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Transfobia

A transfobia é o preconceito, discriminação e hostilidade direcionados a pessoas transgênero.

Conceito de transfobia escrito em fundo verde.
A transfobia se direciona a pessoas cujas identidades de gênero não correspondem ao sexo atribuído no nascimento.
Crédito da Imagem: Brasil Escola
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A transfobia é o preconceito, discriminação e hostilidade direcionados a pessoas transgênero, cujas identidades de gênero não correspondem ao sexo atribuído no nascimento, manifestando-se em diversas formas, como exclusão social, agressões e negação de direitos. Suas causas estão relacionadas a normas patriarcais e cisnormativas, desinformação sobre questões de gênero e influências religiosas.

A transfobia é considerada crime no Brasil desde 2019, sendo enquadrada na Lei de Racismo, mas a aplicação da legislação ainda enfrenta desafios. Difere da homofobia, que está relacionada à orientação sexual, focando-se na identidade de gênero. Além disso, distingue-se da bifobia, que se refere ao preconceito contra pessoas bissexuais. A transfobia é uma realidade global, com variações de gravidade conforme o país, e no Brasil, a violência contra pessoas trans, especialmente mulheres negras, é alarmante.

Leia também: Misoginia — o ódio ou aversão às mulheres

Tópicos deste artigo

Resumo sobre transfobia

  • Transfobia é o preconceito, discriminação e hostilidade contra pessoas transgênero, cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo atribuído no nascimento, e se manifesta por meio de exclusão, violência e marginalização.
  • Transfobia envolve atos de agressão, recusa em usar o nome social e pronomes corretos, exclusão de espaços públicos e discriminação em serviços como saúde, educação e trabalho, além da patologização das identidades trans.
  • As causas da transfobia incluem normas patriarcais e cisnormativas, desinformação sobre questões de gênero, representações negativas na mídia e influências religiosas que perpetuam valores tradicionais de gênero.
  • No Brasil, a transfobia é considerada crime desde 2019, quando o STF determinou que discriminação contra pessoas transgênero se enquadra na Lei de Racismo, embora sua aplicação ainda enfrente desafios.
  • Transfobia está relacionada à discriminação contra a identidade de gênero de pessoas trans, enquanto a homofobia refere-se ao preconceito contra orientações sexuais não heteronormativas, como gays, lésbicas e bissexuais.
  • Enquanto a transfobia é a discriminação contra pessoas transgênero por sua identidade de gênero, a bifobia refere-se ao preconceito contra pessoas bissexuais por conta de sua orientação sexual, sendo possíveis discriminações conjuntas.
  • A transfobia é uma realidade global, com variações de gravidade; em alguns países, pessoas trans enfrentam violência extrema, exclusão social e até criminalização, enquanto em outras nações a discriminação persiste de forma estrutural.
  • No Brasil, a transfobia é grave, com altos índices de assassinatos de pessoas trans, especialmente mulheres trans negras, que enfrentam marginalização, falta de acesso a direitos básicos e representações negativas na mídia.
  • A transfobia gera graves consequências, como danos psicológicos, isolamento social, aumento da violência física, marginalização econômica e exclusão, perpetuando a desigualdade e violando os direitos das pessoas trans.
  • O combate à transfobia requer educação sobre diversidade de gênero, políticas públicas inclusivas, aplicação rigorosa da lei, capacitação de agentes públicos, representações positivas na mídia e apoio de movimentos sociais.

O que é transfobia?

O símbolo da comunidade transgênera.
O símbolo da comunidade transgênera.

Transfobia é um termo que se refere à discriminação, aversão, preconceito ou hostilidade direcionada às pessoas transgênero, que são aquelas cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo atribuído no nascimento. A transfobia pode manifestar-se de diversas formas, desde comportamentos e atitudes ofensivas até ações de violência física, psicológica e institucional.

A raiz da transfobia está na desvalorização e marginalização das pessoas trans, muitas vezes reforçada por normas sociais e culturais que não reconhecem ou aceitam a diversidade de gênero. A transfobia está relacionada à negação da legitimidade da identidade trans e à imposição de normas de gênero cisnormativas, ou seja, que assumem a cisgeneridade (quando a identidade de gênero corresponde ao sexo biológico) como o padrão correto ou natural.

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O que é considerado transfobia?

