Verbos impessoais são verbos que não possuem sujeito (elemento que pratica ou sofre a ação verbal) e são conjugados apenas na terceira pessoa do singular. As três pessoas do singular são “eu” (primeira), “tu” (segunda), “ele ou ela” (terceira). As três pessoas do plural são “nós” (primeira), “vós” (segunda), “eles ou elas” (terceira). São exemplos os verbos “haver” (no sentido de “existir”), em frases como “Há três fantasmas aqui.”, “haver” e “fazer” na indicação de tempo decorrido, como em “Faz seis dias que não choro.” e “Há seis dias que não rio.”, ou verbos que indicam fenômenos naturais, como, por exemplo, “Chove bastante.”
Leia também: O que são os verbos unipessoais?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre os verbos impessoais
- 2 - O que são verbos impessoais?
- 3 - Exemplos de verbos impessoais
- 4 - Frases com verbos impessoais
- 5 - Verbos impessoais x verbos pessoais
- 6 - Exercícios resolvidos sobre verbos impessoais
Resumo sobre os verbos impessoais
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Verbos impessoais são verbos que não possuem sujeito e são conjugados apenas na terceira pessoa do singular.
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O verbo “haver”, no sentido de “existir”, é impessoal.
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Os verbos “haver” e “fazer” são impessoais quando indicam tempo decorrido.
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Verbos que indicam fenômenos da natureza, como “chover”, “nevar” etc. também são impessoais.
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Os verbos “bastar”, “chegar” e “tratar-se” podem ser impessoais.
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O verbo “ir”, se mostra o tempo em que algo aconteceu ou está acontecendo, é impessoal.
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“Andar” é impessoal se aponta o tempo em que algo está acontecendo.
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“Passar”, com noção de tempo, também é impessoal.
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Os verbos pessoais, ao contrário dos impessoais, possuem sujeito e podem ser conjugados em todas as pessoas verbais.
O que são verbos impessoais?
Os verbos impessoais são verbos que não possuem sujeito e são conjugados apenas na terceira pessoa do singular.
Por exemplo, na frase “Chove sem parar.”, quem é o sujeito? Ou seja, com que pessoa o verbo “chover” concorda? Você vai me dizer: “Ora, concorda com ele.”, já que está conjugado na terceira pessoa do singular do presente do indicativo.
Tudo bem, concordo com você. Mas quem é ele? Quem é que chove? Tenho certeza de que você não sabe. Isso porque verbo que indica fenômeno natural não tem sujeito. Outra definição de sujeito é o elemento que pratica ou recebe a ação indicada no verbo. Então, na prática, um verbo impessoal não tem sujeito, pois ninguém pratica a ação de chover ou “é chovido” por algo.
Além disso, os verbos impessoais ficam sempre na terceira pessoa do singular. Isso significa que eu não posso dizer “eu chovo”, “tu choves” ou “nós chovemos”, já que chover é fenômeno natural, e, por isso, não faz sentido eu dizer que “nós chovemos”, pois isso é incoerente.
As pessoas do verbo são eu (primeira pessoa do singular), tu (segunda pessoa do singular), ele ou ela (terceira pessoa do singular), nós (primeira pessoa do plural), vós (segunda pessoa do plural), eles ou elas (terceira pessoa do plural). Essas pessoas verbais atuam como sujeito do verbo.
No próximo tópico, vou colocar vários exemplos de verbos impessoais para que você entenda melhor, combinado?
Exemplos de verbos impessoais
Verbos que indicam fenômenos naturais são impessoais e, portanto, não têm sujeito e são conjugados apenas na terceira pessoa do singular, como:
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amanhecer:
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Amanheceu e não consegui dormir.
Amanhecia na cidade que não dorme.
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anoitecer:
Anoiteceu na floresta.
No inverno, anoitecia às cinco da tarde.
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chover:
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Choveu muito no Paraguai?
Chove o dia inteiro em Londres.
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nevar:
Nevará amanhã segundo a meteorologia.
Nevaria neste mês não fosse a mudança climática.
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relampejar:
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Relampejou muito à noite, e tive medo.
Ela disse que relampejara por volta das dez da noite.
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trovejar:
Aqui troveja muito quando chove.
Trovejava tanto que meu cachorro começou a chorar.
Os verbos “fazer” e “estar” também são impessoais quando estão associados a fenômenos naturais, como você pode perceber nas seguintes frases:
Fez frio em São Paulo ontem.
Estava frio em São Paulo ontem.
Faz calor em Recife.
Está quente em Recife.
Fez sol em Belo Horizonte?
Também é impessoal o verbo “haver”, com o sentido de “existir”:
Há muitas pessoas que preferem fugir da realidade.
Naquele dia, havia sombras misteriosas no quarto.
O mesmo ocorre quando “haver” tem o sentido de tempo decorrido, ou seja, indica tempo que passou:
Há cinco anos, cheguei a este povoado.
Diziam que, havia cem anos, uma peste tomara conta da cidade.
Outro verbo que fica impessoal quando tem o sentido de tempo decorrido é “fazer”:
Faz cinco anos, cheguei a este povoado.
