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Você já ouviu os termos cisgênero e transgênero? Esses nomes referem-se ao que é conhecido como identidade ou expressão de gênero, ou seja, à maneira como uma pessoa identifica-se. O ser humano pode identificar-se com seu sexo de nascimento (macho ou fêmea, masculino ou feminino), com o gênero oposto ao seu biológico ou apresentar características dos dois tipos.
Tópicos deste artigo
- 1 - Cis x Trans
- 2 - Outras identidades
- 3 - Binário x Não binário
- 4 - Identidade de Gênero x Orientação Sexual
- 5 - Transgêneros são homossexuais?
- 6 - Uso ele ou ela?
- 7 - Nomenclatura
Cis x Trans
Cisgênero é o indivíduo que se identifica com o sexo biológico com o qual nasceu. Um exemplo de cisgênero é uma pessoa que nasceu com genitália feminina e cresceu com características físicas de “mulher”, além disso adotou padrões sociais ligados ao feminino, comumente expressados em roupas, gestos, tom de voz.
Transgênero é uma pessoa que nasceu com determinado sexo biológico, e não se identifica com o seu corpo. Um exemplo é o indivíduo que nasceu com genitália masculina, cresceu com as transformações causadas pelos hormônios masculinos, mas sua identificação é com o físico feminino.
Dentro dos transgêneros, estão inclusos os transexuais e as travestis.
O (a) transexual pode ser homem ou mulher que se identifica com o gênero oposto. Muitos transexuais sentem como se tivessem nascido em um corpo errado. Para adequarem-se ao gênero com o qual se identificam, essas pessoas fazem tratamentos hormonais para alcançar a aparência desejada, modificar a voz e, com autorização psiquiátrica, realizar a cirurgia de redesignação sexual e outras intervenções cirúrgicas que forem necessárias.
A travesti nasce em um corpo masculino e identifica-se com a figura feminina. Muitas travestis não passam por cirurgias de redesignação sexual, mas algumas optam por colocar implantes nos seios. Elas adotam o visual feminino em seu cotidiano.
A diferença entre transexuais e travestis está ligada, principalmente, à forma como encaram seu sexo biológico durante a vida. Transexuais podem ser homens ou mulheres e são pessoas que se sentem psicologicamente insatisfeitas com a genitália com a qual nasceram e com os padrões impostos pela sociedade. A maioria das travestis, no entanto, não se sente extremamente desconfortável com seu órgão sexual, tanto que optam pela permanência do sexo de nascimento, mesmo mudando a aparência física e o tom de voz.
Outras identidades
Muitas pessoas confundem drag queens com travestis. As travestis levam a identidade feminina para a vida pessoal. Já as drag queens são personagens, uma expressão artística de homens que se montam (expressão usada para a transformação com vestimenta, maquiagem e acessórios) para o entretenimento (seja atuando, cantando ou desfilando).
Antigamente, conhecidas como transformistas, as drags voltam ao seu gênero original ao fim do show ou evento. Menos popular, há os drag kings, mulheres que se transformam em homens como expressão de arte.
As drag queens têm ganhado mais espaço nas diferentes mídias, que vêm abrindo espaço para tal expressão artística. O exemplo mais famoso no Brasil é a cantora Pabllo Vittar, um rapaz homossexual que se apresenta em shows, programas de TV e faz seus clipes musicais com aparência feminina. Apesar de ser mais conhecido pela figura da Pabblo, ele aparece em suas redes sociais no dia a dia sem estar montado.
Ainda há outros tipos de identidades de gênero:
Intersexual: pessoa que nasce com os dois sexos, ou seja, com sistema reprodutor misto (genitália mista: genitália de um gênero e sistema reprodutor de outro). Antigamente, o intersexual era mais conhecido como “hermafrodita”.
Gênero flutuante: pessoa que pode adotar aparência masculina em uma época da vida e mudar para a feminina ou vice e versa, mas sem estabelecer uma identidade fixa.
