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Farc é a sigla para Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, uma guerrilha armada que atuava na Colômbia. Formada em meio a conflitos internos ocasionados por grupos políticos opostos e pela bipolaridade da geopolítica mundial, as Farc foram criadas, na década de 1960, com o objetivo inicial de promover a reforma agrária e estabelecer um Estado socialista. Com o seu crescimento, entretanto, elas se associaram ao narcotráfico e passaram a praticar atos como sequestros e extorsões. Por essa razão, muitos países classificaram o grupo como terrorista.
Diante dos conflitos estabelecidos internamente com a ação das Farc, que se dava em todo o território colombiano, o governo tentou estabelecer o diálogo em diversas ocasiões para suspender as atividades da guerrilha. Somente em 2016 foi firmado um acordo de paz, embora alguns dissidentes das Forças mantenham a luta armada até o presente.
Leia também: Afinal, o que é uma guerrilha?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
- 2 - O que é Farc?
- 3 - Origem das Farc
- 4 - Objetivos das Farc
- 5 - Ideologia das Farc
- 6 - Estrutura das Farc
- 7 - Atuação das Farc
Resumo sobre as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia)
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Farc é a sigla para Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, o nome de uma guerrilha colombiana surgida no país na década de 1960.
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Segundo seu estatuto, trata-se de um grupo marxista-lenista.
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Tinha como objetivos iniciais a reforma agrária e a implementação de um governo de cunho socialista na Colômbia.
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Passou por ampliação na década de 1970, ao mesmo tempo que passou a atuar no narcotráfico e a adotar práticas como sequestros e extorsão.
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Por conta da sua atuação, as Forças foram consideradas um grupo terrorista por muitos países.
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No ano de 2016, 50 anos após a fundação da guerrilha, o governo da Colômbia e as Forças assinaram um acordo de paz.
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Apesar do cessar-fogo, ex-membros dissidentes deram continuidade à luta armada no país.
O que é Farc?
Também conhecida como Farc-EP, Farc é a sigla para Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, uma organização guerrilheira armada que surgiu no meio rural da Colômbia durante o final da década de 1950 e o início da década de 1960 em um contexto de profunda divisão política e social no país. Sendo classificada como uma guerrilha marxista-leninista, a forma como as Farc atuaram na América do Sul fez com que o grupo fosse categorizado como terrorista em muitos territórios.
Origem das Farc
As Farc surgiram em um contexto de polarização socioeconômica e ideológica na Colômbia, o que refletia, em parte, a Guerra Fria, deflagrada em escala mundial a partir da segunda metade do século XX. Nota-se que esse período de divisão política no país foi marcado, desde o final da década de 1940, pelo uso da violência por parte de diferentes grupos sociais. A principal divisão que se via era entre os grupos mais abastados economicamente, que dominavam a política colombiana e eram donos de grandes propriedades de terra (latifúndios), e os grupos empobrecidos, que viviam majoritariamente no meio rural.
A década de 1940 foi permeada por disputas entre os partidos Liberal e Conservador da Colômbia, o que suscitou ofensivas contra a população e a formação de grupos de resistência que acabaram obtendo o apoio do Partido Comunista da Colômbia (PCC) para se estruturarem.
Por conta do uso de violência que foi feito, inclusive do governo contra a própria população, o intervalo que foi de 1948 a 1958 ficou conhecido como La Violencia. Como forma de restabelecer o equilíbrio interno, foi criada a Frente Nacional, que tinha como objetivo o compartilhamento do poder e a alternância entre os grupos políticos opostos. Ainda assim, a minoria social que consistia na população mais pobre e desfavorecida e os partidos de menor influência no meio político acabaram ficando à margem desse processo.
Os grupos de resistência foram mantidos e ganharam força no meio rural, ao mesmo tempo que cresceu a sua insatisfação com estrutura do governo colombiano. Em função disso, os confrontos entre a população e o governo não cessaram: pelo contrário, eles se tornaram cada vez mais frequentes até o ano de 1964, quando se considera oficialmente o surgimento das Farc.
