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O Pacto de Varsóvia, também conhecido como Tratado de Amizade, Cooperação e Assistência Mútua, foi um acordo assinado, em 14 de maio de 1955, entre a União Soviética e seus países satélites. O seu nome se deve ao local onde o pacto foi assinado: Varsóvia, capital da Polônia.
Esse acordo foi uma reação da União Soviética à criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), um acordo militar liderado pelos Estados Unidos. Essas duas alianças militares foram uma das principais características da Guerra Fria. O Pacto de Varsóvia durou até 1991, quando a União Soviética foi extinta, enquanto a Otan continua em atividade até hoje.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o Pacto de Varsóvia
- 2 - Contexto e criação do Pacto de Varsóvia
- 3 - Objetivos do Pacto de Varsóvia
- 4 - Principais características do Pacto de Varsóvia
- 5 - Países do Pacto de Varsóvia
- 6 - Fim do Pacto de Varsóvia
- 7 - Diferenças entre o Pacto de Varsóvia e a Otan
- 8 - Exercícios resolvidos sobre Pacto de Varsóvia
Resumo sobre o Pacto de Varsóvia
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O Pacto de Varsóvia foi um acordo militar assinado em 1955 que pretendia reforçar a presença militar da União Soviética na Europa Oriental e evitar qualquer ataque de países da Otan contra seus integrantes.
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O objetivo desse pacto era contra-atacar caso algum integrante sofresse intervenção militar interna e garantir a cooperação mútua entre seus integrantes.
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O pacto só foi criado logo após a Alemanha Ocidental aderir à Otan, o que significou uma ameaça do Ocidente ao poder soviético na Europa Oriental.
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Os integrantes eram: União Soviética, Polônia, Alemanha Oriental, Tchecoslováquia, Albânia, Bulgária, Hungria e Romênia.
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O fim do Pacto de Varsóvia ocorreu em 1991, logo após a dissolução da União Soviética.
Contexto e criação do Pacto de Varsóvia
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Antecedentes históricos
Logo após o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, duas superpotências emergiram: a União Soviética e os Estados Unidos. Ambas dividiram o mundo ao meio, buscando zonas de influência. Os países socialistas estavam sob o comando soviético, e os capitalistas eram liderados pelos norte-americanos.
O primeiro alvo dessa disputa aconteceu em 1947, quando começaram os planos econômicos para ajudar financeiramente a Europa a se reerguer após o fim da guerra. Tanto Estados Unidos como União Soviética investiram nessa reconstrução para marcar a sua posição no continente europeu e afastar seu inimigo.
Com isso, o Velho Mundo ficou dividido em Europa Ocidental — alinhado com o capitalismo e recebendo ajuda financeira por meio do Plano Marshall — e em Europa Oriental, que se alinhou com o socialismo e teve sua reconstrução financiada pela União Soviética por meio do Conselho para Assistência Econômica Mútua (Comecon).
Estava formado um mundo bipolar, dividido por zonas de influências lideradas por Estados Unidos e União Soviética. Era o começo da Guerra Fria. As duas superpotências não entraram em um conflito direto, mas suas ações políticas, econômicas, culturais, espaciais e militares se rivalizaram por décadas, cada uma tentando superar a inimiga para manter o maior número de zonas de influência.
Além da reconstrução da Europa, norte-americanos e soviéticos procuraram intervir na descolonização da Ásia e da África. As antigas colônias europeias conquistavam suas independências e não tinham alternativa a não ser aderir às duas ideologias em combate naquele momento. Se Estados Unidos e União Soviética não entraram em confronto direto, o mesmo não ocorreu com os países que aderiram a uma das superpotências. Foi assim na Guerra da Coreia (Coreia do Norte, socialista, contra a Coreia do Sul, capitalista) e na Guerra do Vietnã (Vietnã do Norte, socialista, contra Vietnã do Sul, capitalista).
Apesar de não haver um conflito armado entre as superpotências, ambas procuraram se armar para caso houvesse uma nova guerra. Mas o confronto não seria feito com as armas utilizadas na Segunda Guerra Mundial, mas sim com armas atômicas, que teriam efeitos destrutivos bem maiores dos que houve na guerra. Por isso, para evitar esse confronto, Estados Unidos e União Soviética fizeram acordos militares com seus aliados para manter as suas hegemonias sobre as zonas de influência conquistadas e evitar ataques inimigos.
Como as duas superpotências se armaram com bombas nucleares, foi necessária a criação de uma coexistência pacífica na qual americanos e soviéticos evitariam guerras com armas que teriam força para destruir o mundo. Apesar disso, os dois países não deixaram de investir em armamentos e de proteger militarmente seus aliados.
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Criação do Pacto de Varsóvia
O Pacto de Varsóvia foi uma aliança militar entre a União Soviética e seus países satélites para reforçar a presença soviética na Europa Oriental. Foi uma reação aos Estados Unidos terem criado a Otan, que também era um acordo militar, mas de defesa dos países alinhados com os norte-americanos. Por meio do Pacto de Varsóvia, os soviéticos puderam impor sua força militar sobre os países socialistas da Europa Oriental e reprimir qualquer manifestação contrária às ordens vindas de Moscou, capital do império soviético.
