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Guerrilha, ou guerra irregular, é um modo de combate caracterizado por táticas e estratégias que fogem às regras dos exércitos regulares. Enquanto os exércitos regulares são profissionais, isto é, com quadros (soldados e oficiais) com formação de carreira, dotados de conhecimento estratégico e operacional obtido em academias militares e capazes de missões coordenadas, os guerrilheiros agem de forma assimétrica, sem uma estrutura militar hierarquizada e quase sempre orientados por um viés político-ideológico.
Segundo um dos maiores estudiosos da guerrilha, o filósofo político alemão Carl Schmitt, esse tipo de luta armada pode ser definido em quatro pontos:
1) irregularidade do tipo de combate feito pelo guerrilheiro;
2) capacidade de mobilidade;
3) compromisso político;
4) caráter telúrico (ligação íntima com o meio – urbano ou rural – no qual a guerrilha se forma).
Tópicos deste artigo
Origem do termo “guerrilha”
O termo “guerrilha” deriva da palavra espanhola guerrilla, que se popularizou no país ibérico durante as batalhas populares contra as tentativas de invasão das tropas de Napoleão Bonaparte entre os anos de 1808 e 1812. Guerrilla significa “pequena guerra”, e as principais táticas empregadas eram sabotagens, atentados, emboscadas, barricadas improvisadas, cercos etc. Desde então, o termo passou a ser associado a ações similares perpetradas em diversos contextos e regiões diferentes do globo desde o século XIX até os dias de hoje.
Guerrilha e terrorismo
A guerrilha é frequentemente associada ao terrorismo, já que os meios violentos empregados são comuns em ambos. Ademais, o terrorismo, como um dos principais teóricos revolucionários do século XX, Vladimir Lenin, dizia é a “propaganda armada”. Guerrilheiros valem-se do terrorismo a fim de atrair atenção às suas “causas”, que podem ser nacionalistas, comunistas, fundamentalistas religiosas etc.
Guerrilha no século XX
Durante o século XX, as táticas de guerrilha foram usadas tanto por revolucionários comunistas como por nacionalistas e separatistas. Casos clássicos são os grupos de resistência à ocupação nazifascista durante os anos da Segunda Guerra Mundial. Em países como França e Itália, as resistências eram feitas por meio de ações tipicamente de guerrilha, como as citadas no segundo tópico deste texto.
Passada a Segunda Guerra, houve o fenômeno do financiamento, por parte das superpotências da época, Estados Unidos e União Soviética, de grupos guerrilheiros. Esse financiamento correspondia às demandas e aos interesses de cada uma dessas superpotências por razões bastante particulares, como ressalta o pesquisador Alessandro Visacro:
Guerrilhas na América Latina; guerras de independência na África; revoluções na Ásia; lutas nacionalistas na Irlanda, na Espanha e no Oriente Médio; a radicalização do movimento estudantil, que serviu de nascedouro para o euroterrorismo ou, até mesmo, qualquer outra forma de antagonismo eram, invariavelmente, atraídos, no contexto da Guerra Fria, para um dos extremos da polarização político-ideológica daquela época. Tornou-se, então, evidente para as duas superpotências, Estados Unidos e União Soviética, que apoiar ou patrocinar forças irregulares locais, além de não acarretar em desprestígio junto à opinião pública interna e internacional, era bem menos oneroso, menos perigoso e politicamente menos desgastante do que se engajar diretamente, por meio de intervenções militares, nas “guerras dos outros”. [1]
Como exemplo notório dessa ocorrência, podemos citar o financiamento de grupos islâmicos do Afeganistão, na passagem dos anos 1970 para os anos 1980, por parte dos EUA, a fim de retirar a influência soviética do país, e o financiamento da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), na região da Palestina, por parte da União Soviética a fim de promover a conquista de espaço de influência soviético-palestino no Oriente Médio.
NOTAS
[1] VISACRO, Alessandro. Guerra Irregular: terrorismo, guerrilha e movimentos de resistência ao longo da história. São Paulo: Contexto, 2009. p. 24-25.
*Créditos da imagem: Shutterstock e thomas koch
Por Me. Cláudio Fernandes