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Pedro Américo foi um renomado artista brasileiro que se destacou, no final do século XIX, por suas pinturas, sobretudo as que retrataram grandes eventos da história brasileira durante a Guerra do Paraguai. Entre as principais obras desse pintor paraibano, estão: Batalha de Campo Grande, Batalha do Avaí e Independência ou Morte!.
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Tópicos deste artigo
Juventude
Pedro Américo de Figueiredo e Melo nasceu na cidade de Areia, no estado da Paraíba, no dia 29 de abril de 1843. Veio de uma família que tinha uma forte ligação com as artes, sendo que seu pai, Daniel Eduardo de Figueiredo, era um músico violinista. O pai de Pedro Américo trabalhava também como comerciante, e sua família não possuía muitos recursos.
Sua mãe chamava-se Feliciana Cirne, e o futuro pintor foi irmão de outro artista muito conhecido no século XIX, Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo, que também foi pintor. Essa forte ligação de Pedro América com as artes foi muito instigada por seu pai, e, desde a infância, ele demonstrou ter um grande talento para a pintura.
Seu talento era tamanho que, aos nove anos de idade, ele foi convidado a participar de uma expedição de um naturalista francês chamado Louis Jacques Brunnet, que viajou pelo Nordeste realizando trabalhos artísticos. Essa viagem foi uma porta de entrada para oportunidades que mudaram a vida de Pedro Américo.
Formação artística
Em 1854, Pedro Américo conseguiu ser aprovado na Academia Imperial de Belas Artes (Aiba), a instituição artística mais importante do Brasil no século XIX. Ele foi aprovado, mas, antes de iniciar seus estudos nessa instituição, complementou sua formação escolar estudando por um período no Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro.
Os relatos sobre o aluno Pedro Américo contam que ele era dedicado. Em 1856, ele pôde, de fato, iniciar seus estudos na Aiba, sendo considerado um dos melhores alunos da instituição. Sua aplicação e sua dedicação em tornar-se um artista renderam-lhe uma viagem à Europa para aperfeiçoar seus estudos.
A viagem foi inteiramente financiada pelo imperador d. Pedro II, com a condição de que Pedro Américo enviasse seus trabalhos para o Brasil, para comprovar seus avanços no continente europeu. Ele se estabeleceu em Paris e matriculou-se na École des Beaux-Arts (Escola de Belas Artes).
Além de um grande artista, Pedro Américo era um erudito, assim, aproveitou seu período em Paris e realizou estudos em física, arqueologia, e bacharelou-se em Ciências Sociais pela Sorbonne, uma das principais universidades da França. A partir de 1863, sua situação financeira se tornou mais confortável, após ele receber uma pensão da província da Paraíba.
Em 1864, retornou ao Brasil após pedido do imperador e participou de um concurso para tornar-se professor na Aiba. Ele venceu o concurso, sendo nomeado professor dessa instituição, mas licenciou-se rapidamente, pois, a partir de 1865, deu início a uma viagem pela Europa e pelo norte da África.
Em 1868, obteve o título de doutor em Ciências Naturais pela Universidade de Bruxelas. Durante esse período, Pedro Américo sustentou-se das pinturas que ele produzia e colocava à venda.
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Carreira profissional
Em 1870, ele retornou ao Brasil e chegou aqui casado com Carlota de Araújo Porto-Alegre, filha de Manuel de Araújo Porto-Alegre, diplomata do Brasil em Lisboa. Aqui ele passou a lecionar na Aiba, além de trabalhar nos museus Imperial e Nacional e produzir caricaturas para jornais.
Na Aiba, Pedro Américo lecionou as disciplinas de arqueologia, estética e história da arte. Nesse período, ele soube aproveitar o forte nacionalismo existente no país por conta da Guerra do Paraguai e fez pinturas que se tornaram bastante reconhecidas, como:
- Batalha do Campo Grande: retrata a batalha na qual o exército paraguaio era formado majoritariamente por crianças e adolescentes, resultando em um verdadeiro massacre conduzido pelas tropas brasileiras. Produzida em 1871.
- Fala do Trono: representa o imperador d. Pedro II discursando na abertura da Assembleia Geral, a cerimônia que reunia o Senado e a Câmara dos Deputados anualmente. Foi produzida em 1872.
Os trabalhos de Pedro Américo, nessa primeira metade da década de 1870, deram-lhe reconhecimento nacional. A pintura da Batalha do Campo Grande, por exemplo, rendeu-lhe a condecoração da Ordem da Rosa, dada pelo próprio imperador. Posteriormente, Pedro Américo vendeu essa obra por 13 contos de réis.
Internacionalmente, ele já gozava de certo renome. Nessa mesma década, o pintor realizou um de seus trabalhos mais reconhecidos e que teve uma enorme repercussão, tanto no Brasil quanto na Europa.
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Batalha do Avaí
A pintura Batalha do Avaí foi feita por Pedro Américo em Florença, na Itália, entre os anos de 1874 e 1877. Essa obra retrata uma das batalhas mais famosas da Guerra do Paraguai, a Batalha do Avaí, na qual as tropas brasileiras expulsaram as tropas paraguaias das margens do rio Avaí. Essa obra de arte foi um pedido da própria monarquia brasileira a Pedro Américo.
Esse acordo do pintor com a monarquia se deu em 19 de agosto de 1872, e nele Pedro Américo deveria realizar a “composição de um quadro de assunto da história pátria”|1|. A obra tem dimensões gigantescas, com o total de 50 metros quadrados, sendo 500 cm x 1000 cm.
Em março de 1877, a obra foi exposta em Florença, recebendo grande atenção da imprensa local. A pintura chegou ao Brasil no final desse ano e foi vendida ao governo brasileiro pela soma de 53 contos de réis, apesar de ter sido avaliada em 115 contos de réis.
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Últimos anos
Além de pinturas, Pedro Américo também escreveu. Em 1889, a mudança do regime político do Brasil para uma república fez com que ele fosse demitido da sua função na Aiba. Antes do fim da monarquia, Pedro Américo, ainda, fez uma grande pintura em um contrato com o estado de São Paulo. Trata-se da Independência ou Morte!, que retrata a independência em 1822.
Em 1893, ele pintou Tiradentes, que havia se tornado um herói entre os republicanos que derrubaram a monarquia, em 1889. Essa pintura ficou conhecida como Tiradentes Esquartejado, retratando a execução do herói, em 1792. Em 1890, Pedro Américo assumiu posição como deputado, mas teve atuação limitada por causa da sua saúde.
Em 1894, Pedro Américo mudou-se em definitivo para Florença, e lá viveu seus últimos anos. Em 7 de outubro de 1905, faleceu na cidade italiana, vítima da “cólica do chumbo”, doença causada pelo contato com as tintas, altamente tóxicas. Seu corpo foi transportado para Areia, onde está enterrado até hoje.
Nota
|1| SCHWARCZ, Lilia Moritz. A Batalha do Avaí – a beleza da barbárie: a Guerra do Paraguai pintada por Pedro Américo. Rio de Janeiro: Sextante, 2013. p. 22.
Créditos da imagem:
[1] Commons
Por Daniel Neves
Professor de História