A transfobia se manifesta de diversas formas, que podem ser explícitas ou sutis. Exemplos claros de transfobia incluem agressões físicas, verbais ou emocionais contra pessoas transgênero, o uso de termos pejorativos para se referir a elas, e a recusa em respeitar o nome social e os pronomes corretos.

Outras formas de transfobia podem ser mais institucionais e estruturais, como a exclusão de pessoas trans de espaços públicos, a discriminação no mercado de trabalho, no acesso à saúde ou à educação. Práticas transfóbicas incluem, ainda, a patologização das identidades trans, quando a vivência trans é vista como uma doença ou distúrbio mental, e o constante questionamento ou invalidação da identidade de gênero das pessoas trans, como quando são forçadas a provar quem são para obter acesso a direitos básicos.

Leia também: Diferença entre cisgênero e transgênero

Causas da transfobia

As causas da transfobia são múltiplas e complexas, envolvendo fatores históricos, culturais, sociais e psicológicos. Uma das principais causas é a manutenção de um sistema patriarcal e cisnormativo, que reforça a ideia de que há apenas dois gêneros, homem e mulher, que devem corresponder rigidamente ao sexo biológico atribuído no nascimento. Esse sistema, presente em diversas culturas e instituições, gera uma grande resistência à aceitação de pessoas que não se encaixam nesse binarismo de gênero.

Além disso, a falta de educação e conhecimento sobre questões de gênero contribui para a disseminação de mitos e preconceitos sobre as pessoas trans. As representações negativas ou estereotipadas de pessoas trans nos meios de comunicação, associando-as a comportamentos desviantes ou ilegítimos, também alimentam a transfobia. Por fim, as influências religiosas e morais que pregam a manutenção de valores tradicionais de família e gênero também são fortes promotoras de atitudes transfóbicas.

Transfobia é crime?

Em muitos países, incluindo o Brasil, a transfobia é considerada crime. No contexto brasileiro, em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que atos de discriminação contra pessoas transgênero, assim como contra pessoas LGBTQI+ em geral, devem ser enquadrados na Lei de Racismo (Lei nº 7.716/89). Com isso, práticas transfóbicas como ofensas, humilhações, agressões físicas ou simbólicas, e exclusão social ou laboral são consideradas crimes e podem ser punidas com reclusão.

A decisão do STF representa um avanço no reconhecimento dos direitos das pessoas trans no Brasil, mas ainda há desafios na aplicação efetiva da lei, especialmente devido à resistência social e à falta de treinamento de agentes públicos para lidar com questões de gênero. A criminalização da transfobia também varia de país para país, com alguns lugares sendo mais progressistas, enquanto outros ainda mantêm leis e políticas que, direta ou indiretamente, incentivam a discriminação.

Diferenças entre transfobia e homofobia

Embora transfobia e homofobia possam parecer similares, existem diferenças importantes entre os dois conceitos. A homofobia refere-se ao preconceito, aversão ou discriminação contra pessoas que têm orientações sexuais que não se encaixam na heteronormatividade, como gays, lésbicas e bissexuais. A transfobia, por sua vez, está relacionada à discriminação contra pessoas transgênero, cuja identidade de gênero difere do sexo atribuído no nascimento.

Embora pessoas trans também possam ser alvo de homofobia, a transfobia está centrada na questão da identidade de gênero e não na orientação sexual. Ambas as formas de preconceito são manifestações de um sistema que valoriza a heteronormatividade e a cisnormatividade, mas cada uma aborda aspectos diferentes da vivência humana, ou seja, orientação sexual no caso da homofobia e identidade de gênero no caso da transfobia. Para saber mais sobre a homofobia, clique aqui.

Transfobia x bifobia

Assim como a transfobia, a bifobia é uma forma de preconceito e discriminação, mas nesse caso direcionada a pessoas bissexuais, ou seja, aquelas que sentem atração por mais de um gênero. Enquanto a transfobia atinge pessoas trans por causa de sua identidade de gênero, a bifobia envolve o preconceito contra bissexuais por causa de sua orientação sexual.

A bifobia muitas vezes se manifesta na forma de invisibilização, negação ou questionamento da legitimidade da bissexualidade. No entanto, é possível que uma pessoa trans, além de sofrer transfobia, também enfrente bifobia, caso seja bissexual. As duas formas de discriminação podem coexistir e se sobrepor, mas cada uma trata de uma característica diferente: identidade de gênero no caso da transfobia e orientação sexual no caso da bifobia.

