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O macartismo foi criado pelo senador estadunidense Joseph Raymond McCarthy, no final da década de 1940, e buscava criminalizar as práticas tidas como comunistas no território estadunidense, além de promover o desgaste e desestabilização do Partido Democrata, sendo utilizado para perseguições políticas e ideológicas.
Durante a sua prática foi instalada uma política que ficou conhecida como “caça às bruxas”, que consistia em acusações a pessoas e instituições que apresentavam supostas vinculações ao comunismo soviético. Por meio dessa prática, o macartismo incitava a população norte-americana a denunciar membros da família, colegas de trabalho e amigos. Entre as consequências do macartismo, pode-se destacar o acirramento das tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética no contexto da Guerra Fria e a consolidação de um imaginário anticomunista no continente americano.
Leia também: O que é o comunismo?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre macartismo
- 2 - O que é macartismo?
- 3 - Antecedentes históricos do macartismo
- 4 - Quais eram os objetivos do macartismo?
- 5 - Características do macartismo
- 6 - Macartismo e a “caça às bruxas”
- 7 - Quem foi Joseph McCarthy?
- 8 - Exercícios resolvidos sobre macartismo
Resumo sobre macartismo
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O macartismo foi criado pelo senador estadunidense do Partido Republicano Joseph Raymond McCarthy, no final da década de 1940, e consistiu em uma campanha de perseguição aos comunistas.
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Caracterizou como antiamericanas e estrangeiras as políticas implementadas pelo New Deal durante o governo do presidente Franklin Delano Roosevelt.
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Durante o contexto da Guerra Fria, o macartismo associou o comunismo soviético à ameaça estrangeira que colocaria em risco a Segurança Nacional dos Estados Unidos.
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A cultura de massa foi fundamental para a construção do imaginário anticomunista durante o macartismo.
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O macartismo, por meio de censuras, perseguições e prisões, iniciou um período que ficou conhecido como “caça às bruxas”.
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Uma das principais consequências do macartismo foi o acirramento das tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética no contexto da Guerra Fria.
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A política de caça às bruxas, implementada pelo macartismo, continuou viva no imaginário estadunidense e também influenciou países latino-americanos, como o Brasil.
O que é macartismo?
Com nome vinculado ao senador estadunidense Joseph Raymond McCarthy, o macartismo foi um período de intensa fortificação do sentimento anticomunista nos Estados Unidos, entre as décadas de 1940 e 1950, durante o contexto da Guerra Fria, por meio de acusação, cerceamento de direitos, prisões arbitrárias, perseguição de pessoas e apreensão e proibição de livros, filmes, músicas e quaisquer manifestações artísticas ou intelectuais que fossem compreendidas como práticas vinculadas ao comunismo internacional. Nesse sentido, muitas pessoas — entre elas sindicalistas, funcionários públicos, artistas, estudantes e professores — tiveram suas vidas públicas e privadas prejudicadas.
Tendo como estratégia o uso de discursos públicos para acusar sem provas cidadãos e membros do Estado de práticas comunistas, o macartismo conseguiu criar um inimigo interno comum a ser combatido: o comunismo soviético. Assim, por meio de censuras, perseguições e prisões, iniciou-se um período que ficou conhecido como “caça às bruxas”. Durante essa fase, mais de 600 pessoas foram investigadas por oferecerem perigo ao convívio social e acusadas de atentarem contra a Segurança Nacional pelo Subcomitê de Investigações Permanentes do Senado, presidido por McCarthy.
No campo político-social, o macartismo caracterizou como antiamericanas e estrangeiras as políticas implementadas pelo New Deal durante o governo do presidente Franklin Delano Roosevelt. Tal estratégia foi fundamental para a perseguição de inimigos políticos, ataques e desestabilização do Partido Democrata.
A caracterização do comunismo como algo ruim e perverso foi muito explorado pelo imaginário anticomunista. Nesse sentido, a cultura de massa — por meio das histórias em quadrinhos, da publicidade e propaganda e dos meios de comunidação — foi fundamental para a manutenção da ideia de combate ao comunismo, identificando-o como o vilão. Assim, os personagens da Marvel Comics, por exemplo, estavam inseridos em temáticas que iam desde a corrida espacial e armamentista até a ameaça comunista e a necessidade de combate aos soviéticos.
O macartismo também contribuiu com a demonização dos comunistas, representados como imorais, adversários da fé cristã tradicional que colocariam em risco a preservação da estrutura familiar e corruptores da juventude. Além disso, associou o comunismo soviético à ameaça estrangeira que colocaria em risco a Segurança Nacional dos Estados Unidos. Dessa forma, através do uso da arte e da mídia, construiu-se um ambiente de terror e medo em relação ao comunismo.
