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Jovem brasileira é Top 10 em "Nobel do estudante": conheça Millena Xavier

Millena Xavier, natural de Minas Gerais, está entre os dez finalistas do Global Student Prize 2024, considerado o "Nobel do estudante"

Em 04/09/2024 07h34 , atualizado em 04/09/2024 15h02
Millena Xavier está sorrinda na foto
Millena possui projetos reconhecidos internacionalmente na área de ciência e tecnologia. [1] Crédito da Imagem: Luke Garcia
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Millena Xavier, de 17 anos, tornou-se a única brasileira entre os dez finalistas do Global Student Prize 2024, prêmio considerado o "Nobel do estudante". A jovem foi selecionada entre mais de 11 mil estudantes inscritos de 176 países.

Natural de Minas Gerais, Millena é estudante do colégio aplicação da Universidade Federal de Viçosa (UFV), o Coluni. O interesse e engajamento pela ciência e olimpíadas do conhecimento a fez conquistar diversas premiações e a ser incluída na Forbes Under 30, na categoria de Ciência & Educação. Nesta lista, são evidenciadas pessoas de até 30 anos que se destacaram por projetos científicos, acadêmicos e educacionais. 

A jovem, que se dedicou recentemente a um projeto inovador que contribui no diagnóstico do autismo a partir do uso de Inteligência Artificial (IA), pretende cursar Engenharia Biomédica. 

"Ser finalista do Global Student Prize significa representar o Brasil e a nossa potência científica, porque muitas pessoas têm o Brasil como o país do samba, do carnaval, do futebol, mas não como país da ciência e educação."

Millena Xavier
Millena Xavier é estudante do Coluni, colégio aplicação da UFV.
Crédito: Arquivo Pessoal. 

Nos últimos anos, foram mais de 60 participações em olimpíadas científicas, entre as quais conquistou mais de 38 premiações nas provas. Os destaques ficam por conta de duas medalhas de ouro na Olimpíada Nacional de Ciências, uma medalha de ouro na Olimpíada de Informática e uma medalha de ouro na Olimpíada de Inteligência Artificial. 

Leia também: 1º lugar de vestibular do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) é ocupado por uma mulher 

Olimpíadas científicas

O interesse de Millena pelas olimpíadas científicas surgiu quando estava no oitavo ano do ensino fundamental. A jovem conta que pediu a uma professora para que inscrevesse a estudante em uma olimpíada científica, mas a educadora recusou, afirmando que o foco da escola deveria ser o Enem.

Após o episódio, a jovem decidiu buscar participar das competições de conhecimento por conta própria. Assim, entrou em contato com outras escolas para que pudesse ajudá-la a participar das provas. Suas primeiras avaliações foram feitas durante a pandemia da Covid-19.

Millena Xavier em preparatório de olimpíadas científicas
O projeto PrepOlimpíadas é fomentado em escolas para estimular a participação dos estudantes nas olimpíadas científicas.
Crédito: Arquivo Pessoal. 

Millena percebeu que outros estudantes enfrentavam as mesmas dificuldades que ela vivenciou. Assim, a mineira decidiu iniciar aulas como treinamento para a Olimpíada Brasileira de Matemática (Obmep), a mais popular entre essas competições.

Com o crescimento da demanda pela capacitação, Xavier ajudou a fundar o projeto PrepOlimpíadas. A iniciativa foi criada para estimular a participação de estudantes em olimpíadas científicas, de diferentes áreas do conhecimento. 

Fruto do treinamento, a Olimpíada Brasileira de Afrodiversidade (OBAFRO) chegou a receber mais de 30 mil inscrições. Seu objetivo é conscientizar e fomentar a educação sobre questões raciais e sociais. 

Fique por dentro: Como participar de olimpíadas científicas

Números do PrepOlimpíadas

O PrepOlimpíadas, que tem como presidente Millena Xavier, já atendeu milhares de estudantes pelo país. Veja alguns números:

  • Mais de 100 mil estudantes impactados pelo projeto;

  • Mais de mil medalhas conquistadas pelos alunos do preparatório;

  • Mais de 200 escolas já receberam a visita dos embaixadores;

  • Reconhecimento midiático em veículos de imprensa de alcance nacional. 

Como funciona o PrepOlimpíadas?

Com o PrepOlimpíadas, os estudantes têm acesso a programas intensivos sobre as principais olimpíadas brasileiras, palestras com os embaixadores da iniciativa, como também à PrepAI, ferramenta de IA que responde perguntas sobre olimpíadas científicas.

Além disso, o preparatório oferece materiais didáticos para estudos e preparação dos alunos e guias de como conseguir passar em instituições públicas federais e intercâmbios com os desempenhos das olimpíadas.

As escolas e professores interessados em desenvolver e aplicar o projeto podem acessar esta página e entrar em contato com a equipe.

Uso de Inteligência Artificial (IA) para diagnosticar autismo

A experiência de um amigo de Millena, que descobriu o diagnóstico de autismo aos 18 anos, a fez iniciar um projeto inovador: o Autionosis. Uma ferramenta que utiliza Inteligência Artificial (IA) para ajudar no processo de diagnóstico de autismo

Nesse sentido, Xavier criou a plataforma que busca democratizar e tornar mais acessível o diagnóstico de autismo, bem como outras condições neurológicas. Foram os estudos sobre IA, Machine Learning, além dos conhecimentos com a Olimpíada de Tecnologia que impulsionaram o processo de desenvolvimento deste sistema.

A respeito de fazer ciência na sua idade, Millena comenta que muitas pessoas falam que para ser cientista tem que ter doutorado. Mas, o reconhecimento e publicações acadêmicas da jovem mostram, segundo ela, que é possível fazer ciência desde o ensino médio. 

Saiba mais: O que é e para que serve a inteligência artificial

Experiências internacionais

Millena Xavier já participou de capacitações e experiências de estudo e intercâmbio em instituições de ensino internacionais. Em julho, fez parte do programa Yale Young Global Scholars (YYDS). Por duas semanas, ela conta que estudou Inovações em Ciências e Tecnologia e teve a experiência de se hospedar nas instalações da faculdade.

Millena Xavier em palestra
Millena Xavier acumula experiências em instituições de ensino superior internacionais.
Crédito: Arquivo Pessoal. 

Além disso, teve a oportunidade de desenvolver pesquisa no ensino médio, por meio de artigo científico, com o Stanford Bioengineering Research Programme, um projeto da Universidade de Stanford, localizada no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. 

Durante a pandemia, participou de programas remotos em universidades como a de Toronto, no Canadá, e na United World Colleges (UWC).

Leia também: Iniciação Científica - o que é, como funciona e como participar

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Global Student Prize, o "Nobel do estudante"

O Global Student Prize, conhecido como o "Nobel do estudante", é realizado anualmente pela Chegg e Varkey Foundation. O objetivo da premiação é destacar trajetórias de estudantes de todo o mundo que desenvolvem iniciativas inovadoras e transformadoras para a sociedade.

O projeto recebe inscrições de estudantes com 16 anos ou mais que estejam matriculados em uma instituição acadêmica, ou em programa de treinamento e habilidades. 

Entre os países que contaram com representantes no Top 50 da edição deste ano, estão: Estados Unidos, Índia, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Polônia, Canadá, Nigéria, Uzbequistão, Argentina, Malásia, Indonésia, Colômbia, Austrália, Catar, Equador, Bangladesh, Turquia, Costa Rica, Filipinas, Peru, Panamá. Gana e Bulgária.

 

Crédito da imagem:

[1] Luke Garcia

 

Por Lucas Afonso 
Jornalista