Diziam que, fazia cem anos, uma peste tomara conta da cidade.
Você percebeu, que, nesses casos, “haver” e “fazer” foram conjugados na terceira pessoa do singular e não apresentam sujeito. Só quero te lembrar que essa é a definição de verbo impessoal. Assim, possuem essas características os verbos:
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bastar + de:
Basta de encrencas!
Basta de superficialidades.
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chegar + de:
Chega de encrencas!
Chega de superficialidades.
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tratar-se + de:
Trata-se de questões importantes.
Tratava-se de problemas familiares.
Outro caso é o verbo “ir” (seguido de “em” ou “para”), na indicação de tempo em que algo ocorre ou ocorreu:
Vai para dez anos que meu pai morreu.
Vai em cinco meses mais ou menos que estamos neste estado.
O verbo “andar” (seguido de “por”) também pode ser impessoal quando aponta o tempo em que alguma coisa está acontecendo:
Anda por dois dias que não te vejo.
Andava por duas semanas que não dormia bem.
Para terminar, não podemos esquecer o verbo “passar”. Ele é impessoal quando expressa noção de tempo. Nesse caso, ele é seguido da preposição “de”, lembrando que preposição é um termo que estabelece a relação entre duas palavras. Assim, temos:
Já passava de cinco horas, e meu marido não chegava.
Já passava de três dias, e não tínhamos uma solução.
Mas os verbos impessoais mais utilizados são mesmo aqueles que indicam fenômeno da natureza (“chover”, “nevar”, “trovejar” etc.), além dos verbos “haver” e “fazer”. Aliás, é muito comum as pessoas falarem ou escreverem:
Haviam muitas pessoas lá.
Haviam dois anos que cheguei.
Fazem três meses que parti.
Apesar de muita gente usar esses verbos dessa forma, eu preciso te lembrar que, segundo a gramática normativa, essas construções estão incorretas.
Acesse também: O que são os verbos anômalos?
Frases com verbos impessoais
A mulher disse que havia muitos ratos na casa.
Eu sei que faz horas que não temos notícia, mas sejamos otimistas.
Ventava forte quando saí de casa.
Basta de tantas mentiras, não suportamos mais.
Quero te dizer que chega de atrasos e desculpas esfarrapadas.
Há momentos em que é difícil sobreviver.
Fazia dias que ninguém aparecia para conversar.
Naqueles dias, chuviscava e fazia frio.
Andava por três dias que meu cachorro estava desaparecido.
Já passava de dois meses desde seu último telefonema.
Estava revoltado com a impunidade, pois já ia para dois anos o assassinato de sua filha.
Não se esqueça de que se trata de livros de ficção e não de autoajuda.
Foi visitá-la quando fazia seis meses do ocorrido.
Imagino que não haverá cadeiras para todos os convidados.
Verbos impessoais x verbos pessoais
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Verbos impessoais: são conjugados apenas na terceira pessoa do singular e não apresentam sujeito. Os mais usados são:
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“haver” (com o sentido de “existir”), usado em frases como “Há milhares de pessoas desesperadas.”
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“haver” (na indicação de tempo), presente em enunciados como “Havia vinte anos que não voltava àquela cidade.”
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“fazer” (na indicação de tempo), utilizado em frases como “Faz seis meses que meu filho nasceu.”
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Além desses dois principais verbos, os verbos que indicam fenômenos naturais também são impessoais, como mostro nestes exemplos:
Trovejava todos os dias.
Amanhecia, e nós ainda não havíamos terminado o trabalho.
Como você pode perceber, tais verbos não têm um sujeito, isto é, o elemento que pratica a ação expressa pelo verbo.
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Verbos pessoais: ao contrário dos impessoais, apresentam um sujeito e podem ser conjugados em todas as pessoas do verbo: eu (primeira pessoa do singular), tu (segunda pessoa do singular), ele ou ela (terceira pessoa do singular), nós (primeira pessoa do plural), vós (segunda pessoa do plural), ele ou ela (terceira pessoa do plural).
Portanto, os verbos pessoais são a maioria dos verbos de nossa língua. Por isso, vou dar exemplos de frases de apenas um verbo pessoal. No caso, o verbo “votar”:
Eu votei nas últimas eleições.
Tu votaste nas últimas eleições?
Carmela votou nas últimas eleições.
Nós votamos nas últimas eleições.
Amigos, [vós] votastes nas últimas eleições?
Juliano e Alfredo votaram nas últimas eleições.
Note que o verbo “votar” apresenta os sujeitos “eu”, “tu”, “Carmela”, “vós (os amigos)”, “Juliano e Alfredo (eles)”. Ao contrário de um verbo impessoal, “votar” é conjugado, portanto, em todas as pessoas do verbo.
Eu sei que, por exemplo, o verbo “fazer” pode ser pessoal também. Mas ele é pessoal quando tem o sentido de “realizar algo”, como em “Luca faz uma bela macarronada.” ou “Eu faço um pudim delicioso.” Então, você precisa saber qual o sentido em que o verbo está sendo usado. Se indicar tempo decorrido, como já vimos, ele é impessoal.
