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Dia Mundial de Conscientização do Autismo: dicas profissionais e dados da educação brasileira

A estimativa é que exista cerca de 2 milhões de pessoas com autismo no Brasil

Em 02/04/2024 12h44 , atualizado em 25/04/2024 18h00
Garota feliz olha para o céu e vê o símbolo do autismo
Ainda existem muitas perguntas relacionadas ao autismo que continuam sem resposta Crédito da Imagem: Shutterstock
Ouça o texto abaixo!

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Hoje, 2 de abril, é o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. Estima-se que mais de 2 milhões de pessoas sejam autistas no Brasil, isso por conta de uma pesquisa realizada pelo CDC (Center of Deseases Control and Prevention), órgão dos Estados Unidos, que concluiu que 1 a cada 110 pessoas seja do espectro autista.

Entretanto, ainda que o número de autistas seja considerável, ainda são encontradas muitas barreiras e falta de inclusão para este grupo de pessoas. Principalmente, quando falamos de educação, as escolas, raramente, tem infraestrutura e profissionais qualificados para lidar com pessoas do espectro autista.

Conversamos com Rosa Prista, neuropsicóloga, integrante da Escola de Autismo do Centro de Estudos da Criança e colhemos alguns dados da educação brasileira para compreender melhor o processo educacional das pessoas autistas.

Desafios educacionais para pessoas com autismo

A permanência na escola e a conclusão dos estudos são desafios consideráveis para todos em idade escolar. Mesmo para aqueles com o neurodesenvolvimento "típico", não é uma tarefa simples.

Quando o assunto é sobre pessoas que possuem um jeito singular de compreender e lidar com as situações que o mundo impõe, é preciso saber trabalhar com as diferenças.

No Brasil, há mais de 290.000 alunos diagnosticados com autismo estudando nos níveis infantil, fundamental, e médio. Ao passo que o número de profissionais especializados ainda é tímido, por exemplo, até 2022, em todo o Estado de São Paulo, havia cerca de 300 professores especializados na rede pública.

Um artigo intitulado "Escolarização de Alunos com Autismo", publicado na Revista Brasileira de Educação Especial, analisou a trajetória escolar de alunos nos municípios do interior paulista. Em uma das pesquisas, realizada em Atibaia, foi identificado que dos 94 alunos com autismo, apenas 7 deles concluíram os estudos, sendo que só 6 foram sem reprovar. 

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Cuidados com os autistas na educação

Questionamos a Rosa quais cuidados devem ser tomados na educação de pessoas com autismo. Ela fala que, primeiro, precisamos refletir qual educação é oferecida ao povo brasileiro.

Segundo ela, a educação brasileira é bastante racional e cartesiana, onde as crianças são muito pouco incentivadas nas áreas sensoriais e artísticas, apesar de precisarmos de estímulos nas duas áreas do cérebro. Então ela comenta sobre o projeto Escola de Autismo, que não é propriamente uma escola, mas que realiza atividades semanais de 30 a 40 horas visando o estímulo de pessoas autistas.

Ela diz:

Nós acreditamos no autista pessoa, cidadão. O autista tem que apreender a estar na rua, aprender a estar num shopping, a estar num restaurante. Assim como, nós temos que apreender a lidar com as especificações de cada um deles.

Então, a gente prepara uma educação em que ele tem hora para falar, tem hora para escutar, tem hora para ser informado, tem hora para ele ver um filme. Ele é trabalhado para ver um filme como todas as pessoas, nos não trabalhamos no autista para ter o cinema azul, nós não acreditamos nisso. Nós acreditamos que eles são capazes de ir com a família ver um filme, como toda pessoa vê um filme

A especialista também explica que o cérebro do autista vai desenvolver neuroplasticidade com ações que respeitem o autista. Rosa diz que respeitar o autista é ouvi-lo e para isso, é preciso uma preparação profissional, pois, às vezes, a comunicação pode se dar por meio de um olhar, ou gesto, cada um vai possuir uma maneira de comunicar.

Rosa ainda fala sobre a importância da família no processo de desenvolvimento da pessoa com autismo para fornecer uma estrutura. Ela explica que não se pode criar novas fragmentações no cérebro do autista, é necessário que ele conecte as informações que já tem.

Por fim, Rosa nos diz que é preciso a cooperação entre três frentes, escola, família e terapia.

Por Tiago Vechi

Jornalista