Queer: pessoa que não se rotula como masculino ou feminino, nem como homossexual ou heterossexual. Além da sexualidade e da aparência física, o queer discute os papéis sociais de homens e mulheres, além de questionar e representar aquilo que é condicionado pela sociedade conservadora.
Veja também: Androginia
Binário x Não binário
Uma dúvida comum é a diferença entre os gêneros binário e não binário. O que conhecemos como binário é a separação entre “homem” e “mulher”. Já a pessoa não binária não adota rótulos de gênero. Ela pode apresentar características físicas masculinas, femininas ou as duas, mas não se denomina “homem” ou “mulher”.
Identidade de Gênero x Orientação Sexual
Identidade de gênero e orientação sexual são dois aspectos diferentes de todo ser humano. A identidade, como explicada anteriormente, é a forma como a pessoa identifica-se fisicamente e psicologicamente (cisgênero ou transgênero). A orientação é a atração sentimental ou sexual que um indivíduo tem por outro(s) (heterossexual, homossexual, bissexual ou assexual).
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Heterossexual: pessoa que se atrai apenas por pessoas do sexo oposto.
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Homossexual ou homoafetivo: pessoa que se atrai somente por pessoas do mesmo sexo.
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Bissexual ou biafetivo: pessoa que se atrai pelo sexo oposto e por pessoas do mesmo sexo.
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Assexual: pessoa que não sente atração por nenhum gênero.
Transgêneros são homossexuais?
Não necessariamente. Uma mulher que faz a redesignação para o sexo masculino e, ao adotar o gênero masculino, relaciona-se com mulheres será considerada heterossexual, já que, socialmente, ela passa a ser “homem”. Esse é o caso do ator Thammy Miranda, filho da cantora Gretchen. Ele é um transexual com características masculinas e mantém um relacionamento com uma mulher.
Cisgêneros, por exemplo, também podem ser homossexuais ou bissexuais. Homens e mulheres que se identificam com seu gênero de nascimento, os cis, podem relacionar-se com pessoas do mesmo sexo, do sexo oposto ou com os dois. Isso é o que os define como homossexuais, heterossexuais ou bissexuais.
Uso ele ou ela?
Uma dúvida muito recorrente é quanto ao uso do pronome ao referir-se a transexuais ou travestis, por exemplo. Alguns transgêneros não se importam com o uso de “a” ou “o”, “ele” ou “ela” para se referirem a eles, mas a maioria incomoda-se com a incompreensão das pessoas. Por isso, ao ter dúvida, pergunte como a pessoa gostaria de ser tratada.
Via de regra, o tratamento é feito levando em consideração o gênero com o qual a pessoa identifica-se. Para travestis, o mais apropriado é usar o artigo “a”, já que é uma figura feminina. Para transexuais, depende se o gênero adotado é masculino ou feminino.
Nomenclatura
No Brasil, o movimento social de representatividade e luta pelos direitos de minorias ligadas à sexualidade é chamado de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros). A nomenclatura foi adotada em 2008 e modificou o termo GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes).
A forma de nomear tal movimento muda conforme o país. Alguns locais utilizam LGBTQI (termo em que estão inseridos os termos queer e intersexual) como forma oficial, assim como há lugares em que o termo assexual está englobado.
Um erro comum entre as pessoas é o uso do sufixo -ismo para falar de homossexuais. “Homossexualismo” é um termo que não existe desde 1993, ano em que as práticas homoafetivas deixaram de ser consideradas como doença, de acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID). O correto é usar a palavra homossexualidade, já que o sufixo -dade significa prática ou vivência.
Novos termos podem surgir nos próximos anos para denominar os diferentes tipos de identidades de gênero. Seja qual for o gênero com o qual uma pessoa identifica-se, o importante é respeitar a individualidade do ser humano.
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[1] Ronnie Chua / Shutterstock.com