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Ao longo dos séculos XVI e XVII, houve a formação e a consolidação dos Estados Modernos Europeus, que tiveram como modelo político predominante o absolutismo monárquico e como sistema econômico o mercantilismo. Muitos desses Estados também se tornaram potências ultramarinas, isto é, conquistaram territórios e construíram colônias fora do continente Europeu. Na segunda metade do século XVIII, grande parte desses Estados entrou em conflito, produzindo uma guerra de proporções globais que ficou conhecida como a Guerra dos Sete Anos (1756-1763).
O ponto de saturação para a deflagração da guerra foi a disputa, na década de 1740, entre o então Reino da Prússia e o Império Austríaco pela região de Silésia, que fica entre as atuais Polônia, República Tcheca e Alemanha. O rei prussiano Frederico II havia montado um exército muito poderoso e vinha demonstrando progressivamente a pretensão de expandir seu reino, fato que desagradava a vizinha Áustria, que possuía interesses semelhantes.
Em 1756, começaram as chamadas Guerras Silesianas, que acarretaram uma sucessão de batalhas entre austríacos e prussianos. As principais dessas batalhas foram as de Kolin, região próxima à cidade de Praga, palco da primeira grande derrota de Frederico II, e a de Leuthen, da qual o rei prussiano saiu vitorioso. À medida que as disputas entre Áustria e Prússia iam se tornando mais acirradas, as alianças com outras monarquias começaram a ser feitas.
A França passou a apoiar a Áustria contra a Prússia, e essa última recebeu o apoio dos ingleses, que já eram inimigos históricos dos franceses. A Rússia teve dois posicionamentos distintos na guerra: inicialmente, quando era governada pela czarina Elisabete, colocou-se contra a Prússia, depois, quando Pedro, o Grande, subiu ao trono como czar, passou a dar apoio a Frederico II, voltando-se contra a Áustria.
O fato é que, de 1756 para 1757, a guerra, em virtude das alianças, começou a se alastrar para outros domínios. Franceses e ingleses entraram em confronto na ilha de Minorca, um dos lugares estratégicos do Mar Mediterrâneo, em 20 de maio de 1756. Esse episódio ficou conhecido como a Batalha de Minorca e é tido como o ponto de expansão da guerra para além dos domínios europeus, já que as colônias francesas e inglesas na América do Norte também entraram em conflito, acompanhando o desenrolar da guerra nas metrópoles.
Portugal, que inicialmente se colocara ao lado dos franceses e austríacos, junto aos espanhóis, procurou manter-se isolado da guerra até 1762, quando foi confrontado a explicitar sua posição. Como a corte lusitana possuía relações comerciais lucrativas com a Inglaterra desde 1703 e vinha passando por várias reformas operadas pelo Marquês de Pombal, os portugueses preferiram mudar de lado e dar apoio à Inglaterra. Esse gesto levou a Guerra dos Sete Anos também para a América do Sul, em especial para a região do Sul do Brasil, em que houve a invasão do Rio Grande (atual Rio Grande do Sul) pelos espanhóis, aliados dos franceses.
A guerra só teve fim em 10 de fevereiro de 1763, quando foi assinado o Tratado de Paris. Apesar dos milhares de mortos e do esgotamento econômico, o Estado Prussiano saiu vitorioso da guerra, junto aos seus aliados ingleses, ambos se consolidando como grandes potências, o que permaneceu até a época das Guerras Napoleônicas, nas duas primeiras décadas do século XIX.
Por Me. Cláudio Fernandes