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Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco foi um famoso escritor português cujas obras fazem parte da segunda fase romântica. O romance Amor de perdição é a obra mais famosa do autor.

Fotografia do escritor Camilo Castelo Branco, em 1886.
Camilo Castelo Branco foi o primeiro romancista português a viver com ganhos advindos de suas publicações.
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Camilo Castelo Branco foi um escritor português. Ele nasceu na cidade de Lisboa, em 16 de março de 1825. Mais tarde, ingressou na Escola Médica, mas não concluiu o curso de Medicina. Tornou-se o primeiro romancista português profissional, isto é, sua sobrevivência se devia unicamente aos ganhos com a publicação de seus livros.

O autor, que faleceu em 1º de junho de 1890, em Vila Nova de Famalicão, foi o principal nome da segunda fase do romantismo em Portugal. Suas obras são marcadas por sentimentalismo e amores trágicos, como é possível observar em seu mais famoso romance, o livro Amor de perdição.

Leia também: Almeida Garrett — o escritor português que introduziu o romantismo em Portugal

Tópicos deste artigo

Resumo sobre Camilo Castelo Branco

  • Camilo Castelo Branco foi um escritor português que nasceu em 1825 e faleceu em 1890.

  • Foi o primeiro romancista português a viver com ganhos advindos de suas publicações.

  • As obras do autor fazem parte da segunda fase do romantismo português.

  • Seus livros apresentam exagero sentimental e sofrimento amoroso.

  • O livro Amor de perdição é o seu romance mais famoso.

Biografia de Camilo Castelo Branco

Camilo Castelo Branco nasceu em 16 de março de 1825, na cidade de Lisboa, em Portugal. No entanto, somente quando ele tinha quatro anos de idade seu pai reconheceu a paternidade. Isso porque os pais do autor não eram legalmente casados, mas viviam maritalmente.

A mãe do autor morreu quando ele tinha por volta de dois anos de idade. Já o pai faleceu quando o menino tinha 10. O escritor e sua irmã mais velha passaram a morar com a tia paterna, em 1836, no distrito de Vila Real. Três anos depois, a irmã do autor se casou com um estudante de medicina.

O romancista então foi morar com a irmã e o marido dela. Em 1941, quando contava com 16 anos de idade, se casou com Joaquina Pereira de França (1826-1847), um ano mais nova do que ele. O casal passou a morar em Ribeira de Pena. Dois anos depois, tiveram uma filha.

O escritor decidiu se separar da esposa, abandonando também sua filha. No Porto, ingressou na Escola Médica, mas foi reprovado por faltar às aulas, pois era um boêmio e estava mais interessado em literatura. A partir de 1846, passou a trabalhar como jornalista. Por essa época, caiu de amores por Patrícia Emília de Barros (1826-1885).

Acusado de roubar uma quantia em dinheiro de certo João Pinto da Cunha, ficou preso na cadeia do Porto entre 12 e 23 de outubro de 1846. No ano seguinte, sua esposa legítima faleceu. A filha do autor morreu em 1848. Nesse mesmo ano, nasceu sua segunda filha.

Logo depois, a história se repetiu: Camilo abandonou Patrícia e a filha do casal. O autor escreveu textos para o Jornal do Povo, no Porto, entre 1848 e 1850. E manteve a vida boêmia, repleta de brigas e confusões. Em 1851, publicou seu primeiro romance — Anátema — e, a partir de então, passou a viver dos ganhos advindos da publicação de suas obras.

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Por essa época, conheceu aquela que seria sua maior paixão — a escritora Ana Plácido (1831-1895). Em 1852, criou o periódico de cunho religioso O Cristianismo; no ano seguinte, o jornal Cruz. Também escrevia para os jornais Carta e Porto. Em 1857, o escritor e sua amante, Ana Plácido, uma mulher casada, escandalizavam a sociedade conservadora da cidade do Porto.

