação a pessoas idosas. Assim, o etarismo é um problema que se intensifica na vida das pessoas à medida que elas envelhecem.

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Como o etarismo se manifesta?

O etarismo pode se manifestar por meio de violência psicológica, verbal ou física. No entanto, o etarismo é considerado um preconceito silencioso, porque está difundido em nossa sociedade e se manifesta por meios que podem ser bastante sutis.

Pode ser encontrado, por exemplo, nas relações familiares, no mercado de trabalho e em diversos outros locais da sociedade.

O que o etarismo pode causar?

Os danos que o etarismo pode causar são enormes, sobretudo o dano psicológico. Esse preconceito afeta jovens no sentido de pessoas, por serem muito novas, como os adolescentes, terem suas opiniões invalidadas ou serem destratadas de alguma maneira.

No âmbito profissional, o etarismo contra jovens se manifesta no sentido de uma pessoa jovem ser desqualificada para uma função de gerência, por exemplo, unicamente por ser jovem. Mas os jovens não são os únicos que sofrem com o etarismo, conforme veremos.

Veja também: O que é feminicídio?

Como o etarismo afeta os idosos?

Apesar de o etarismo também ser praticado contra jovens, o grupo que mais sofre com esse preconceito são os idosos. À medida que uma pessoa envelhece, uma forte pressão social se estabelece tentando controlar a forma como essas pessoas se comportam. Existe também um grande descrédito sobre as ações de uma pessoa idosa, como se ela fosse incapaz de tomar suas próprias escolhas.

É bastante comum que as vontades de idosos sejam desconsideradas, pois são entendidos como incompetentes para tomar suas escolhas por causa de sua idade. Isso acontece no âmbito familiar, médico e em muitos outros.

 

Ilustração de um homem idoso cercado por mãos apontando para ele.
Oprimir, humilhar e negligenciar os direitos de uma pessoa idosa são práticas criminosas, segundo a legislação brasileira.

Um dos pontos mais críticos do etarismo está relacionado ao mercado de trabalho. Isso porque à medida que uma pessoa envelhece, as oportunidades no mercado de trabalho se tornam escassas. Ser recontratado após os 50 anos de idade é um grande desafio para muitas pessoas. Trata-se de algo muito complexo, principalmente se pensarmos que no Brasil, por exemplo, a previdência estabelece que a idade mínima para se aposentar é de 65 anos, no caso dos homens, e de 60, no caso das mulheres.

Como conciliar a exigência de um mercado que demanda que a população trabalhe até 65 ou 60 anos, mas, por outro lado, dá poucas oportunidades para pessoas mais velhas? Na prática, o que acontece em muitos casos é pessoas mais velhas serem excluídas dos cargos com maiores salários ou ficarem à margem do mercado de trabalho.

O etarismo pode fazer também que em um ambiente de trabalho ou educacional a opinião de pessoas mais velhas sejam invalidadas. Inúmeras pessoas demonstram ser etaristas ao encontrar pessoas idosas em ambientes como a universidade. Esse preconceito faz com que muitos desistam de objetivos de estudos e profissionais ao não se sentirem capazes porque têm uma idade mais avançada.

Etarismo contra idosos no Brasil e no mundo

O etarismo é um problema no Brasil, mas não somente aqui. A Organização Mundial da Saúde apontou, por meio de uma pesquisa, que um em cada seis idosos no planeta já sofreram algum tipo de violência em algum momento de sua vida. Uma das formas de violência consideradas nessa pesquisa é o etarismo.

Além disso, outros dados apontam que o etarismo é um preconceito que é bastante reproduzido no interior das famílias, pois cerca de 50% dos casos de etarismo são realizados pelos próprios filhos. Vizinhos e netos são grupos que reproduzem bastante o etarismo, além de esse problema ser recorrente nos atendimentos médicos. Estima-se que o etarismo tenha aumentado consideravelmente durante a pandemia de covid-19.