O mais conhecido exemplo desse pacto em ação aconteceu em Praga, capital da Tchecoslováquia, em 1968. O governo local pretendia realizar reformas modificando a estrutura soviética ali imposta. O primeiro-ministro Alexander Dubcek queria, com essas reformas, fazer um “socialismo com rosto humano”. Ele pretendia acabar com a censura e permitir a livre manifestação de ideias. Porém, o desejo de reformas logo foi abafado pelas tropas soviéticas que invadiram a Tchecoslováquia, obrigando Dubcek a renunciar.
Objetivos do Pacto de Varsóvia
Os objetivos do Pacto de Varsóvia eram:
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a manutenção da presença militar soviética nos seus países satélites;
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estabelecer cooperação mútua entre os seus integrantes; e
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contra-atacar caso houvesse algum ataque vindo de algum país da Otan contra algum integrante do pacto.
Esses objetivos mostram que, apesar de a Guerra Fria não contar com o conflito armado entre Estados Unidos e União Soviética, isso não impediu que as duas superpotências investissem pesado em acordos militares e posicionamento de suas tropas no continente europeu.
Principais características do Pacto de Varsóvia
O Pacto de Varsóvia assemelhou-se bastante à Otan. Com relação à sua organização, era formado por comissões militares e políticas cujos integrantes eram chefes das Forças Armadas e dos comandos dos Estados maiores dos países integrantes. A principal preocupação do Pacto de Varsóvia era organizar militarmente o bloco socialista da Europa Oriental e evitar qualquer ataque vindo da Otan no continente.
Em seu estatuto, o Pacto de Varsóvia determinava a mobilização preventiva em caso de ataque, reação militar se um dos integrantes do pacto fosse atacado e estabelecimento de uma pauta comum de esforço nacional. A aliança militar soviética previa o avanço militar da superpotência socialista sobre a Europa Oriental e a manutenção da ordem interna dos seus países-membros, além de evitar e intimidar qualquer ataque militar vindo do Ocidente.
Países do Pacto de Varsóvia
Os países que integraram o Pacto de Varsóvia foram:
China, Coreia do Norte, Egito e Índia não fizeram parte do pacto, mas foram convidados para serem países observadores.
Fim do Pacto de Varsóvia
O enfraquecimento do Pacto de Varsóvia coincidiu com o fim da União Soviética. Desde meados da década de 1980, Moscou já não tinha mais dinheiro para investir em armamentos e manter a cooperação entre os países integrantes do pacto. Com o fim da União Soviética, em 1991, acabava também o pacto que, desde 1955, buscou impedir o avanço da Otan sobre a Europa e fortalecer militarmente os soviéticos em seus países satélites.
Diferenças entre o Pacto de Varsóvia e a Otan
A Otan foi criada em 1949, sendo um acordo militar entre os países da América do Norte e da Europa Ocidental. Esse acordo era baseado em uma ajuda militar mútua. Caso algum dos seus integrantes fosse atacado, os demais deveriam reagir contra o ataque. Os soviéticos não viram com bons olhos a criação dessa organização, pois ela poderia interferir no avanço soviético sobre a Europa. Porém, a reação da União Soviética só aconteceu quando a Alemanha Ocidental aderiu à Otan. Isso fez com que um tratado fosse assinado imediatamente entre os países sob a zona de influência da URSS, em 1955, na cidade de Varsóvia (Polônia), dando início à versão soviética do acordo militar do Ocidente.
A Otan existe até os dias atuais, enquanto o Pacto de Varsóvia foi extinto em 1991, juntamente com a dissolução da União Soviética.
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Exercícios resolvidos sobre Pacto de Varsóvia
Questão 1 - Durante a Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética dividiram o mundo em dois e disputaram entre si zonas de influência. Apesar de não haver confronto direto entre as duas superpotências, ambas não deixaram de investir em armamento caso houvesse, de fato, um conflito armado. Assinale a alternativa abaixo que corretamente mostra dois acordos militares feitos pelas superpotências e seus aliados.
A) CIA e FBI.
B) Pacto de Varsóvia e Plano Marshall.
C) Otan e Pacto de Varsóvia.
D) Otan e Plano Marshall.
Resolução
Alternativa C. A Otan foi um acordo militar feito pelos Estados Unidos que envolveu os países da América do Norte e da Europa Ocidental para defesa de ataques externos. A União Soviética criou o Pacto de Varsóvia, em 1955, logo após a Alemanha Ocidental aderir à Otan. Os soviéticos perceberam o avanço militar do acordo ocidental e decidiram criar um pacto entre a União Soviética e seus países socialistas na Europa Oriental, para reagir a um possível ataque militar vindo da Otan contra algum dos seus integrantes.
Questão 2 - Além de cooperação militar entre seus integrantes, o Pacto de Varsóvia foi acionado em 1968 para acabar com um movimento político que pretendia fazer reformas na Tchecoslováquia. Esse movimento ficou conhecido como:
A) Primavera de Praga.
B) Revolução Cubana.
C) Gueto de Varsóvia.
D) Polícia Política.
Resolução
Alternativa A. A Primavera de Praga, ocorrida em 1968, aconteceu quando o premier da Tchecoslováquia, Alexander Dubcek, pretendia fazer reformas em seu país que garantiriam liberdade de expressão e mais espaço para o debate de ideias. O Pacto de Varsóvia foi acionado e derrotou o movimento, forçando a renúncia de Dubcek.