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Nísia Floresta

Nísia Floresta é uma escritora brasileira cujas obras apresentam traços românticos e caráter feminista. É autora de livros como Opúsculo humanitário e A lágrima de um caeté.

Desenho representativo de Nísia Floresta, uma importante escritora e feminista brasileira.
Nísia Floresta foi uma importante escritora e feminista brasileira.
Crédito da Imagem: Wikimedia Commons
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Nísia Floresta é uma escritora brasileira. Ela nasceu em 12 de outubro de 1810, na cidade de Papari, no Rio Grande do Norte. Mais tarde, foi para o Rio de Janeiro e abriu uma escola para meninas chamada Colégio Augusto. A partir de 1849, foi viver na Europa, onde publicou reconhecidas obras em francês e italiano.

A escritora, que faleceu em 24 de abril de 1885, em Rouen, na França, publicou obras de cunho feminista, em que defende o direito à educação para as mulheres. Também escreveu um romance e um longo poema, com traços românticos. Sua obra de estreia foi o livro Direitos das mulheres e injustiça dos homens.

Leia também: Maria Firmina dos Reis — outra importante escritora brasileira

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Nísia Floresta

  • Nísia Floresta é uma autora brasileira.

  • Ela nasceu em 1810 e faleceu em 1885.

  • Além de escritora, também foi educadora e dona de uma escola para meninas.

  • Suas obras apresentam traços românticos e são marcadas por uma visão feminista.

  • Direitos das mulheres e injustiça dos homens é seu livro de estreia.

Biografia de Nísia Floresta

Nascimento de Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto (Nísia Floresta Brasileira Augusta) nasceu em 12 de outubro de 1810, em Papari, no Rio Grande do Norte. Era filha de um advogado português.

Infância de Nísia Floresta

Nísia Floresta passou sua infância no sítio Floresta e teve a educação comum às meninas da época. Tinha 13 anos de idade quando se casou com Manuel Alexandre Seabra de Melo, dono de terras, mas de pouca instrução formal. Eles ficaram casados apenas cerca de um ano. Nísia então voltou a morar com os pais.

Juventude de Nísia Floresta

Em 1824, Nísia Floresta e a família se mudaram para Pernambuco, onde viveram em Goiana, Olinda e, por fim, Recife. Cerca de quatro anos depois, em 17 de agosto de 1828, o pai da escritora foi assassinado. Dionísio Gonçalves Pinto Lisboa teria sido morto por ter desafiado nos tribunais alguns poderosos de Olinda.

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Casamento de Nísia Floresta

Nísia Floresta se casou, em 1823, com Manuel Alexandre Seabra de Melo. O casamento não durou mais de um ano. E, por volta de 1828, a autora passou a viver maritalmente com Manuel Augusto de Faria Rocha, jovem estudante de Direito.

Filhos de Nísia Floresta

Do relacionamento com Manuel Augusto, Nísia teve uma filha chamada Lívia Augusta de Faria Rocha, nascida em 1830. Três anos depois, a escritora deu à luz Augusto Américo de Faria Rocha.

Nísia Floresta como escritora e educadora

No ano de 1831, Nísia Floresta publicou seu primeiro texto, no Espelho das Brasileiras. Nesse jornal, escreveu vários artigos sobre a condição da mulher em várias culturas. Seu primeiro livro — Direitos das mulheres e injustiça dos homens foi publicado em 1832. E foi inspirado na obra Vindication of the rights of woman (em português, “Uma reivindicação dos direitos da mulher”), da escritora inglesa Mary Wollstonecraft (1759-1797).

No final de 1832, o marido de Nísia se tornou bacharel em Direito e se mudou com a família para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Porém, em 29 de agosto de 1833, Manuel Augusto faleceu. Com duas crianças para criar, a escritora passou a ganhar a vida como professora.

A mudança para o Rio de Janeiro aconteceu em 1837. Para fugir da Revolução Farroupilha, a escritora decidiu morar, com a família, na capital do país. Nessa cidade, no ano seguinte, abriu o Colégio Augusto. Nísia era respeitada como escritora, tendo suas obras mais de uma edição.

A escola para meninas que Nísia criou e dirigiu foi bem-sucedida, sendo destaque no Jornal do Comércio em 1846. Mas a educadora também recebia críticas de conservadores, que consideravam sua proposta educativa “inadequada” para meninas, as quais também estudavam latim.

Mudança de nome de Nísia Floresta

A partir da publicação de seu primeiro livro, Dionísia Gonçalves Pinto passou a assinar com o pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta. Nísia é derivado de Dionísia, já Floresta é o nome do sítio onde nascera, Brasileira indica sua nacionalidade e, por fim, Augusta é uma homenagem a seu marido ou companheiro.

Nísia Floresta e a vida na Europa

Nísia Floresta partiu para a Europa em 2 de novembro de 1849, em companhia dos filhos. Em Paris, no ano de 1851, Nísia assistiu às conferências de Auguste Comte (1798-1857). Além disso, viveu seis meses em Portugal. Voltou ao Brasil em 1852.

Em 1855, foi voluntária no Hospital de Nossa Senhora da Conceição, para ajudar os doentes de febre amarela. Nísia Floresta fechou o Colégio Augusto em 1856 e retornou à Europa, em companhia da filha. O filho ficou estudando no Rio de Janeiro. Na França, Nísia Floresta publicou algumas obras em francês. Em 1858, traduziu e publicou, na Itália, sua obra Consigli a mia figlia (Conselhos à minha filha).

Nesse ano, conheceu várias cidades italianas. Assim, teve relativo sucesso tanto na Itália quanto na França. Fixou residência em Florença, na Itália, em 1860. No ano seguinte, voltou a viver em Paris. Retornou ao Brasil em 1872, mas sua filha decidiu permanecer na Europa. Em 1875, Nísia Floresta estava de volta à Europa, onde viveu até sua morte.

