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O pergaminho era o material e o suporte em que se escrevia textos na Antiguidade e na Idade Média. Suas folhas eram feitas com a pele de animais (como cabras e ovelhas), em um processo muito longo. Eram consideradas uma mercadoria de alto valor.
O pergaminho surgiu no século II a.C., em Pérgamo, uma cidade grega. Com o tempo, ele foi substituindo o papiro como material de escrita mais utilizado no passado. Os escribas poderiam reutilizá-lo devido a sua qualidade e o faziam também pelo seu preço. A popularização do papel e a invenção da imprensa fizeram com que o pergaminho fosse abandonado aos poucos.
Leia mais: Hieróglifos egípcios — tipo de escrita que mais exerceu influência na sociedade egípcia
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre pergaminho
- 2 - Para que servia o pergaminho
- 3 - História da escrita
- 4 - Surgimento do pergaminho
Resumo sobre pergaminho
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O pergaminho era um material para a escrita, sendo a superfície em que os textos eram registrados.
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Surgiu no século II a.C., em Pérgamo, uma cidade na zona de influência da cultura grega.
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Era produzido com a pele de animais como ovelhas, carneiros, cabras etc.
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Poderiam ser reutilizados e, nesse caso, recebiam o nome de palimpsestos.
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Os que eram feitos de pele de animais recém-nascidos eram considerados de maior qualidade e chamados de velinos.
Para que servia o pergaminho
O pergaminho foi um material de escrita muito utilizado na Antiguidade e na Idade Média e cumpria a função que um papel cumpre para nós atualmente. Era, portanto, uma superfície em que se registrava a escrita. Era feito de pele de animais, tais como de ovelha, carneiro, vaca, cabra, entre outros.
O pergaminho foi muito comum, mas sua popularização demorou bastante para acontecer porque se tratava de um material caro, e isso impedia sua aquisição em larga escala. Além disso, a produção do pergaminho era considerada lenta porque incluía várias e longas etapas. O surgimento do material aconteceu no século II, na cidade grega Pérgamo.
Além disso, havia o papel velino, uma espécie de pergaminho de maior qualidade e que tinha uma espessura bem fina. Era produzido exclusivamente com a pele de animais recém-nascidos. O pergaminho comum tinha uma espessura bem mais grossa.
História da escrita
O surgimento da escrita é um marco na história da humanidade, e sabemos que a primeira forma de escrita foi desenvolvida pelos sumérios, por volta de 3500 a.C. a 3000 a.C. Essa forma de escrita recebeu o nome de cuneiforme. O surgimento da escrita trouxe a necessidade de algum material para que ela pudesse ser registrada.
Ao longo da história humana, diferentes meios foram utilizados para o registro da escrita, como argila, madeira, ossos, gesso, cera, peles, entre outros, por diferentes civilizações. Um dos materiais mais tradicionais nesse sentido, na Antiguidade, foi o papiro.
O termo papiro é a forma como os gregos referiam-se ao que os egípcios chamavam de “papuro”. O papiro era basicamente a folha de papel produzida de uma planta também conhecida como papiro (Cyperus papyrus). Essa planta era muito tradicional no Egito e encontrada em grandes quantidades ao longo das margens do Nilo.
Os egípcios consideravam o papiro uma planta sagrada e a utilizavam para produzir uma série de objetos e utensílios, sendo a folha de papiro um deles. Essa folha era produzida com as hastes da planta, cortadas em tiras que eram sobrepostas para formar uma camada com as hastes.
Essas tiras eram prensadas umas às outras para que elas colassem e, em seguida, eram enviadas para secar. Assim, as fibras da tira de papiro se grudavam, formando uma superfície que era polida e ainda recebia um óleo. Essa superfície se tornava perfeita para registrar os textos egípcios e era usada para finalidades administrativas e religiosas principalmente.
A produção de papiro no Egito acontecia em grande quantidade, e esse material para a escrita passou a ser exportado para outras regiões, como Grécia e Roma. Foi utilizado até o século XI e substituído progressivamente pelo pergaminho.
Leia mais: Literatura no Antigo Egito — era profundamente influenciada pela religião e filosofia
Surgimento do pergaminho
Um relato de um romano do século I a.C. aponta que o pergaminho surgiu como resultado de uma disputa entre Eumenes II, rei de Pérgamo, e Ptolomeu, rei do Egito. Ptolomeu teria ficado insatisfeito quando recebeu as notícias de que Eumenes II planejava construir uma grande biblioteca em Pérgamo. Para sabotar a empreitada, ele decidiu interromper a venda de papiro para Pérgamo.
Eumenes II, então, teria motivado a criação de uma alternativa para acabar com a dependência de Pérgamo com o papiro egípcio, e daí teria sido criado o pergaminho. Esse relato, no entanto, não é considerado oficial, uma vez que existem dúvidas sobre a confiabilidade do seu autor.
De toda forma, o pergaminho surgiu em Pérgamo, na Ásia Menor (atual Turquia), e seu nome no grego já nos faz perceber a relação com essa cidade. Os gregos o chamavam de pergaméne, e os romanos, de pergamina. Seu processo de produção era longo, e pode ser explicado assim:
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Obtinha-se as peles dos animais.
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As peles eram mergulhadas em água com óxido de cálcio e lavadas, no intuito de retirar a impurezas e pedaços de carne do couro.
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As peles eram colocadas para secar e esticadas em um varal, que as puxava em todos os sentidos.
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O couro se tornava mais fino e maleável, facilitando o seu corte e manuseio.
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As folhas eram cortadas e poderiam ser posicionadas na forma de um códice — um caderno em que as páginas são presas por uma costura e protegidas com uma capa dura.
Essa forma de organização das folhas deu origem ao livro como conhecemos atualmente. Todo esse processo fez do pergaminho uma mercadoria cara e, por isso, sua popularização só aconteceu a partir do século IV d.C. Seu preço forçava os escribas a terem que reutilizá-lo, e isso era uma das grandes vantagens do material. Diferentemente do papiro, o pergaminho poderia ser reutilizado, bastava apenas o escriba raspar sua superfície para apagar o texto escrito.
Um pergaminho poderia ser reutilizado diversas vezes, passando a ser chamado de palimpsesto. Como mencionado, havia também o velino, um pergaminho mais delicado, considerado de qualidade superior, pois era produzido com a pele de animais recém-nascidos.
O pergaminho foi deixando de ser utilizado a partir dos séculos XIV e XV, porque o papel se popularizou na Europa e a imprensa foi inventada por Gutenberg, permitindo que o papel pudesse ser utilizado em larga escala. Outro fator importante é que o papel era mais acessível financeiramente que o pergaminho.
Por Daniel Neves
Professor de História