No dia 27 de maio de 1964, um grupo do exército colombiano lançou uma ofensiva contra a comunidade camponesa de Marquetalia. Um dos líderes dessa comunidade era Pedro Antonio Marín (1930-2008), também conhecido como Tirofijo, considerado o fundador do grupo guerrilheiro das Farc junto de outros sobreviventes daquele episódio. O nome Farc foi definido apenas dois anos mais tarde.
Objetivos das Farc
Os objetivos originais das Farc estavam bem alinhados com a ideologia que fundamentou a sua criação, e eram: a realização da reforma agrária na Colômbia, o que promoveria a redistribuição de terras, e a implementação de um Estado socialista, visando à libertação nacional, o que incluiria o afastamento das influências estadunidenses no território colombiano.
Ideologia das Farc
As Farc surgiram em um contexto de bipolaridade no cenário interno e externo. Tendo como base a defesa do povo colombiano e o movimento de resistência criado no meio rural, inspirando-se, ainda, na Revolução Cubana de 1959, as Forças se autodenominam um grupo de ideologia marxista-lenista em seu estatuto, apresentado no ano de 1978.
Estrutura das Farc
As Farc passaram por um processo de reestruturação durante a década de 1980. Nesse mesmo período, foi acrescentada a denominação de Exército do Povo (EP) a seu nome, razão pela qual é comum encontrarmos referências ao grupo guerrilheiro como Farc-EP. De acordo com o pesquisador Diogo Ceará, a estrutura militar das Farc é hierarquizada, sendo a sua unidade básica a esquadra, composta por um grupo de 12 pessoas.
A junção das esquadras dá origem a uma guerrilha, que, por sua vez, constitui as companhias. Quando acontece a união de duas companhias, há o estabelecimento de uma coluna. O nível superior, com maior número de integrantes, ao das colunas é chamado de frente. É possível que haja o encontro de frentes, dando origem ao bloco de frentes.|1| O órgão, ou a subdivisão, que possui maior poder na estrutura das Farc recebe o nome de Estado-Maior Central, chamado também de Secretariado.
Atuação das Farc
As Farc atuavam por meio de centenas de frentes espalhadas pelo território colombiano, o que contabilizava milhares de integrantes desse grupo guerrilheiro. No início dos anos 2000, as Farc chegaram a ter aproximadamente 20 mil membros.|2|
Sua atuação acontecia tanto no campo político, especialmente entre as décadas de 1970 e 1990, como no campo militar. Muito embora as Farc tenham iniciado suas atividades com base em uma ideologia popular, voltada para o povo colombiano, houve uma guinada de atuação que as distanciou desse propósito.
Durante os anos 1970, as Farc cresceram e passaram garantir o próprio financiamento. Apesar disso, foi nesse mesmo período que houve a sua aproximação com o narcotráfico e o uso de práticas violentas, como os sequestros de pessoas, e as extorsões, como a cobrança de taxas para o uso de recursos naturais que estivessem situados em territórios dominados pela guerrilha.|3| |4|
A associação das Farc com o narcotráfico se tornou mais intrincada com o passar do tempo, e, entre a década de 1990 e o início dos anos 2000, vários esforços de negociação foram feitos entre o governo da Colômbia e o grupo guerrilheiro como uma tentativa de restabelecer a ordem no país e afastar a atuação das Farc. Entre 2002 e 2008, as Farc intensificaram a sua ação no que diz respeito à condução de sequestros de pessoas influentes, como políticos estrangeiros, e até mesmo de civis.
Um dos casos mais conhecidos foi o sequestro da ex-senadora, e então candidata à presidência da Colômbia, Íngrid Betancourt, que se estendeu entre 2002 e 2008. Por conta desses métodos e das ações que ficaram conhecidas em todo o mundo, as Farc foram classificadas como um grupo terrorista em muitos países.