A vinculação do comunismo a ideias tidas como perigosas por grande parte da população foi capaz de criar um consenso anticomunista na sociedade norte-americana. Assim, entre as consequências do macartismo pode-se destacar o acirramento das tensões entre os Estados Unidos e a União Soviética no contexto da Guerra Fria e a consolidação de um imaginário anticomunista no continente americano.
Na atualidade, algo muito semelhante ao macartismo ocorre com a comunidade islâmica nos Estados Unidos. O medo do terrorismo promove a intensificação da islamofobia, por meio de generalizações, acusações e violações de direitos.
Interessante: um caso emblemático nesse período foi a condenação do casal de cientistas Julius Rosenberg e Ethel Greenglass à cadeira elétrica pela acusação de vazamento de informações para a União Soviética sobre projetos nucleares relacionados à criação da bomba atômica desenvolvidos nos Estados Unidos. Outro caso foi o de Milo Radulovich, jovem estadunidense expulso do Exército por se recusar a denunciar membros da sua própria família por práticas comunistas. Na área artística, o diretor, cineasta, ator e roteirista Charles Chaplin foi expulso dos Estados Unidos e teve toda a sua obra confiscada e censurada sob a acusação de propagação ideológica comunista.
Antecedentes históricos do macartismo
Durante o contexto da Guerra Fria, de estabelecimento de uma nova ordem geopolítica no mundo, a ordem bipolar, na qual os Estados Unidos (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) disputavam áreas de influência no mundo, além do receio de um confronto direto entre esses polos, havia também o forte sentimento anticomunista que foi incentivado dentro e fora dos Estados Unidos. No âmbito interno estadunidense, a perseguição aos comunistas ficou conhecida como macartismo.
Nesse período, no aspecto econômico, os Estados Unidos haviam criado o Plano Marshall (1947), almejando a conteção da expansão dos ideais comunistas por meio da recuperação econômica europeia, e a URSS havia criado o Comecom (1949), buscando a integração econômica do Leste Europeu. No aspecto militar, EUA e URSS haviam criado a Otan (1949) e o Pacto de Varsóvia (1955), respectivamente. Além disso, as disputas e os debates ideológicos sobre comunismo e capitalismo se refletiam na Ásia por meio da Guerra da Coreia (1950–1953) e a Guerra do Vietnã (1959–1975).
No plano político e social interno estadunidense, o macartismo insere-se nos governos dos presidentes Harry S. Truman (1945–1953) e Dwight D. Eisenhower (1953–1961), de ampliação e consolidação do estado de bem-estar social (welfare state) e do estilo de vida americano (american way of life), fazendo os Estados Unidos de vitrine para o mundo ocidental.
Quais eram os objetivos do macartismo?
O macartismo tinha como objetivo criminalizar as práticas tidas como comunistas no território estadunidense, além de promover o desgaste e desestabilização do Partido Democrata, sendo utilizado para perseguições políticas e ideológicas. Nesse sentido, o macartismo buscava impedir que pessoas vinculadas ao comunismo internacional ou simpatizantes a ideias socialistas ocupassem espaços de poder em funções públicas ou em instiuições privadas, assim como em empresas, em universidades e nos meios de comunicação.
Também não podemos esquecer que o macartismo acabou dando muita visibilidade política ao senador Joseph R. McCarthy.
Características do macartismo
Entre as características do macartismo, destacam-se as seguintes:
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incitação da população a denunciar práticas vinculadas ao comunismo, ainda que sem provas;
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uso da propaganda, da arte, da mídia e do aparato público para manipulação da população;
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perseguição, prisão e cerceamento dos direitos das pessoas de modo arbitrário, ferindo os direitos humanos;
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perseguição de inimigos políticos;
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criação e veiculação de listas com os nomes das pessoas tidas como comunistas ou simpatizantes ao comunismo soviético;
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demonização dos comunistas, representados como imorais, adversários da fé cristã tradicional e corruptores da juventude;
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associação do comunismo à ameaça estrangeira que colocaria em risco a Segurança Nacional dos Estados Unidos;
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criação e fortalecimento de um imaginário anticomunista nos Estados Unidos, que posteriormente se espalhou em suas áreas de influência política, cultural, social e econômica, principalmente na América Latina;
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criação de um inimigo comum: o comunismo soviético.
Veja também: Qual é a diferença entre socialismo e anarquismo?
Macartismo e a “caça às bruxas”
De nome inspirado nas perseguições realizadas às mulheres, crianças e homens acusados de heresia pela Igreja Católica durante a Idade Medieval e a Idade Moderna, a política de “caça às bruxas”, no contexto do macartismo, consistia em acusações a pessoas e instituições que apresentavam supostas vinculações ao comunismo soviético. Por meio da política de “caça às bruxas”, o macartismo incitava as pessoas norte-americanas a denunciarem umas às outras, ainda que fossem membros da mesma família, colegas de trabalho ou amigos. Além disso, era possível apresentar denúncias sem provas para o início do processo de investigação.
