O Brasil teve, em 2021, o maior número de internações de bebês de até um ano por desnutrição desde 2008. É o que aponta estudo realizado pela Observa Infância, que é um órgão vinculado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A iniciativa contou com parceria de pesquisadores do centro universitário Unifase.
O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou no ano passado uma média de oito internações de bebês, com menos de um ano, por dia que estavam em situação de desnutrição. Essa condição ocorre quando há deficiências de nutrientes significativas no organismo.
Somente em 2021 foram contabilizadas, em números totais, 2.979 hospitalizações. Essa é a maior quantidade nos últimos 14 anos. São 113 internações por 100 mil nascimentos, o que representa 11% a mais do que 2008, que foi o primeiro ano a ser feito essa análise.
Até 30 de agosto dete ano, o sistema público havia registrado 2.115 internações decorrentes de desnutrição.
O Ministério da Saúde informou que R$ 345 milhões foram repassados em 2021 aos municípios brasileiros com o objetivo de fomentar ações às crianças e gestantes sobre a má nutrição.
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Regiões mais afetadas
O levantamentou apontou também as regiões onde há maior vulnerabilidade entre os bebês: o Nordeste e o Centro-Oeste. Essas localidades são afetadas pela baixa disponibilidade de água potável e pela taxa menor de saneamento básico, fatores que provocam maior probabilidade de doenças.
A taxa no Nordeste é 51% maior do que a nacional. Foram 171 hospitalizações a cada 100 mil nascimentos.
De 2020 para 2021, a região Sul foi a única que teve queda no número de internações entre os bebês com menos de um ano. O maior crescimento neste período ocorreu no Centro Oeste com aumento de 30%.
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Maioria negra
Bebês negros (pretos e pardos) foram os mais afetados pela hospitalização por desnutrição entre janeiro de 2018 e agosto de 2022 na rede pública de saúde. Eles representaram dois a cada três bebês que foram internados neste período.
No cálculo, considerou-se apenas registros em que foi possível a identificação da raça/cor. Foram 13.202 internações entre 2018 e 2021, sendo que deste total 5.246 foram de bebês negros.
O estudo identificou nos dados do SUS que não houve a informação de raça/cor em um a cada três registros.
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