O mesmo podemos dizer dos verbos “ir”, “andar”, “passar” e “chegar”, que podem ser usados em enunciados como: “eu vou” (no sentido de deslocar-se), “nós andamos” (ou seja, “caminhamos”), “tu passas pela janela” (no sentido de atravessar), “nós chegamos ao campo” (no sentido de alcançar determinado lugar).
Então, de acordo com o sentido com que estão sendo utilizados, tais verbos podem ser pessoais ou impessoais.
Exercícios resolvidos sobre verbos impessoais
Questão 1
(Unimontes)
As mentiras que o seu cérebro conta para você
Você não toma as próprias decisões — e boa parte do que vê não é real. É apenas uma ilusão criada pelo seu cérebro, que passa pelo menos 4 horas por dia enganando você. Conheça os truques que ele aplica — e saiba o que realmente acontece dentro da mente.
Você fica cego 4 horas por dia. Já foi enganado por um rótulo nesta semana. Tem preconceitos sobre todos os assuntos (por mais que ache que não). Toma decisões irracionais, que vão contra os seus interesses. Você não está no controle da própria mente. Mas não se preocupe; você é normal. Não é maluco e possui um cérebro perfeito, como o de qualquer outra pessoa. Só que ele inventa coisas para iludir você. Não é por mal. É só uma maneira de economizar energia.
[...]
Tudo começa pela visão. Você não percebe, mas o cérebro edita o que você vê. Das 16 horas por dia que uma pessoa passa acordada, em média, 4 horas são preenchidas por imagens “artificiais” — que não foram captadas pelos olhos, e sim criadas pelo cérebro. O olho humano só capta imagens com clareza em uma pequena parte, a fóvea, que tem 1 milímetro de diâmetro e fica no centro da retina. Tem mais: o que você enxerga não é o que está acontecendo — e sim o que vai acontecer no futuro. É sério. Isso acontece porque a informação captada pelos olhos não é processada imediatamente. Ela tem de passar pelo nervo óptico e só depois chega ao cérebro. O processo leva frações de segundo, e você não pode esperar — um atraso na visão pode fazer com que você seja atropelado ao atravessar a rua, por exemplo. Então, o que faz o cérebro? Inventa. Analisa os movimentos de todas as coisas e fabrica uma imagem que não é real, contendo a posição em que cada coisa deverá estar 0,2 segundo no futuro. Você não vê o que está acontecendo agora, e sim uma estimativa do que irá acontecer daqui a 0,2 segundo.
Para Kahneman, psicólogo israelense, o cérebro tem dois tipos de pensamento. O primeiro é rápido e intuitivo e confia na experiência, na memória e nos sentimentos para tomar decisões. O segundo é lento e analítico — e serve como uma espécie de guardião do primeiro.
[...]
SANTI, Alexandre de. As mentiras que o seu cérebro conta para você. Superinteressante, São Paulo, p. 54-59, junho de 2012. Texto adaptado.
Assinale o contexto em que o verbo “ter” foi usado, coloquialmente, como impessoal, substituindo o verbo “haver” e, portanto, não deverá ser flexionado.
A) “Você fica cego 4 horas por dia. Já foi enganado por um rótulo nesta semana. Tem preconceitos sobre todos os assuntos (por mais que ache que não).”
B) “Tem mais: o que você enxerga não é o que está acontecendo...”
C) “Ela tem de passar pelo nervo óptico e só depois chega ao cérebro.”
D) “Para Kahneman, psicólogo israelense, o cérebro tem dois tipos de pensamento.”
Resolução:
Alternativa B.
Em “Tem mais”, o verbo não possui sujeito. Segundo a norma culta, o correto é usar o verbo “haver”, ou seja, “Há mais”. O verbo “haver”, com o sentido de “existir”, é impessoal. Na linguagem coloquial, nós, brasileiros, temos o hábito de usar “tem”, com o sentido de “existir”, em vez do verbo “haver”.
Questão 2
Analise estas orações:
I. No dia 5 de maio, fazem sete anos que me divorciei.
II. Naquela época, eles faziam de tudo para se destacar.
III. Fazia dez meses que Alice desaparecera.
O uso do verbo “fazer” está correto em:
A) I apenas.
B) II apenas.
C) III apenas.
D) I e II apenas.
E) II e III apenas.
Resolução:
Alternativa E.
Quando o verbo “fazer” indica tempo decorrido, ele é impessoal: “No dia 5 de maio, faz sete anos que me divorciei” e “Fazia dez meses que Alice desaparecera”. Na frase “Naquela época, eles faziam de tudo para se destacar”, o verbo “fazer” é pessoal e, por isso, concorda com o sujeito “eles”.
Fontes
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 40. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2024.
RAMACCIOTTI, Adriana de Souza. A gramaticalização de verbos na Nova Gramática do Português Brasileiro. 2015. Dissertação (Mestrado em Língua Portuguesa) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015.
SANTOS, Márcia Angélica dos. Aprenda análise sintática. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.