Quem foi Joseph McCarthy?
Joseph Raymond McCarthy foi senador do estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, entre 1947 e 1957, pelo partido político Republicano e presidente do Comitê Permanente do Senado para os Assuntos Internos. No início da década de 1950, durante os governos dos presidentes Harry S. Truman (1945–1953) e Dwight D. Eisenhower (1953–1961), McCarthy iniciou um processo de perseguição e caça aos comunistas por meio de acusações públicas.
Em 1950, o senador exibiu uma lista com supostos integrantes do Partido Comunista aliados ao comunismo internacional que teriam atentado contra a Segurança Nacional dos Estados Unidos fornecendo informações para a União Soviética. A partir de então, iniciou a política que ficou conhecida como “caça às bruxas”. Nesse caso, as bruxas seriam as pessoas que tivessem práticas relacionadas ou que simpatizassem com o comunismo soviético.
Em 1954, após tentar incluir o Exército estadunidense nas investigações anticomunistas, McCarthy caiu em descrédito, sendo acusado de abuso de poder pelo Senado. Alguns anos depois, em 1957, McCarthy faleceu de hepatite, provavelmente em consequência do alcoolismo. Entretanto, a política de caça às bruxas implementada por ele continuou viva no imaginário estadunidense e também acabou influenciando países latino-americanos como o Brasil, sob a interferência dos Estados Unidos.
Exercícios resolvidos sobre macartismo
Questão 1
(PUC) Durante a Guerra Fria, desenvolveu-se, nos Estados Unidos, uma ideologia conhecida como macartismo. Essa ideologia tinha como objetivo:
A) Caracterizar as bases da política externa dos Estados Unidos para a América Latina depois da Revolução Cubana.
B) Definir os fundamentos da doutrina geopolítica dos Estados Unidos para as Américas e para a região do oceano Pacífico.
C) Definir os princípios da presença das multinacionais americanas nas regiões de grande interesse estratégico dos Estados Unidos.
D) Fundamentar organizações internacionais, como a ONU, a OEA e a Otan, que se tornaram grandes instrumentos de execução da política externa americana durante a Guerra Fria.
E) Vigiar e impedir que simpatizantes de ideologias de esquerda ocupassem cargos de liderança e influência no funcionalismo público, no governo, nas universidades, nos meios de comunicação e nas grandes corporações econômicas americanas.
Resolução:
Alternativa E.
O macartismo buscava criminalizar as práticas tidas como comunistas nos Estados Unidos e impedir que pessoas vinculadas ao comunismo internacional ou simpatizantes a ideias socialistas ocupassem espaços de poder em funções públicas ou em instituições privadas, assim como em empresas, em universidades e nos meios de comunicação.
Questão 2
(FGV) Podemos definir o macartismo como:
A) Uma dura campanha de investigações dirigida por parlamentares norte-americanos, voltada a quem fosse considerado suspeito de subversão ou colaboração com os países comunistas.
B) Uma campanha antisemita que se estabeleceu nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial e que investigava as vinculações entre os judeus e os dirigentes soviéticos.
C) Uma campanha de investigações que se voltou contra sindicalistas, intelectuais e cientistas e poupou os artistas de Hollywood, os diretores de cinema e os escritores norte-americanos.
D) Uma campanha publicitária que procurava enaltecer o senador Joseph McCarthy, candidato republicano à presidência dos Estados Unidos da América e que era profundamente anticomunista.
E) Uma política de aproximação entre os EUA e a União Soviética liderada, na década de 1940, pelo socialista Joseph McCarthy, em virtude da necessidade de derrotar o nazifascismo.
Resolução:
Alternativa A.
O macartismo foi um período de intensa fortificação do sentimento anticomunista nos Estados Unidos, durante o contexto da Guerra Fria, por meio de acusação e perseguição de civis e políticos, apreensão e proibição de livros, filmes, músicas e quaisquer manifestações artísticas ou intelectuais que fossem compreendidas como prática vinculada ao comunismo internacional.
Fontes
ABRANTES, Alexandre Fagundes. Os usos políticos do passado em "boa noite e boa sorte": a produção de memórias sobre o macarthismo através da apropriação de imagens de arquivo. Dissertação (Mestrado).Universidade Federal Fluminense. Niterói. 2018.
DOS SANTOS, Rodrigo Otávio. Medo, paranoia, macarthismo e o século XXI: usando o episódio 22 de “Além da imaginação” em sala de aula. História: Questões & Debates, v. 67, n. 1, p. 283-307, 2018.
MOTTA, Rodrigo P. S. Em guarda contra o “Perigo Vermelho”: anticomunismo no Brasil (1917-1964). São Paulo: Perspectiva - Fapesp, 2002.
Por Vanessa Clemente Cardoso
Professora de História