Morte de Nísia Floresta

A escritora Nísia Floresta faleceu em 24 de abril de 1885, em Rouen, na França.

Características das obras de Nísia Floresta

As obras da autora são diversificadas, já que Nísia Floresta publicou ensaios, um romance e um poema. Portanto, de forma geral, suas obras possuem estas características:

  • análise de questões morais;

  • traços românticos;

  • indianismo, porém a partir de uma visão realista;

  • visão política liberal e anticonservadora;

  • narrativa histórica;

  • reflexões sobre a educação feminina;

  • combate ao preconceito contra a mulher;

  • defesa de direitos femininos e da educação para a mulher;

  • pensamentos acerca da escravização de pessoas negras;

  • relatos de viagem;

  • elementos sociais, políticos e culturais.

Obras de Nísia Floresta

Capa do livro “Opúsculo humanitário”, de Nísia Floresta, publicado pela editora Companhia das Letras.
Capa do livro Opúsculo humanitário, de Nísia Floresta, publicado pela editora Companhia das Letras. [1]
  • Direitos das mulheres e injustiça dos homens (1832).

  • Conselhos à minha filha (1842).

  • Daciz ou A jovem completa (1847).

  • Fanny ou O modelo das donzelas (1847).

  • Discurso que às suas educandas dirigiu Nísia Floresta Brasileira Augusta (1847).

  • A lágrima de um caeté (1849).

  • Dedicação de uma amiga (1850).

  • Opúsculo humanitário (1853).

  • Páginas de uma vida obscura (1855).

  • Pensamentos (1856).

  • Itinéraire d’un voyage en Allemagne (1857).

  • Scintille d’un’ anima brasiliana (1859).

  • Trois ans em Italie, suivis d’un voyage en Grèce (2 volumes — 1864, 1872).

  • Parsis (1867).

  • Le Brésil (1871).

  • Fragments d’un ouvrage inèdit: notes biographiques (1878).

O que Nísia Floresta defende?

Nísia Floresta defende a educação para as mulheres, no contexto do século XIX, em que a mulher ainda não tinha esse direito. Nesse contexto, a mulher era educada para as funções domésticas. Em sua defesa, aponta os privilégios experimentados pelos homens, que viam na educação feminina uma ameaça à dominação masculina. Sabia que, por meio da educação a mulher podia lutar por direitos igualitários. Defendia a capacidade da mulher de exercer em pé de igualdade um cargo público.

Importância de Nísia Floresta

Nísia Floresta é uma das escritoras brasileiras do século XIX que foi, por longo tempo, invisibilizada. Seu livro Dedicação de uma amiga é o primeiro romance escrito por uma mulher norte-rio-grandense.

Além de ocupar um lugar na literatura brasileira, ela também é importante por suas ideias feministas, ao buscar igualdade entre os sexos, por meio da educação feminina. E ela não ficou só na teoria, pois atuou efetivamente como educadora.

Veja também: Francisca Júlia — outra importante escritora brasileira

Prêmios e homenagens a Nísia Floresta

Nísia Floresta não recebeu prêmios, mas foi homenageada em 1909, no Rio Grande do Norte, com um monumento em Papari, sua cidade natal.

Em 1948, a cidade de Papari passou a se chamar Nísia Floresta, além de um posto indígena de Pernambuco ser batizado com o nome da autora.

Quando, em 1954, seus restos mortais foram transferidos da França para sua cidade natal, um mausoléu foi erguido em sua honra e os Correios lançaram um selo em homenagem a Nísia Floresta.

Em 2019, foi criado o Prêmio Nísia Floresta, concedido pela Câmara dos Deputados a educadoras envolvidas em projetos e ações que promovem os direitos das mulheres na educação básica.

Frases de Nísia Floresta

A seguir, vamos ler algumas frases de Nísia Floresta, extraídas de seu livro Opúsculo humanitário:

  • “Em todos os tempos, e em todas as nações do mundo, a educação da mulher foi sempre um dos mais salientes característicos da civilização dos povos.”

  • “A educação da mulher muita influência tem sobre a moralidade dos povos, e que é ela o característico mais saliente de sua civilização.”

  • “Quanto mais ignorante é um povo, tanto mais fácil é a um governo absoluto exercer sobre ele o seu ilimitado poder.”

  • “A força não pode nunca persuadir, mas sim fazer hipócritas.”

  • “O espírito pode enriquecer-se de belos e úteis conhecimentos em todas as idades antes da decrepitude.”

  • “Só a educação para produzir salutares efeitos deve acompanhar o indivíduo desde a infância.”

Crédito de imagem

[1] Companhia das Letras (reprodução)

Fontes

ALVES, Maria da Conceição Lima. Prefácio. In: FLORESTA, Nísia. Opúsculo humanitário. Brasília: Senado Federal, 2019.

DUARTE, Constância Lima. Cronologia da vida e da obra de Nísia Floresta. In: BEZERRA, Gleire Belchior de Aguiar; SILVA, Elisiane da. (orgs.). Nísia Floresta: uma mulher à frente do seu tempo. Natal: Fundação Ulysses Guimarães, [s. d.].

DUARTE, Constância Lima. Nísia Floresta Brasileira Augusta. In: MUZART, Zahidé Lupinacci (org.). Escritoras brasileiras do século XIX: antologia. 2. ed. Florianópolis: Mulheres, 2000. v. 1.

FLORESTA, Nísia. Opúsculo humanitário. Brasília: Senado Federal, 2019.  

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Nísia Floresta"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/nisia-floresta.htm. Acesso em 30 de março de 2025.

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