PUBLICIDADE
Nos discursos inflamados do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi recorrente a alusão de que o álcool combustível (etanol) seria o combustível do futuro. De fato, o álcool é um biocombustível bem menos poluente que os combustíveis fósseis e está ao alcance no presente de forma barata e acessível à grande parte da população brasileira e até mesmo da população mundial.
No Brasil, o setor sucroalcooleiro gera divisas com a exportação na casa de US$ 7,7 bilhões, criando empregos diretos e indiretos no patamar de 3,6 milhões por ano. Por tudo isso, somando-se à grande valorização do preço do álcool no mercado internacional, em virtude da possibilidade do etanol se tornar um combustível mundial, as plantações de cana-de-açúcar têm aumentado em alguns estados do país, especialmente em São Paulo.
Tudo isso seria de se enaltecer não fossem os problemas verificados em todo o processo da produção do álcool. Os problemas da monocultura são expressos e verificáveis, permeiam toda a História da agricultura do Brasil. São Paulo possui hoje cerca de 60% de toda a produção de cana-de-açúcar do país, possui, também, em decorrência disso, concentração de terras, evasão fiscal, más condições de trabalho nas plantações e como consequência direta da monocultura: o enfraquecimento da diversidade econômica das cidades em detrimento à agropecuária e alimentos básicos. Isso sem citar os problemas ambientais e de saúde gerados no âmbito dessa produção: por exemplo, as queimadas que afetam os solos e a qualidade do ar nas cidades a sua volta, além de causaram às pessoas diversos problemas respiratórios.
É preciso olhar com bastante atenção a essa expansão (em São Paulo, nos anos de 2005-2006, a área plantada com cana-de-açúcar aumentou em 15%) do setor sucroalcooleiro, para não se cometer os erros do passado agrícola exportador brasileiro. A crença em uma só cultura pode causar a vulnerabilidade ou fragilidade diante de uma mudança econômica que afete esse setor.
Uma pequena atualização (crítica) nas pesquisas recentes sobre a produção da cana-de-açúcar no Brasil nos dias de hoje pode mostrar os numerosos problemas sociais, econômicos, ambientais e históricos da agricultura brasileira, ainda ocorrendo e sendo sustentados pelos seus resultados mais imediatos e rápidos.
Por Amilson Barbosa
Colunista Brasil Escola