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O terrorismo é um dos fenômenos mais complexos de se definir e compreender que surgiram na contemporaneidade. As ações terroristas tais como hoje são conhecidas (táticas de guerrilha, sequestros, uso de armas não convencionais, atentados a bomba etc.) remontam ao início do século XIX, especificamente ao ano de 1808, quando os espanhóis elaboraram um modelo de guerra irregular para resistir contra a invasão do exército napoleônico. Esse tipo de guerra ficou conhecido pelo termo castelhano “guerrilla”. A guerrilha espanhola consistia na formação de pequenos grupos de pessoas, que se ocultavam em bosques, florestas e locais urbanos, com o objetivo de sabotar, armar emboscadas e atentados contra as tropas convencionais de combates.
Com o passar dos anos, o modelo espanhol passou a ser adotado em outros países. Um caso exemplar é o da Prússia, que também resistia contra as investidas napoleônicas na década de 1810. O filósofo e jurista alemão Carl Schmitt, em sua obra Teoria da Guerrilha, cita o exemplo do édito prussiano publicado em 1813:
“Cada cidadão, assim se diz no édito real prussiano de abril de 1813, compromete-se a opor-se ao inimigo invasor com armas de todos os gêneros. Recomenda-se expressamente machados, forquilhas, foices e espingardas de chumbo (parágrafo 43). Cada prussiano tem o dever de não obedecer a qualquer ordem do inimigo, e de prejudicá-lo por todos os meios. Mesmo que o inimigo restaure as leis existentes, ninguém lhe deve obedecer, pois isso facilitaria as operações militares do inimigo.” [1]
Essa sugestão para o uso de utensílios domésticos como armas acabou por ser apenas o início do modelo de terror que seria adotado por facções políticas revolucionárias nas décadas posteriores. As ações deixaram de ser apenas para fins de resistência a investidas de exércitos imperialistas, mas como forma de exercer pressão política e ideológica por meio do terrorismo. Muitos grupos anarquistas, comunistas e nacionalistas (incluindo o fascismo e nazismo) valeram-se de ações terroristas.
Um dos terroristas nacionalistas que se tornaram amplamente conhecidos foi Gavrilo Princip, pertencente ao grupo nacionalista sérvio “Mão Negra”. Princip foi o executor do arquiduque Francisco Ferdinando, do Império Austro-húngaro. Sua morte foi o estopim para a Primeira Guerra Mundial. Durante as duas guerras mundiais, a atuação de grupos de guerrilheiros podia ser vista em várias regiões da Europa, sobretudo nos Bálcãs e no Cáucaso.
Durante a Guerra Fria, o terrorismo conseguiu ainda mais visibilidade, sobretudo em virtude das ações de grupos relacionados com as guerrilhas revolucionárias da América Latina e de grupos atuantes nos conflitos da Ásia, Europa e Oriente Médio. Entre aqueles que se valeram do terrorismo na América Latina, estão: Luis Posada Carriles, Carlos Marighella, Abimael Guzmán Reynoso, Carlos Lamarca, Ernesto Che Guevara, entre outros. Membros participantes de grupos como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) são atuantes até hoje.
No Oriente Médio, grupos como Hamas, Hezbollah, Setembro Negro, Al-Qaeda, Al-Nursra e Estado Islâmico também seguem atuantes. Um dos principais nomes do terrorismo islâmico era Osama Bin Laden (responsável pelos Atentados de 11 de setembro de 2001), morto em 2011, no Paquistão. Outros nomes associados às atividades terroristas no Oriente Médio são os de Carlos Chacal, Leila Khaled, Abu Nidal e Andreas Baader.
Na Europa, grupos como o ETA, entre os povos bascos (atuante na Espanha), e o IRA (atuante na Irlanda) também integraram o rol de atividades terroristas no século XX. No século XXI, um caso notório de ação terrorista foi aquele perpetrado pelo norueguês Anders Behring Breivik.
NOTAS
[1] SCHMITT, Carl. Teoria da Guerrilha – observações para esclarecimento político. Editora Arcádia: Lisboa, 1975. pp. 81-82.
Por Me. Cláudio Fernandes