A pesquisa da OMS também revelou que até 2050, a população de idosos será de cerca de 2 bilhões de pessoas, sendo necessário agir para impedir que o etarismo siga tão difundido assim. No caso do Brasil, estima-se que o país terá uma das populações mais idosas do mundo nas próximas décadas. Lembrando que o etarismo pode se manifestar por meio de violência psicológica, verbal e até mesmo física.

Etarismo e velhofobia são a mesma coisa?

A palavra etarismo se origina de ageism, uma palavra em inglês que descreve o preconceito contra pessoas por conta de sua idade. Inclusive, “ageísmo” é um aportuguesamento da expressão em inglês. Essa palavra do idioma em inglês foi criada, em 1969, por Robert Butler, um médico que estudou o preconceito contra idosos.

Existe também a velhofobia, que é uma variação do etarismo. Muitos entendem que a velhofobia pode ser tanto o preconceito contra pessoas por sua idade avançada como também o temor e a rejeição pelo próprio envelhecimento.

Saiba mais: Envelhecimento populacional no Brasil e no mundo — causas e consequências

Etarismo é crime?

Sim, o etarismo pode ser considerado crime de acordo com a legislação brasileira. No caso dos idosos, o Estatuto da Pessoa Idosa estabelece meios para protegê-los contra possíveis abusos. O estatuto, também conhecido como Lei nº 10.741, foi uma lei sancionada em 6 de outubro de 2003, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Essa lei procura estabelecer os direitos das pessoas idosas no Brasil, criando um mecanismo para garantir a dignidade das pessoas idosas e o respeito aos direitos delas. Dentro dessa lei existem alguns importantes artigos que delimitam que o etarismo e a discriminação contra pessoas idosas por conta de sua idade é crime:

Art. 4º Nenhuma pessoa idosa será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei.

Art. 27. Na admissão da pessoa idosa em qualquer trabalho ou emprego, são vedadas a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1º Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por qualquer motivo.

§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade do agente.

Pelos fragmentos da lei que foram separados, podemos perceber que nenhuma pessoa idosa pode sofrer discriminação. Discriminar uma pessoa idosa é crime com pena de seis meses a um ano de reclusão. No mercado de trabalho, a idade não pode ser um critério que elimine ou prejudique uma pessoa.

O mesmo vale para o caso da criança e do adolescente. O etarismo nesses casos também pode ser considerado crime de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente, uma vez que essa lei proíbe qualquer discriminação contra essas pessoas.

Exemplos de situações que podem ser enquadradas como etarismo

Como citado, o etarismo é um preconceito, geralmente, silencioso, que ocorre sem que muitas pessoas percebam, e é manifestado, principalmente, por pessoas próximas. Vimos também que ele não se resume ao contexto familiar. Vejamos algumas situações que podem ser classificadas como etarismo:

  • chamar uma pessoa de “velha” ou “velho” de maneira pejorativa;

  • desconsiderar a opinião de uma pessoa unicamente porque ela é idosa ou muito nova;

  • considerar que uma pessoa é incapaz de fazer algo pela sua idade;

  • afirmar que todo adolescente é irritante apenas por sua idade;

  • demitir uma pessoa por considerá-la “velha demais” para exercer um ofício;

  • considerar que uma pessoa é incapaz de assumir um posto de trabalho por ser muito jovem;

  • não dar oportunidades, propositalmente, para que pessoas mais velhas sejam contratadas em uma empresa;

  • falta de políticas públicas em benefício de pessoas de determinada idade;

  • considerar pessoas idosas incapazes de fazer suas escolhas unicamente por serem idosas;

  • fazer uma análise médica com base unicamente na idade de uma pessoa, ignorando o relato do paciente;

  • julgar uma pessoa idosa por não ter conhecimentos de tecnologia.

 

Por Daniel Neves Silva
Professor de História 

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Etarismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/etarismo.htm. Acesso em 27 de abril de 2024.

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