O marido traído era o rico Manuel Pinheiro Alves. Em 1859, Ana Plácido e Camilo Castelo Branco foram viver juntos. Ela levou consigo o filho Manuel Plácido, cuja paternidade é incerta, pois podia tanto ser filho do marido quanto de Camilo. Em 1860, Ana Plácido foi enclausurada no Convento da Conceição e depois presa na cadeia do Porto por cometer adultério.

O autor fugiu, mas decidiu se entregar logo depois. Por fim, ele e a companheira acabaram absolvidos após um tempo na prisão. A essa altura, Camilo Castelo Branco era um escritor famoso. Em 1863, o casal teve um filho chamado Jorge. No ano seguinte, nasceu Nuno.

O autor tinha boas relações com a família real e tentou conseguir o título de visconde em 1870. No entanto, a sua situação com Ana Plácido impediu que ele o conseguisse. Somente em 1885 se tornou visconde. Em função disso, o autor se viu forçado a se casar com Ana Plácido em 1888. No mais, ele vinha sofrendo uma progressiva perda da visão. Assim, por não suportar a cegueira, decidiu dar um tiro na cabeça, que o levou à morte em 1º de junho de 1890, em Vila Nova de Famalicão.

Características da obra de Camilo Castelo Branco

As obras do autor têm características românticas, tais como:

  • exagero sentimental;

  • amor idealizado;

  • mulher idealizada;

  • sofrimento amoroso;

  • teocentrismo.

Os romances do autor trabalham temas como:

  • situação de filho bastardo;

  • vida de órfão;

  • mulheres apaixonadas;

  • clausura;

  • amores impossíveis;

  • amores trágicos;

  • obstáculos sociais.

Suas obras também apresentam estas características:

  • caráter reflexivo;

  • aspecto satírico;

  • elementos históricos.

O escritor produzia muitas obras em curto tempo, daí a diversidade de temas e características. Outro fato digno de menção é que suas últimas obras (A corja, por exemplo) dialogam com o realismo. Portanto, apresentam mais ironia e fazem crítica social.

Camilo Castelo Branco e o romantismo português

Camilo Castelo Branco foi um dos mais famosos escritores românticos portugueses. Ele foi o primeiro autor profissional de seu país, uma vez que vivia da escrita de seus inúmeros romances. Foi, portanto, o principal romancista do romantismo português.

Autor da segunda fase romântica, suas obras apresentam características do ultrarromantismo. Esse período do romantismo foi marcado pela passionalidade, assim, apresentava amores intensos, que desafiavam as regras sociais, por conseguinte, amores impossíveis, que, quase sempre, encontravam um desfecho trágico. O sofrimento amoroso e a morbidez também foram marcas ultrarromânticas.

