Queer é um termo de origem inglesa que, há algum tempo, era utilizado de forma pejorativa. Hoje, representa uma identidade, uma teoria e compõe a sigla LGBTQIA+.
Queer é o termo que diz respeito a quem não se identifica e não se rotula em nenhum gênero. Em suma, faz referência àqueles que não correspondem à heterocisnormatividade e tem origem inglesa. A tradução literal seria “estranho”. Algumas pesquisadoras defendem que não há tradução. É, em suma, um termo guarda-chuva, ou seja, abarca uma série de identidades e formas de se referir a pessoas que não correspondem a cis-heteronormatividade (sendo cis a pessoa que se identifica com o seu gênero de nascimento e hetero a que se sente atraída e se relaciona com pessoas de outro gênero).
As cores lavanda, branco e verde da bandeira foram adotadas pelo movimento queer e significam, respectivamente: androginia, identidades agêneras e identidades não binárias. O termo não é muito difundido no Brasil, embora tenha sido incorporado à sigla.
A palavra queer, a princípio, era utilizada de maneira pejorativa para se referir a pessoas LGBTQIA+. Em tradução literal, “ao pé da letra”, ela significa “estranho”. Segundo a escritora, dramaturga e professora Helena Vieira:
Queer é uma palavra inglesa, usada por anglófonos há quase 400 anos. Na Inglaterra havia até uma “Queer Street”, onde viviam, em Londres, os vagabundos, os endividados, as prostitutas e todos os tipos de pervertidos e devassos que aquela sociedade poderia permitir. O termo ganhou o sentido de “viadinho, sapatão, mariconha, mari-macho” com a prisão de Oscar Wilde, o primeiro ilustre a ser chamado de “queer”. Desde então, o termo passou a ser usado como ofensa, tanto para homossexuais quanto para travestis, transexuais e todas as pessoas que desviavam da norma cis-heterossexual. Queer era o termo para os “desviantes”.|1|
Como em muitos outros casos em que palavras e até símbolos, antes usados de maneira ofensiva, foram ressignificados, a palavra queer também ganhou outra conotação.
Hoje, queer diz respeito a quem não se identifica e não se rotula em nenhum gênero. Em suma, trata-se daqueles que não correspondem à heterocisnormatividade, ou seja, à padronização imposta na sociedade para que todos sejam heterossexuais e cis (não trans).
Há, inclusive, academicamente, a linha de estudo e pesquisa intitulada de Teoria Queer. A discussão, que surgiu no seio do movimento feminista ainda nas décadas de 1960 e 1970, consolidou-se no início da década de 1990, e tem como uma de suas principais teóricas a filósofa Judith Butler.
A Teoria Queer entende que a categoria gênero é algo fluido, em outras palavras, é construída historicamente por meio da cultura e da educação, que determinam, desde que se nasce, o que é ser homem e o que é ser mulher, e, para tal, utiliza-se de “tecnologias de gênero”:
[...] a “tecnologia do gênero” é um mecanismo que aciona técnicas, procedimentos, práticas e discursos para produzir sujeitos que se identifiquem como homens e mulheres, meninos e meninas.|2|
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Bandeira queer
A bandeira queer tem as cores lavanda, branco e verde, que significam, respectivamente: androginia, identidades agêneras e identidades não binárias.|3|
Queer no Brasil
O termo queer não é muito disseminado no Brasil, até por não se ter uma tradução adequada. Pode ser sinônimo de “estranho”, mas, em inglês, como vimos, denota muito mais do que isso. Algumas pesquisadoras sugerem a tradução para “transviado”. Outras enxergam que queer está contido em palavras como “viadinho” e “sapatona”, por exemplo. O conceito é, no país, mais difundido nos meios acadêmicos.
Para a Teoria Queer, o gênero não é um dado biológico, mas sim uma forma sociológica imposta, com base na qual os indivíduos demonstram suas subjetividades, ou seja, aquilo que sentem. Assim, uma pessoa não binária não se sente ou se percebe precisamente pertencente ao gênero masculino ou feminino.
Já o termo queer é utilizado de maneira mais ampla: “Queer é um movimento que toma uma direção não esperada, que contesta as normas dominantes, de modo que lésbicas, gays, intersex, bissexuais, trans, trabalhadoras sexuais podem viver com menos medo no mundo”, afirmou Judith Blutler a jornalistas em entrevista que antecedeu sua palestra, ministrada em setembro de 2015, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, quando esteve no Brasil e enfrentou protestos de conservadores.|4|
Queer e a sigla LGBTQIA+
Assim como pautas de movimentos, a sigla LGBTQIA+ também foi mudando ao longo do tempo. Inicialmente, era utilizada GLS, que significava “gays, lésbicas e simpatizantes”. Os simpatizantes logo saíram, para dar maior visibilidade aos que realmente passam por preconceitos.
O L na frente foi requisição das mulheres, que passaram a perceber que, mesmo dentro de um movimento de luta contra a homofobia, existia machismo. Bis e trans foram incluídos, e, por fim, na última formatação, também queers, intersex, assexuais e demais orientações sexuais e de gênero.
Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa
Professora de História
Escrito por: Mariana de Oliveira Lopes Barbosa Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Graduada e Mestra em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG)
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BARBOSA, Mariana de Oliveira Lopes.
"O que é queer?"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/o-que-e/o-que-e-sociologia/o-que-e-queer.htm. Acesso em 21 de dezembro
de 2024.