Transfobia no mundo

A transfobia é uma realidade global, afetando pessoas trans em praticamente todos os países do mundo, ainda que em graus diferentes. Em muitos países, especialmente em nações mais conservadoras ou com forte influência religiosa, as pessoas trans enfrentam exclusão social, criminalização e violência. Em alguns lugares, como em certas regiões do Oriente Médio e da África, as leis criminalizam as identidades trans, o que pode resultar em prisões, punições físicas e até execuções.

Mesmo em países considerados progressistas, como os Estados Unidos e nações europeias, pessoas trans ainda enfrentam barreiras significativas no acesso a direitos e serviços, como saúde, educação e emprego. Apesar de alguns avanços legais e sociais, a transfobia ainda é um problema sério em grande parte do mundo, e as pessoas trans continuam a ser uma das populações mais vulneráveis à violência e à discriminação.

Transfobia no Brasil

No Brasil, a transfobia é uma questão grave e recorrente. O país tem um dos maiores índices de assassinatos de pessoas trans no mundo, de acordo com relatórios de organizações de direitos humanos. A violência contra pessoas trans no Brasil está profundamente enraizada em questões sociais como o racismo, a pobreza, e a marginalização. Pessoas trans, especialmente mulheres trans negras, enfrentam desafios imensos para acessar educação, emprego formal e serviços de saúde, o que as coloca em situações de vulnerabilidade.

Embora a criminalização da transfobia seja um passo importante para combater esse problema, a aplicação da lei e a sensibilização da população para essas questões ainda são insuficientes. Além disso, a mídia brasileira muitas vezes reforça estereótipos transfóbicos, e as pessoas trans continuam a ser retratadas de forma negativa ou ridicularizadas em espaços públicos e culturais.

Leia também: Gordofobia — preconceito e a discriminação contra pessoas com corpos gordos

Consequências da transfobia

As consequências da transfobia são devastadoras para as pessoas trans e para a sociedade como um todo. No nível individual, a transfobia pode causar danos psicológicos profundos, como depressão, ansiedade, isolamento social e, em casos mais graves, levar ao suicídio.

A violência física, que muitas vezes resulta em homicídios, também é uma consequência direta da transfobia. No plano social, a marginalização das pessoas trans perpetua ciclos de pobreza, exclusão e falta de acesso a direitos fundamentais. Para a sociedade, a transfobia contribui para a manutenção de um sistema discriminatório e injusto, que impede o pleno desenvolvimento e a inclusão de todos os seus membros. O impacto da transfobia é especialmente grave em áreas como a saúde, onde a falta de acesso a cuidados adequados para pessoas trans pode resultar em graves problemas de saúde física e mental.

Como combater a transfobia?

Combater a transfobia requer uma abordagem multidimensional que envolva educação, políticas públicas, legislação e mudanças culturais. No âmbito educacional, é essencial que as escolas e universidades promovam o conhecimento sobre diversidade de gênero e ensinem sobre os direitos das pessoas trans desde cedo. As políticas públicas devem garantir o acesso das pessoas trans a serviços básicos como saúde, educação e emprego, sem discriminação.

A aplicação de leis que criminalizam a transfobia é fundamental, mas também é necessário capacitar autoridades e agentes públicos para lidar com as questões de gênero de maneira sensível e informada. Além disso, a mídia desempenha um papel crucial na desconstrução de estereótipos e na promoção de representações positivas das pessoas trans.

O apoio de movimentos sociais e da sociedade civil também é indispensável para a criação de uma cultura de respeito e inclusão das identidades trans, assegurando seus direitos e a sua dignidade.

Fontes

O livro da história LGBTQIAPN+. Tradução de Ana Rodrigues. São Paulo: Globo Livros, 2024. 336 p.

BELMONTE, Laura A. LGBT+ na luta: avanços e retrocessos. Tradução de Alcebiades Diniz Miguel. São Paulo: Contexto, 2024. 1. ed.

Escritor do artigo
Escrito por: Tiago Soares Campos Bacharel, licenciado e doutorando em História pela USP. Bacharel em Direito e pós-graduado em Direito pela PUC. É professor de História e autor de materiais didáticos há mais de 15 anos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

CAMPOS, Tiago Soares. "Transfobia"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/transfobia.htm. Acesso em 21 de dezembro de 2024.

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