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Gêneros textuais do cotidiano

Aqueles considerados gêneros textuais do cotidiano assim se concebem em virtude da recorrência mediante as diversas interações linguísticas que proferimos.

Alguns gêneros, materializados pelo aspecto recorrente, são considerados como sendo do cotidiano
Alguns gêneros, materializados pelo aspecto recorrente, são considerados como sendo do cotidiano
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Gêneros textuais do cotidiano... falando assim, parece tal assunto, literalmente, estar relacionado a posicionamentos recorrentes, rotineiros, sim? Claro, sobretudo porque enfatiza de modo contundente o termo “cotidiano”. Mas, referindo-nos à palavra “gêneros”, a que estaria ela relacionada?

Pois bem, mediante nossa conduta enquanto usuários da língua, participamos ativamente de distintas situações comunicativas, sejam essas manifestadas por meio da linguagem verbal, sejam por meio da não verbal. Assim, estando-nos nesse meio inseridos, antes mesmo de proferirmos algumas palavras, desde o momento em que as informações começam a ser processadas na nossa mente, ativam-se determinadas intenções, determinadas finalidades a que nos propomos mediante o diálogo ora estabelecido.  Assim, cabe afirmar que, a depender do que se quer dizer, temos a nosso dispor uma infinidade de recursos, os quais vão desde a estrutura dos textos que construímos até a linguagem propriamente dita.

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Nesse sentido é que podemos contar com as modalidades textuais – narração, dissertação e descrição, consideradas tipologias básicas, visto que elas, uma vez determinadas, atuarão como sustentáculo para que nos apropriemos das estruturas específicas de cada texto e criemos nosso discurso de forma adequada aos objetivos que desejamos atingir frente às interlocuções estabelecidas.  Dessa forma, nada melhor que uma seção, sim, uma seção, especificamente preparada para você que deseja se interagir de forma plena com as diversas situações comunicativas das quais participamos diariamente – razão pela qual se denominam “gêneros”.

Assim, pautados nesses aspectos, aqui estarão muitos deles que, pelo caráter assim tão recorrente, são considerados pertencentes ao cotidiano, como é o caso do e-mail, do blog, da carta pessoal, do relato pessoal, enfim... não, não nos custa comprovar, concorda?!!!


Por Vânia Duarte
Graduada em Letras

Escritor do artigo
Escrito por: Vânia Maria do Nascimento Duarte Escritor oficial Brasil Escola

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

DUARTE, Vânia Maria do Nascimento. "Gêneros textuais do cotidiano"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/generos-cotidiano.htm. Acesso em 21 de novembro de 2024.

Lista de exercícios


Exercício 1

Os dias lindos

Acontece em abril, nessa curva do mês que descamba para a segunda metade. Os boletins meteorológicos não se lembraram de anunciá-lo em linguagem especial. Nenhuma autoridade, munida de organismo publicitário, tirou partido do acontecimento. Discretos, silenciosos, chegaram os dias lindos.

E aboliram, sem providências drásticas, o estatuto do calor. A temperatura ficou amena, conduzindo à revisão do vestuário. Protege-se um tudo-nada o corpo, que vivia por aí exposto e suado, bufando contra os excessos da natureza. Sob esse mínimo de agasalho, a pele contente recebe a visita dos dias lindos.

A cor. Redescobrimos o azul correto, o azul azul, que há meses se despedaçara em manchas cinzentas no branco sujo do espaço. O azul reconstituiu-se na luz filtrada, decantada, que lava também os matizes empobrecidos das coisas naturais e das fabricadas. A cor é mais cor, na pureza deste ar que ousa desafiar os vapores, emanações e fuligens da era tecnológica. E o raio de sol benevolente, pousando no objeto, tem alguma coisa de carícia.

O ar. Ficou mais leve, ou nós é que nos tornamos menos pesadões, movendo-nos com desembaraço, quando, antes, andar era uma tarefa dividida entre o sacrifício e o tédio? Tornou-se quase voluptuoso andar pelo gosto de andar, captando os sinais inconfundíveis da presença dos dias lindos.

Foi certamente num dia como estes que Cecília Meireles escreveu: "A doçura maior da vida flui na luz do sol, quando se está em silêncio. Até os urubus são belos, no largo círculo dos dias sossegados". Porque a primeira conseqüência da combinação de azul e leveza de ar é o sossego que baixa sobre nosso estoque de problemas. Eles não deixam de existir. Mas fica mais fácil carregá-los.

Então, é preciso fazer justiça aos dias lindos, oferecer-lhes nossa gratidão. Será egoísmo curti-los na moita, deixando de comentar com os amigos e até com desconhecidos que por acaso ainda não perceberam o raro presente de abril: "Repare como o dia está lindo". Não precisa botar ênfase na exclamação. Pode até fazê-la baixinho, como quem transmite boato e não deseja comprometer-se com a segurança nacional. Mesmo assim, a afirmação pega. Não só o dia fica mais lindo, como também o ouvinte, quem sabe se distraído ou de lenta percepção sensorial, ganha a chance de descobri-lo igualmente. Descobre e passa adiante a informação.

A reação em cadeia pode contribuir para amenizar um tanto o que eu chamo de desconcerto do mundo. De onde se conclui: deixar de lado, mesmo por instantes, o peso dos acontecimentos mundiais trágicos, esmagadores, para degustar a finura da atmosfera e a limpidez das imagens recortadas na luz, é um passo dado para reduzir o desconcerto, na medida em que a boa disposição de espírito de cada um pode servir de prefácio, ou rascunho de prefácio, à pacificação, ou relativa pacificação, dos povos e seus dominadores. Em vez de alienação, portanto, o prazer dos dias lindos é terapia indireta.

Pode ser que o desconhecido lhe responda com um palavrão, desses em moda na sociedade mais fina. Não faz mal. Não se ofenda. Ele descarregou sobre a sua observação amical o azedume que ameaçava corroê-lo no íntimo. Livre desse fel, talvez se habilite a olhar também para o céu e a descobrir mesmo certa beleza esvoaçante no urubu. De qualquer modo foi avisado. Já sabe o que estava perdendo: a consciência de que certos dias de abril e maio são mais lindos do que os outros dias em geral, e nos integram num conjunto harmonioso, em que somos ao mesmo tempo ar, luz, suavidade e gente.

Carlos Drummond de Andrade, texto publicado no Jornal do Brasil, 1970.

Sobre o texto de Carlos Drummond de Andrade, podemos afirmar que se trata de um texto do gênero:

a) Crônica

b) Poema.

c) Carta.

d) Reportagem.

e) Editorial.

Exercício 2

Assinale a alternativa que associa, respectivamente, as características e função social aos gêneros mencionados abaixo:

1. Pequena narrativa em que os animais são as personagens protagonistas. Apresenta uma crítica ao comportamento humano por meio da atitude de animais. Esse gênero serve como distração e moralização, pois apresenta determinados valores considerados socialmente aceitos.

2. Texto com linguagem verbal e não verbal, da ordem do descrever/prescrever, com uso de elementos voltados para determinado público-alvo, cujo objetivo é despertar sentidos ou desejos; apresenta predomínio da sugestão sobre a informação.

3. Texto com as mesmas características básicas da narração, sem, contudo, apresentar conflito. Tem a função social de representar experiências vividas situadas no tempo.

a) Crônica, fábula, anúncio publicitário.

b) Fábula, conto, notícia de jornal.

c) Relato autobiográfico, anúncio publicitário, fábula.

d) Fábula, anúncio publicitário, relato autobiográfico.

e) Relato autobiográfico, fábula, anúncio publicitário.