A Unificação Italiana foi o processo de formação da Itália enquanto Estado-nação e que se passou no século XIX. Foi resultado do fortalecimento de um movimento nacionalista na região que defendia a unificação da Península Itálica. Esse processo foi liderado pelo Reino da Sardenha (ou Reino de Piemonte-Sardenha).
Havia diversas tendências para a unificação na península, mas a tendência que se estabeleceu foi a monarquista, defendida pelo Reino da Sardenha, pelo rei Vítor Emanuel II, e pelo primeiro-ministro Conde de Cavour. Para concretizar essa unificação, foram realizadas diversas lutas contra os austríacos. Esse processo foi encerrado com a invasão de Roma, em 1870.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a Unificação Italiana
- 2 - Videoaula sobre a Unificação Italiana
- 3 - O que foi a Unificação Italiana?
- 4 - Contexto histórico da Unificação Italiana
- 5 - Como aconteceu a Unificação Italiana?
- 6 - Vaticano e a Unificação Italiana
- 7 - Consequências da Unificação Italiana
- 8 - Qual país foi expulso da Península Itálica no processo de Unificação Italiana?
- 9 - Exercícios resolvidos sobre Unificação Italiana
Resumo sobre a Unificação Italiana
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A Unificação Italiana foi o processo de formação da Itália enquanto Estado-nação.
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Esse processo se deu no século XIX e sob a liderança do Reino da Sardenha.
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Seus líderes foram Vítor Emanuel II, rei da Sardenha, e Conde de Cavour, primeiro-ministro da Sardenha.
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Diversas guerras foram lideradas por Sardenha contra os austríacos na península.
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A Unificação Italiana se concretizou com a conquista de Roma, em 1870.
Videoaula sobre a Unificação Italiana
O que foi a Unificação Italiana?
Conhecido como Risorgimento, no italiano, a Unificação Italiana foi o processo histórico que resultou no surgimento do Reino da Itália, na segunda metade do século XIX. Esse processo passou por uma série de questões políticas, sociais e por conflitos militares que permitiram que os reinos que existiam na Península Itálica fossem unificados sob a liderança do Reino da Sardenha (também chamado de Reino de Piemonte-Sardenha).
O processo de Unificação Italiana foi realizado sob a liderança de figuras importantes, como o rei Vítor Emanuel II e Conde de Cavour. Por meio de uma série de conflitos, o Reino da Sardenha conseguiu conduzir uma guerra vitoriosa contra os austríacos, expulsando-os de uma série de territórios que ocupavam na Península Itálica.
Contexto histórico da Unificação Italiana
A Unificação Italiana se iniciou no século XIX, em um contexto em que a Península Itálica estava dividida em diversos e pequenos reinos. Alguns desses reinos haviam sido estabelecidos no período napoleônico, e muitos deles haviam sido ocupados pelos austríacos após a derrota de Napoleão e o Congresso de Viena.
Os austríacos estabeleceram domínio sob diversos reinos do norte da península, o Reino da Sardenha manteve sua autonomia sob domínio da Casa de Savoia; os Estados Pontifícios estavam sob domínio da Igreja Católica; e o o sul da península, dos Bourbon. Esses reinos se orientaram em regimes absolutistas ou então em monarquias constitucionais.
A partir da década de 1840, o fortalecimento dos movimentos nacionalistas e a luta pela autodeterminação se espalharam pela Europa e influenciaram a Península Itálica. Os ideais revolucionários se espalharam pela península, levando ao surgimento de grupos que lutavam pela autodeterminação italiana.
Diversas tendências políticas se estabeleceram na península defendendo diferentes caminhos para a unificação italiana. Havia os carbonários, que defendiam a formação de uma república na península com base em ideais de progresso e igualidade. Essa corrente era fortemente representada por Giuseppe Mazzini.
Havia também os neoguelfos, que defendiam a unificação da península sob a liderança do papado, e, por fim, havia os monarquistas, que defendiam a unificação da península via liderança do Reino da Sardenha e o estabelecimento de uma monarquia constitucional regida por Vítor Emanuel II e Conde de Cavour.
Como aconteceu a Unificação Italiana?
As primeiras movimentações significativas pela Unificação Italiana tiveram início na década de 1840, sendo impulsionadas pelas Revoluções de 1848, que se espalharam pelo continente europeu. No cenário italiano, houve movimentações revolucionárias de republicanos para tentar formar repúblicas na península, mas essas iniciativas fracassaram.
No mesmo período, o Reino da Sardenha viu o rei Vítor Emanuel II assumir o trono. Esse rei tomou uma série de iniciativas para expulsar os austríacos do território italiano. Em 1852, a Sardenha perdeu algumas batalhas para os austríacos e o rei decidiu nomear o Conde de Cavour para a posição de primeiro-ministro.
Conde de Cavour foi uma figura crucial para que o Reino da Sardenha tomasse a liderança no processo de unificação. Ele procurou fortalecer a economia sardo-piemontesa, além de procurar realizar uma modernização militar e buscar apoio internacional para a causa de seu reino. O grande obstáculo continuava sendo os austríacos.
Cavour investiu no desenvolvimento industrial, fortaleceu o comércio sardo-piemontês bem como as relações do reino com a França e o Reino Unido. No final da década de 1850, Cavour obteve um aceno francês sobre um apoio na luta sardo-piemontesa contra os austríacos.
→ Guerras de Unificação Italiana
A luta do Reino da Sardenha iniciou-se no final da década de 1840, mas amargou derrotas para os austríacos. O apoio francês à causa da Sardenha fez com que esse reino desse início a novos preparativos militares contra os austríacos, com o objetivo de expulsá-los de diversos reinos do norte da península.
Os historiadores chamam esse segundo ciclo de conflitos de Segunda Guerra de Independência Italiana. Os austríacos acumularam diversas derrotas contra os sardo-piemonteses, fazendo com que fossem expulsos de diversos reinos da península: Toscana, Parma e Módena. Os sardo-piemonteses se apropriaram da Lombardia ao término do conflito.
Em 1860, uma insurreição aconteceu no Reino das Duas Sicílias sob a liderança de Giuseppe Garibaldi. Essa insurreição permitiu que a região fosse conquistada pelos aliados de Garibaldi, mas este entregou o domínio dela para o Reino da Sardenha. Assim, a Sicília passou para o domínio de Vítor Emanuel II.
A partir de 1861, todas essas regiões foram anexadas ao território do Reino da Sardenha. Em 1861, foi proclamado o surgimento do Reino da Itália. O rei Vítor Emanuel II foi anunciado como a autoridade desse reino, estendendo seu poder pelos novos reinos anexados. Nesse contexto, faltava aos italianos apenas o controle de Vêneto e das terras dos Estados Pontifícios.
Em 1866, os italianos deram início à luta para tomar Vêneto, atacando os austríacos em apoio aos prussianos, que também lutavam pela sua unificação contra os austríacos. Em 1868, os austríacos cederam a região para os italianos.
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Vaticano e a Unificação Italiana
Depois da conquista de Vêneto, faltava apenas Roma, mas os franceses eram um grande obstáculo para os interesses italianos. Isso porque os franceses ocupavam militarmente a cidade de Roma, garantindo que a cidade permanecesse sob o controle da Igreja Católica. A proteção francesa era um impedimento para a expansão italiana.
Politicamente, no entanto, a pressão pela invasão da cidade pelos italianos era cada vez maior. Com o início da Guerra Franco-Prussiana, em 1870, as tropas francesas foram retiradas de Roma, abrindo caminho para que as terras da Igreja Católica fossem invadidas. Assim aconteceu e, em 1870, a Itália invadiu Roma, anexando a cidade e transformando-a em sua capital.
A Igreja Católica se manteve insatisfeita com o Estado italiano por décadas, não reconhecendo a legitimidade do domínio italiano sobre Roma. A situação só foi resolvida em 1929, quando a Igreja Católica fez um acordo com Benito Mussolini, o Tratado de Latrão, para a criação do Estado do Vaticano, sede da Santa Sé desde então.
Consequências da Unificação Italiana
Entre as consequências da Unificação Italiana, podem ser destacados os seguintes itens:
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Surgimento da Itália enquanto Estado-nação com território unificado.
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Desentendimento na relação com a Igreja Católica após a invasão dos Estados Pontifícios.
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Enfraquecimento do Império Austríaco.
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Consolidação das divergências internas no território italiano, com o norte do país sendo uma região industrializada e rica, e o sul, com uma economia frágil e mais pobre.
Qual país foi expulso da Península Itálica no processo de Unificação Italiana?
No contexto da Unificação Italiana, os austríacos dominavam diversos territórios que atualmente fazem parte da Itália. As guerras travadas pelo Reino da Sardenha foram responsáveis pela expulsão dos austríacos da Península Itálica a partir da década de 1850.
Exercícios resolvidos sobre Unificação Italiana
Questão 1
A Unificação Italiana foi realizada sob a liderança de qual reino da Península Itálica:
A) Piemonte-Sardenha
B) Vêneto
C) Lombardia
D) Toscana
E) Sicília
Resolução:
Alternativa A.
Foi o Reino da Sardenha ou Piemonte-Sardenha que liderou o processo de unificação da Itália. Isso aconteceu durante o reinado de Vítor Emanuel II e sob o governo do primeiro-ministro Conde de Cavour. Ambos promoveram uma série de reformas e conduziram uma luta contra os austríacos.
Questão 2
A disputa existente entre o Estado italiano e a Igreja Católica só foi resolvida com a assinatura de um acordo, em 1929. Estamos falando de que acordo:
A) Tratado de Roma
B) Acordo do Vaticano
C) Tratado de Latrão
D) Acordo da Sardenha
E) Tratado de Nápoles
Resolução:
Alternativa C.
O Tratado de Latrão, assinado em 1929, foi o acordo realizado entre o Reino da Itália e a Igreja Católica para solucionar a Questão Romana. As disputas territoriais entre os dois lados foram encerradas, e o Reino da Itália cedeu uma parte de Roma para que fosse formado o Estado da Cidade do Vaticano.
Fontes
GRAMSCI, Antônio. Ressurgimento e a unificação da Itália. São Paulo: Martins Fontes, 2016.
KERTZER, David I. O Papa e Mussolini: a conexão secreta entre Pio XI e a ascensão do fascismo na Europa. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017.