No ano de 2016, as Forças e o governo colombiano chegaram a um acordo de paz que ficou conhecido como Pacto de Havana, estabelecido na cidade de Havana, capital de Cuba, em 24 de agosto daquele ano. O acordo instaurou um cessar-fogo que, ao menos se acreditava, finalizaria meio século de conflitos.
No entanto, um grupo de dissidentes das Farc retomou a atividade como uma guerrilha. Em 2023, o governo tentava novamente estabelecer um canal de diálogo para a negociação de uma trégua com o grupo de dissidentes, mas até o momento não houve acordo.
Veja também: Quais são os principais grupos terroristas da atualidade?
→ Farc no Brasil
No início da década de 1990, mais precisamente em 1991, membros das Farc atravessaram a fronteira da Colômbia com o Brasil e organizaram um ataque a uma base do Exército Brasileiro próximo ao rio Traíra, em território amazonense. O grupo foi posteriormente derrotado com a colaboração dos governos brasileiro e colombiano.
Como foi o caso desse episódio, até o presente, há uma relação entre os membros da guerrilha colombiana, hoje dissidentes das Farc, e áreas de garimpo ilegal no Norte do Brasil que são usadas para a arrecadação de receitas. O mesmo acontece com a relação entre esse grupo e o tráfico de drogas em território brasileiro.
Créditos da imagem
[1]MrPenguin20 / Wikimedia Commons (reprodução)
Notas
|1|CEARÁ, Diego Barbosa. FARC-EP: o mais longo processo de luta revolucionária da América Latina. In: História Social, n. 17, p. 203-224, 2009. Disponível em: https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/rhs/article/view/283.
|2|CRUZ, Vítor Manuel Moncayo. FARC – Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Portal Contemporâneo da América Latina e Caribe – USP, [s.d.]. Disponível em: https://sites.usp.br/portalatinoamericano/espanol-farc.
|3|PEREIRA, Letícia. Colômbia: as FARC e os diálogos de paz. Série Conflitos Internacionais, v. 2, n. 1, P. 1-5, 2015.
|4|CEARÁ, Diego Barbosa. FARC-EP: o mais longo processo de luta revolucionária da América Latina. In: História Social, n. 17, p. 203-224, 2009. Disponível em https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/rhs/article/view/283.
Fontes
CEARÁ, Diego Barbosa. FARC-EP: o mais longo processo de luta revolucionária da América Latina. In: História Social, n. 17, p. 203-224, 2009. Disponível em: https://ojs.ifch.unicamp.br/index.php/rhs/article/view/283.
CLEMENTE, Maria Eduarda Correia. FARC-EP: a luta do maior grupo guerrilheiro da América Latina e o processo de paz. Série Conflitos Internacionais, v. 8, n. 2, p. 1-11, 2015. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/#!/extensao/observatorio-de-conflitos-internacionais/series/series-anteriores/.
G1. Saiba mais sobre a história da guerrilha das Farc. G1, 26 jun. 2016. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/06/saiba-mais-sobre-historia-da-guerrilha-das-farc.html.
LANGE, Maria Luiza. As FARC e o governo colombiano: entre a guerra e a paz. Politize, 04 jul. 2017. Disponível em: https://www.politize.com.br/farc-entre-a-guerra-e-a-paz/.
PEREIRA, Letícia. Colômbia: as FARC e os diálogos de paz. Série Conflitos Internacionais, v. 2, n. 1, p. 1-5, 2015. Disponível em: https://www.marilia.unesp.br/#!/extensao/observatorio-de-conflitos-internacionais/series/series-anteriores/.
PRAZERES, Leandro. Guerrilheiros colombianos atravessam fronteira por garimpo ilegal na Amazônia. BBC News Brasil, 04 out. 2021. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-58769877.