Veja também: Antero de Quental — autor da terceira fase do romantismo português

Obras de Camilo Castelo Branco

  • Anátema (1851) — romance

  • Mistérios de Lisboa (1854) — romance

  • A filha do arcediago (1854) — romance

  • Livro negro do padre Dinis (1855) — romance

  • A neta do arcediago (1856) — romance

  • Onde está a felicidade? (1856) — romance

  • Um homem de brios (1856) — romance

  • Lágrimas abençoadas (1857) — romance

  • Cenas da Foz (1857) — romance

  • Vingança (1858) — romance

  • O morgado de Fafe em Lisboa (1861) — teatro

  • Doze casamentos felizes (1861) — contos

  • O romance de um homem rico (1861) — romance

  • As três irmãs (1862) — romance

  • Amor de perdição (1862) — romance

  • Memórias do cárcere (1862) — autobiografia

  • Coisas espantosas (1862) — romance

  • Coração, cabeça e estômago (1862) — romance

  • Estrelas funestas (1862) — romance

  • A gratidão (1863) — romance

  • O arrependimento (1863) — romance

  • Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado (1863) — romance

  • O bem e o mal (1863) — romance

  • Estrelas propícias (1863) — romance

  • Agulha em palheiro (1863) — romance

  • Amor de salvação (1864) — romance

  • A filha do doutor negro (1864) — romance

  • O esqueleto (1865) — romance

  • A sereia (1865) — romance

  • A enjeitada (1866) — romance

  • O judeu (1866) — romance

  • O olho de vidro (1866) — romance

  • A queda dum anjo (1866) — romance

  • O santo da montanha (1866) — romance

  • A bruxa do Monte Córdova (1867) — romance

  • A doida do Candal (1867) — romance

  • O senhor do paço de Ninães (1867) — romance

  • Os mistérios de Fafe (1868) — romance

  • O retrato de Ricardina (1868) — novela

  • Os brilhantes do brasileiro (1869) — romance

  • A mulher fatal (1870) — romance

  • Livro da consolação (1872) — romance

  • O carrasco de Victor Hugo José Alves (1872) — romance

  • A freira no subterrâneo (1872) — romance

  • O regicida (1874) — romance

  • A filha do regicida (1875) — romance

  • A caveira da mártir (1876) — romance

  • Maria Moisés (1877) — novela

  • Novelas do Minho (1877) — novelas

  • Eusébio Macário (1879) — novela

  • A corja (1880) — novela

  • A brasileira de Prazins (1882) — romance

  • Vulcões de lama (1886) — romance

Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco

Capa do livro “Amor de perdição”, de Camilo Castelo Branco, publicado pelo Grupo Editorial Record (edição BestBolso).
Capa do livro Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco, publicado pelo Grupo Editorial Record (edição BestBolso).[1]

O livro mais famoso de Camilo Castelo Branco é o romance Amor de perdição. Simão Botelho, o protagonista da história, é filho do desembargador Domingos Botelho e acaba se apaixonando por Teresa de Albuquerque, filha do maior inimigo de Domingos. Assim, o namoro entre Simão e Teresa não é aceito por suas famílias.

Quando Simão vai estudar na Universidade de Coimbra, os amantes mantêm contato por meio de cartas, mas os pais deles acabam descobrindo o romance. Descontentes, fazem de tudo para separar o casal. O pai da moça quer que ela se case com Baltasar Coutinho, primo de Teresa, mas a heroína não aceita tal casamento.

Enquanto isso, uma jovem chamada Mariana se apaixona por Simão. Ao brigar com o primo de Teresa, Simão é ferido. Quem cuida dele é Mariana, filha de João da Cruz, um ferreiro amigo de Simão. Já Teresa é enviada a um convento, pois não aceita se casar com o primo. De lá, escreve cartas para Simão.

Para complicar, Simão mata Baltasar, sendo preso e condenado a 10 anos de exílio na Índia. Já Teresa, acaba morrendo. No caminho para o exílio, Simão morre, e seu corpo é atirado ao mar. Mariana, desesperada, comete suicídio. Pula no mar, pois não consegue viver sem o amado.

Crédito de imagem

[1]Grupo Editorial Record (reprodução)

Fontes

BRAGA, Rosiléia Batista. O comportamento feminino no romance romântico do século XIX: a idealização romântica de Mariana, em Amor de perdição, de Camilo Castelo Branco. 2017. Monografia (Bacharelado em Letras) – Faculdade de Ciências da Linguagem, Universidade Federal do Pará, Abaetetuba, 2017.

DANIEL, Daniela Maria Vaz. Leituras e leitores de Camilo Castelo Branco, em particular, Agustina Bessa-Luís. 2010. Dissertação (Mestrado em Letras) – Faculdade de Artes e Letras, Universidade da Beira Interior, Covilhã, 2010.

Escritor do artigo
Escrito por: Warley Souza Professor de Português e Literatura, com licenciatura e mestrado em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUZA, Warley. "Camilo Castelo Branco"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/literatura/camilo-castelo-branco.htm. Acesso em 27 de abril de 2024.

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