Dia Mundial do Lúpus: reumatologista explica sintomas e como é tratamento da doença autoimune
Dia Mundial do Lúpus: reumatologista explica sintomas e como é tratamento da doença autoimune
Personal trainer, que tem doença desde 2016, ressalta que, com cuidados, da para ter vida completamente "normal"
Em 10/05/2024 13h59
, atualizado em 10/05/2024 14h29
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Hoje, 10 de maio, é Dia Mundial do Lúpus. A data tem como objetivo informar mais sobre a doença autoimune lúpus, estimular pesquisas acerca da causa e da cura e, ainda, promover mais informações aos pacientes e à população em geral.
Dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que aproximadamente 5 milhões de pessoas no mundo convivem com a doença. No país, estima-se que haja cerca de 65 mil brasileiros com lúpus.
Nos últimos anos, o lúpus tem tido mais visibilidade por causa de personalidades que manifestaram ter a doença. Entre as famosas que revelaram ter lúpus, estão: Lady Gaga, Selena Gómez e Kim Kardishan.
O que é lúpus?
Carlo Renner, reumatologista graduado na Universidade de São Paulo (USP), explica que lúpus é uma doença autoimune inflamatória que pode afetar diversos órgãos e sistemas. O médico ressalta que a doença pode ter várias formas de apresentação, desde mais leves como na pele e nas articulações, até mais graves como no sistema nervoso e nos rins.
"A causa do lúpus ainda não é totalmente conhecida, mas se sabe que fatores genéticos, sexo feminino e ambientais (como infecções, exposição ao sol) são importantes para o seu desenvolvimento"
Carlo Renner
Sintomas do lúpus
O médico, que é coordenador de Reumatologia dos hospitais Samaritano Higienópolis e Samaritano Paulista, lista os principais sintomas do lúpus:
Vermelhidão no rosto (conhecida como lesão em asa de borboleta) ou no corpo após exposição solar;
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Tratamento do lúpus
O reumatologista Carlo Renner destaca que, para todos os casos, a recomendação é: proteção contra raios ultravioletas com métodos de barreira (chapéu, calça, manga comprida) e filtro solar.
"Do ponto de vista medicamentoso, a hidroxicloroquina é comumente usada pelos seus muitos efeitos benéficos nos lúpus. Em casos mais graves, é necessário medicamentos imunossupressores mais potentes, como os corticoides, imunossupressores orais e imunobiológicos", salienta.
O doutor avisa que não há prevenção ou cura para o lúpus, mas como a maioria das doenças existe controle. Ele reforça que, para um bom controle da doença é importante o diagnóstico precoce, tratamento adequado e adesão da terapia por parte do paciente.
"Com um diagnóstico precoce e com tratamento eficaz, a vida do paciente com lúpus pode ser normal, mas com alguns cuidados extras: os pacientes devem ter cuidado com a exposição solar, ter consultas regulares de preferência com reumatologista, realizar exercício físico regular e ter uma rotina saudável de alimentação e de sono"
Carlo Renner
Diário de lúpus
Carolina Helena Rodrigues, personal trainer, descobriu que tinha lúpus em 2016, quando tinha 25 anos. Em 2019, ela criou uma página no Instagram com o nome "Diário de Lúpus" na qual faz vídeos informativos sobre a doença.
A profissional conta que o primeiro sintoma de lúpus foi um sinal isolado, que era uma sensilidade ao frio (Fenômeno de Raynaud). Com o tempo, surgiram outros sintomas, como desequilíbrio intestinal, queda de cabelo, emagrecimento e dor articular.
"Primeiro, fui a um clínico geral. Depois de muitos exames, ele me encaminhou a gastroenterologista para tentar entender o motivo desse desequilíbrio intestinal, já que os exames não apontavam nada irregular. Após muita busca, comentei sobre o Fenômeno de Raynaud e essa médica me enviou a um reumatologista", comenta.
Carolina avisa que o reumatologista conseguiu explicar o que eram todos esses sintomas aleatórios. "O diagnóstico de lúpus veio depois de dois anos, mas diante dos resultados dos meus últimos exames, nós já sabíamos que, finalmente, eu tinha encontrado a especialidade certa para me tratar".
O tratamento do lúpus consiste em usar um biológico chamado Belimumabe. A personal conta que, uma vez na semana, faz uma aplicação, em casa mesmo. "É como se fosse uma canetinha. Não sinto sintoma algum, o único desconforto é com a agulhada haha, mas é só na hora!", avalia.
Vida completamente "normal"
Carolina analisa que, hoje, vive uma vida completamente “normal”. Conforme ela conta, está em em remissão há três anos. Ela trabalha, malha, sai com os amigos e se diverte. Portanto, ela pensa que dá para viver uma vida da melhor forma possível, mesmo tendo lúpus.
"Acredito que o autocuidado é fundamental para quem tem lúpus Quando mais você cuidar do seu corpo, da sua alimentação e da sua saúde mental, melhor você vai conviver com ele. Os cuidados são os mesmos de uma pessoa não lúpica, mas com um compromisso e uma dedicação a mais"
Carolina Rodrigues
Segundo a personal trainer, sua única restrição é com o sol. Afinal, como ela conta e reumatologista frisou acima, o lúpico precisa tomar cuidado porque o sol é como um gatilho no organismo. "Eu tomo todos os cuidados normais diariamente, como usar protetor solar, fazer atividade física, ter uma alimentação correta e muita sombra"
Carolina sabe que as restrições para quem tem lúpus são chatas e muitas vezes difíceis, mas o segredo dela é seguir corretamente o tratamento, obedecer o que o reumatologista fala e não tentar “desafiar” o lúpus. "Acreditem, por experiência própria, não vale a pena!", recomenda.