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Peixe-leão é um nome popular designado para espécies originárias do Indo-Pacífico do gênero Pterois. A espécie destaca-se pela presença de listras verticais brancas e vermelhas alaranjadas e raios prolongados nas suas nadadeiras laterais e ventrais.
É uma espécie mais ativa ao amanhecer e ao anoitecer, observada, geralmente, em recifes. Durante o dia, fica em repouso ou se move lentamente sobre o substrato. A espécie possui 18 espinhos venenosos, sendo esse veneno capaz de provocar náusea, dor e convulsões nos seres humanos. No Brasil, ela é considerada uma espécie invasora e preocupa os ambientalistas devido ao fato, por exemplo, de não possuir predadores naturais, predar espécies nativas e proporcionar risco à saúde humana.
Confira no nosso podcast: Desafios da conservação da biodiversidade brasileira
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre o peixe-leão
- 2 - Características do peixe-leão
- 3 - Alimentação do peixe-leão
- 4 - Reprodução do peixe-leão
- 5 - Habitat do peixe-leão
- 6 - Os perigos das espécies invasoras
- 7 - Acidentes com peixe-leão no Brasil
Resumo sobre o peixe-leão
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Peixe-leão é o nome popular dado a diferentes espécies de peixes marinhos venenosos do gênero Pterois.
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Tem o corpo repleto de listras e raios prolongados em suas nadadeiras laterais e ventrais.
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Apresenta 18 espinhos venenosos.
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Trata-se de uma espécie carnívora.
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É uma espécie invasora em nosso país, e sua multiplicação pode ocasionar predação de espécies nativas, comprometimento da produção pesqueira e até mesmo proporcionar risco à saúde humana.
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Acidentes com essa espécie podem provocar dor, náusea e até mesmo convulsões.
Características do peixe-leão
Peixe-leão é o nome popular dado a diferentes espécies de peixes marinhos venenosos do gênero Pterois, sendo a espécie Pterois volitans a mais conhecida. Essa espécie de peixe caracteriza-se por apresentar uma coloração marcante, destacando-se pela presença de listras verticais brancas e vermelhas alaranjadas. Os peixes-leão possuem ainda raios prolongados em suas nadadeiras laterais e ventrais. Eles podem crescer até 47 centímetros.
Sendo animais venenosos, os peixes-leão possuem 13 espinhos em sua nadadeira dorsal, um em cada nadadeira pélvica e três na nadadeira anal, totalizando 18 espinhos que são capazes de inocular a toxina que produzem. Em seres humanos, o veneno pode provocar dores, náusea e convulsões.
Durante o dia, o peixe costuma se locomover lentamente próximo ao substrato ou permanecer em repouso. A espécie é mais ativa ao amanhecer e ao anoitecer. O pôr do sol representa o melhor momento para o peixe-leão se alimentar, uma vez que é um período de grande movimentação no recife, quando várias espécies estão retornando para repouso e proteção no local.
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Alimentação do peixe-leão
O peixe-leão alimenta-se, principalmente, de animais invertebrados, como camarões e pequenos peixes. Para conseguir seu alimento, o animal fica imóvel em recifes de corais até que a presa passe por ele. Ele então ataca a vítima e a engole por meio de sucção. Segundo o ICMBio, um peixe-leão é capaz de comer 20 peixes em meia hora e de se alimentar de animais quase do seu tamanho.
Reprodução do peixe-leão
De hábito solitário, o peixe-leão somente se junta a outros indivíduos no momento da reprodução. Esse peixe se reproduz em taxas elevadas, o que caracteriza mais um problema ao ser observado em nosso litoral. De acordo com o ICMBio, a espécie pode colocar cerca de 30.000 ovos.
Habitat do peixe-leão
O peixe-leão é nativo dos oceanos Índico e Pacífico, onde é observado, geralmente, associado a recifes. Foi avistado pela primeira vez no Atlântico, na região da Flórida, no ano de 1985, sendo atribuída sua aparição na região devido, provavelmente, à soltura de indivíduos que estavam em aquários. Alguns pesquisadores relacionam a invasão do peixe nos Estados Unidos ao furacão Andrew, em 1992, o qual foi responsável por quebrar um aquário localizado à beira-mar.
No Brasil, o peixe foi avistado pela primeira vez em 2014, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. A hipótese mais provável é que o peixe-leão tenha chegado ao Brasil por meio por correntes marítimas do Caribe, onde é também conhecido como uma espécie invasora. A troca de espécies de peixes entre o Brasil e o Caribe já é um evento conhecido. A possibilidade de que a invasão tenha ocorrido devido à soltura desses animais que estavam em aquários também não é descartada.
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Os perigos das espécies invasoras
Muitas pessoas não entendem os riscos que uma espécie invasora pode causar ao meio ambiente. Entretanto, é importante ter em mente que uma espécie, ao ser inserida em um ambiente novo, pode encontrar condições para que se desenvolva de maneira descontrolada, como acesso fácil a alimento e ausência de predadores. Ao se multiplicar excessivamente, as espécies invasoras podem competir por recursos com espécies nativas, por exemplo, e comprometer a biodiversidade local.
No caso dos peixes-leão, tem se observado um processo de invasão rápido. Além de afetar a biodiversidade, acredita-se que essa espécie pode prejudicar a pesca, o turismo e até mesmo comprometer a saúde dos seres humanos, uma vez que se trata de uma espécie venenosa. O peixe-leão consome grande quantidade de peixes, o que representa um perigo para nossas espécies nativas e endêmicas.
Acidentes com peixe-leão no Brasil
O peixe-leão é uma espécie invasora, e sua ocorrência vem sendo registrada em nosso país desde 2014. A partir do final de 2021, o peixe passou a ser avistado com mais frequência. O primeiro acidente envolvendo esse animal, no entanto, só ocorreu no ano de 2022.
O pescador Francisco Mauro da Costa Albuquerque, de 24 anos, foi o primeiro brasileiro a sofrer um acidente com esse peixe em território nacional. Em abril de 2022, o indivíduo teve o pé perfurado pelos espinhos do animal, e o veneno provocou dores, febre e convulsão. O pescador precisou ser hospitalizado.
Apesar de relatos de acidentes serem raros, é importante estar atento. Caso tenha haja algum acidente com esse animal, recomenda-se que seja feita a imersão do local onde os espinhos penetraram em água quente por cerca de meia hora a 40 minutos. É importante que o indivíduo seja levado a um hospital para que a lesão possa ser avaliada e medicamentos possam ser prescritos.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia