ChatGPT na educação: especialista comenta sobre a inteligência artificial no campo educacional
ChatGPT na educação: especialista comenta sobre a inteligência artificial no campo educacional
Conheça mais sobre o ChatGPT e entenda quais são os impactos da Inteligência Artificial na educação, suas vantagens e desvantagens
Em 28/04/2023 09h52
, atualizado em 28/04/2023 12h37
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ChatGPT. Esse é o nome do avanço tecnológico no campo da Inteligência Artificial (IA) que tem ganhado espaço na mídia e nos debates sociais nos últimos meses.
O ChatGPT consiste em um chatbot, um algoritmo pré-treinado que é capaz de a partir de uma base de dados, interpretar, sumarizar e gerar novos conteúdos, explica Idelfranio Moreira, gerente de Ensino e Inovações Educacionais da Plataforma de Educação SAS.
O diferencial da tecnologia é que é possível extrair informações dela a partir de uma linguagem natural, como em uma conversa entre seres humanos. O ChatGPT pode fazer diversas tarefas, tais como:
Redigir textos personalizados;
Desenvolver linhas de códigos de programação;
Conversação natural com os usuários;
Resposta a diferentes tipos de perguntas e curiosidades;
Tradução de textos de idiomas diferentes;
Conselhos e dicas diversas;
Organização da viagens, trabalho e planejamentos no geral.
Uma das grandes questões que surgem com a popularização do ChatGPT é: quais são os impactos da tecnologia na educação? Para explicar aspectos da ferramenta no campo educacional, o Brasil Escola conversou com o Idelfranio Moreira.
"O ChatGPT não conseguirá substituir o professor", destaca Idelfranio. Ele explica que por se tratar de um algoritmo, baseado em um conjunto de instruções, passos para realizar determinadas tarefas, o ChatGPT não é capaz de realizar outras atividades desempenhadas pelos educadores como desenvolver criatividade, aprendizagem socioemocional, mediar conflitos, entre outras.
O debate envolve o desenvolvimento da cultura digital. Nessa discussão está a necessidade do mercado de trabalho frente às novas tecnologias, da realidade das profissões no século XX e a relação desses avanços com a Base Nacional Curricular Comum (BNCC).
Com isso, Idelfranio compreende que é necessário que as escolas ensinem aos estudantes como utilizar o ChatGPT de forma adequada, com ética. Nesse movimento, é importante estabelecer um olhar crítico e analítico diante dessa realidade.
"Os professores têm aí uma oportunidade de desenvolver nos alunos a capacidade de encontrar soluções a partir de perguntas investigativas que estimulem o senso crítico", afirma.
De acordo com Idelfranio, as alternativas tomadas pelas escolas tem sido variadas, enquanto umas proibem o uso da ferramenta, outras tem realizado treinamento para seus professores sobre o ChatGPT.
"Atualmente, estamos em um momento de transição e de impasse, dadas as incertezas e o desconhecimento naturais de toda inovação, ainda mais, tão disruptiva quanto esta".
Idelfranio Moreira
O educador pontua também o debate sobre a manipulação dos dados a partir de plataformas de IA, além do ChatGPT. A discussão envolve questões sobre direitos autorais dos conteúdos, bem como a desinformação e a disseminação de fake news.
O professor Idelfranio defente a utilização do ChatGPT a partir da perspectiva da aprendizagem ativa. Nesse modelo, os estudantes se tornam protagonistas da construção de seu conhecimento.
Com a ferramenta, os alunos terão uma oportunidade de realizar atividades com maior exigência cognitiva, como "melhorar soluções e criar respostas para problemas complexos", já que a ferramenta se baseia em uma conversação com linguagem natural.
"Ter as IA como ferramentas para a utilização das metodologias ativas pode ser muito efetivo no planejamento de práticas pedagógicas relevantes e eficientes. Finalmente, isto está muito em linha com o mundo desafiador que temos hoje onde novas profissões têm surgido muito rapidamente, enquanto outras, mais clássicas, têm sido impactadas pelas novas tecnologias."
Como toda ferramenta, o ChatGPT tem suas vantagens e desvantagens, pontua Idelfranio Moreira.
Vantagens do ChatGPT na educação
Contribui na resolução de problemas, estimulando os alunos a pensarem de forma crítica e criativa;
Suporte aos professores, auxiliando nas tarefas do dia a dia, como geração de questionários e listas de perguntas.
Essas questões podem ajudar os educadores na economia de tempo, direcionando a carga de trabalho para a construção de um ensino de qualidade, analisando os dados gerados a partir da realização de tarefas, exemplifica.
É importante destacar que o ChatGPT apesar de fornecer respostas e feedbacks a diversos questionamentos, falta a ele um elemento essencial para a consolidação da educação.
"Um chatbot não pode substituir os benefícios de ter um professor que possa fornecer apoio e orientação para a aprendizagem socioemocional dos alunos. O ChatGPT foi projetado para fornecer respostas com base em algoritmos pré-programados e, por mais que ele possa responder a perguntas, não pode fornecer o mesmo nível de criatividade ou assertividade que um professor humano pode oferecer. Falta-lhe flexibilidade cognitiva!".
Uma desvantagem do ChatGPT na educação está relacionado à questão da dependência que alguns estudantes possuem na tecnologia. Nesses casos, os alunos "podem perder a capacidade de pensar criticamente ou resolver problemas por conta própria, utilizando a plataforma para a realização de suas atividades.", explica Idelfranio.
O educador alerta para a importância da participação dos professores na orientação do uso ético da ferramenta.
É preciso levar em consideração aspectos como a privacidade dos dados, já que o ChatGPT pode coletar dados das interações com os alunos e eles podem ser utilizados de forma inadequada.
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ChatGPT na educação: desafios
Um motivo de preocupação mencionado por Idelfranio quanto ao ChatGPT é que os criadores da tecnologia não divulgaram os parâmetros da ferramenta. Isso ocorre por conta dos vieses que possam ser dados no código da programação de seus algoritmos, explica.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentou um framework de trabalho com as IA centradas no ser humano com o objetivo de reforçar que as plataformas não sejam utilizadas para a discriminação ou desinformação.
"Em nosso país, onde há grande esforço para uma cultura de valorização do estudo e do aprendizado, onde há grandes questões éticas sempre em pauta, direcionar uma ferramenta desse tipo para utilizações que favoreçam o aprendizado e não como escape à realização das tarefas, é um grande desafio."