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O verbo “ser” é um verbo anômalo, isto é, que muda de radical ao longo das conjugações. Ele funciona como um verbo de ligação entre o sujeito e seu predicativo. Assim, em regra, concorda com o sujeito. Mas, em algumas situações, pode concordar com o predicativo, dependendo de qual desses elementos o enunciador pretende enfatizar.
Leia também: Como funciona o verbo “trazer”?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o verbo “ser”
- 2 - Conjugação do verbo “ser”
- 3 - Concordância do verbo “ser”
- → Concordância do verbo “ser” com o sujeito
- → Concordância do verbo “ser” com o sujeito ou com o predicativo
- → Concordância do verbo “ser” com o predicativo (se o verbo for impessoal)
- → Concordância do verbo “ser” com sujeito composto, mas com ideia de gradação
- → Concordância do verbo “ser” com sujeito composto, posposto ao verbo
- → Concordância do verbo “ser” com sujeito com sentido coletivo
- → Concordância do verbo “ser” quando o predicativo é o demonstrativo “o” ou o termo “coisa”
- 4 - Exercícios resolvidos sobre o verbo “ser”
Resumo sobre o verbo “ser”
-
O verbo “ser” é um verbo anômalo que funciona como um verbo de ligação.
-
Em alguns casos, o verbo “ser” pode concordar tanto com o sujeito quanto com o predicativo.
-
Se for impessoal, o verbo “ser” concorda com o predicativo.
-
Após sujeito composto, com ideia de gradação, “ser” pode também concordar com o substantivo mais próximo.
-
Isso também pode acontecer quando o sujeito composto aparece posposto ao verbo.
Conjugação do verbo “ser”
O verbo “ser” é um verbo anômalo, isto é, que muda de radical ao longo das conjugações. Veja a seguir a conjugação desse verbo no modo indicativo, no modo subjuntivo, no modo imperativo e no infinitivo.
Conjugação do verbo “ser” no modo indicativo |
||
Presente |
Pretérito imperfeito |
Pretérito perfeito |
Eu sou |
Eu era |
Eu fui |
Pretérito mais-que-perfeito |
Futuro do pretérito |
Futuro do presente |
Eu fora |
Eu seria |
Eu serei |
Conjugação do verbo “ser” no modo subjuntivo |
||
Presente |
Pretérito imperfeito |
Futuro |
[que] eu seja |
[se] eu fosse |
[quando] eu for |
Conjugação do verbo “ser” no modo imperativo |
Conjugação do verbo “ser” no infinitivo |
|
Afirmativo |
Negativo |
Pessoal |
Sê tu |
Não sejas tu |
[para] ser eu |
Concordância do verbo “ser”
→ Concordância do verbo “ser” com o sujeito
O menino é muito esperto.
Os meninos são muito espertos.
Lendas e canções são partes do folclore brasileiro.
→ Concordância do verbo “ser” com o sujeito ou com o predicativo
Tudo é dores de cabeça.
(ênfase no sujeito)
Tudo são dores de cabeça.
(ênfase no predicativo)
Importante: O verbo deve concordar com nome próprio ou palavra que indique pessoa:
O adolescente é sonhos.
O mundo somos nós.
Jonas é só preocupações.
→ Concordância do verbo “ser” com o predicativo (se o verbo for impessoal)
É uma hora.
São duas horas.
Eram cinquenta anos.
Foram apenas tempestades passageiras.
São 20 de março.
É dia 20 de março.
→ Concordância do verbo “ser” com sujeito composto, mas com ideia de gradação
Uma palavra, um gesto, um abraço era necessário.
(concorda com o substantivo mais próximo)
ou
Uma palavra, um gesto, um abraço eram necessários.
(vai para o plural)
→ Concordância do verbo “ser” com sujeito composto, posposto ao verbo
Bonitos são o quarto e a sala.
(vai para o plural)
Bonito é o quarto e a sala.
(concorda com o substantivo mais próximo)
→ Concordância do verbo “ser” com sujeito com sentido coletivo
A maioria seriam criminosos no futuro.
(concorda com o predicativo)
→ Concordância do verbo “ser” quando o predicativo é o demonstrativo “o” ou o termo “coisa”
Mudanças é o que pedimos.
(concorda com o demonstrativo)
Mulheres independentes era coisa incomum naquela época.
(concorda com o termo “coisa”)
Veja também: Como funciona o verbo “pôr”?
Exercícios resolvidos sobre o verbo “ser”
Questão 1
Leia este trecho do poema “Remorso da inocente”, do poeta romântico Junqueira Freire:
[...]
E cismava: — Ai! que eu não seja
Menos linda ao meu Senhor!
Já hoje eu corri do claustro:
Dos mortos tive temor... —
E cismava: — Ai! que eu não seja
Ré de um crime que eu não sei,
Bem como o inseto escondido
Na rosa qu’ontem cortei! —
Ei-la, a cisma da donzela,
Da filha da solidão;
Ei-lo, o remorso que esconde
Nas dobras do coração.
FREIRE, Junqueira. O remorso da inocente. In: FREIRE, Junqueira. Inspirações do claustro. 2. ed. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1867.
O verbo “ser”, em destaque nas duas primeiras estrofes, está conjugado no:
A) presente do indicativo.
B) presente do subjuntivo.
C) pretérito imperfeito do indicativo.
D) pretérito imperfeito do subjuntivo.
E) imperativo negativo.
Resolução:
Alternativa B.
O verbo “ser”, no presente do subjuntivo, apresenta a seguinte conjugação: [que] eu seja, [que] tu sejas, [que] ele ou ela seja, [que] nós sejamos, [que] vós sejais, [que] eles ou elas sejam.
Questão 2
Leia, a seguir, um fragmento da crônica “Cordilheira”, de Rubem Braga:
Numa tarde vagabunda de sábado andei passeando pelo parque Balmaceda, cheio de árvores, crianças, flores e namorados. Não é proibido, felizmente, pisar na grama. É proibido colher flores e jogar bola, mas isso representa mais uma opinião das placas da Prefeitura que uma realidade humana. Aqui e ali três meninos jogam bola e uma garota colhe flores sem que o guarda, por esse motivo, perca seu bom humor. Também já fumei duas vezes no ônibus, ignorando o aviso, e ninguém me chamou a atenção; Chile, graças a Deus, é um bom país latino.
BRAGA, Rubem. Cordilheira. In: BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 28. ed. Rio de Janeiro: Record, 2010.
Sobre as três ocorrências do verbo “ser”, em destaque no parágrafo, é possível afirmar:
A) Nos três casos, o verbo “ser” está conjugado no pretérito imperfeito.
B) Na primeira ocorrência, o verbo está conjugado no imperativo negativo.
C) Em duas ocorrências, o sujeito é oracional.
D) Na segunda ocorrência, o termo “proibido” qualifica o verbo “ser”.
E) No terceiro caso, o verbo concorda com o sujeito “Deus”.
Resolução:
Alternativa C.
Em “Não é proibido, felizmente, pisar na grama”, exerce função de sujeito a oração “pisar na grama”: “Pisar na grama não é proibido”. Já em “É proibido colher flores e jogar bola, [...]”, as orações “colher flores” e “jogar bola” exercem função de sujeito: “Colher flores e jogar bola é proibido.”
Por Warley Soua
Professor de Português