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A Guerra russo-japonesa aconteceu em 1904 e 1905 entre o Japão e a Rússia e envolveu o controle da Manchúria, Coreia e, principalmente, do porto de Port Arthur, na península de Liaodong, na China. O conflito evidenciou a posição do Japão como potência que alimentava ambições imperialistas e a decadência do regime czarista (da Rússia) de Nicolau II.
Antecedentes
O Japão, após a restauração da monarquia na Restauração Meiji, em 1868, passou por um grande processo de modernização e crescimento econômico que foi responsável pela industrialização da nação. Além disso, houve o desenvolvimento de ideais nacionalistas e imperialistas. O temor pelo avanço das potências imperialistas sobre a China chamou a atenção do Japão, que logo passou a querer uma parte para si.
As ambições japonesas sobre territórios na China foram colocadas em prática a partir de 1894 com a Primeira Guerra sino-japonesa (1894-1895). O conflito foi motivado pelo interesse japonês sobre a Coreia e resultou em vitória japonesa em 1895. As ambições japonesas ficaram evidentes após a imposição dos termos da vitória para a China:
O imperador Meiji havia tomado pessoalmente o comando desse novo e modernizado Exército na guerra de 1894 com a China, e seus termos foram duros: a Coreia se transformou virtualmente em protetorado japonês; Taiwan tornou-se japonesa; a China foi obrigada a pagar uma grande “indenização”; e o Japão moveu-se para a parte sudeste da Manchúria, conhecida como a península Kwangtung|1|.
Nesse contexto, o Japão atraiu a atenção da Rússia, que também tinha intenções sobre as regiões invadidas pelo Japão. Nos bastidores diplomáticos, a Rússia obteve o apoio francês e alemão, e as três nações pressionaram o Japão para que recuasse nas suas intenções sobre parte do território chinês. Forçadamente, o Japão aceitou devolver a península de Liaotung, onde ficava o porto naval conhecido como Port Arthur.
O Conflito
A pressão russa sobre o Japão fez crescer a tensão entre os dois países. O Japão, em 1902, assinou um acordo com a Grã-Bretanha – insatisfeita com o avanço russo. O acordo entre Japão e Grã-Bretanha influenciou fortemente o Japão a se decidir pelo conflito contra a Rússia. As ambições japonesas sobre a Manchúria e Coreia justificavam-se pela necessidade japonesa de obter matérias-primas e garantir os mercados internos das duas regiões.
A continuidade da presença russa na região levou o Japão a atacar a Rússia de surpresa no dia 8 de fevereiro de 1904. O ataque do Japão foi à frota naval russa que estava em Port Arthur e veio sem uma declaração formal de guerra. Após o início do conflito, esperava-se uma vitória russa, o que acabou não acontecendo.
A Rússia era vista como uma potência europeia, e o Japão era apenas uma nação emergente que não seria páreo ao poderio russo. Entretanto, após anos de reforma e modernização, o exército e marinha japonesa estavam mais bem preparados para a guerra e possuíam armamentos modernos. O exército russo, por sua vez, foi considerado mal treinado e mal equipado durante os meses do conflito.
Após sofrer uma série de derrotas por mar e por terra, a Rússia, desgastada financeiramente, enfrentava problemas internos com a impopularidade da guerra. Sem meios de reagir, optou por negociar os termos da paz com o Japão por meio do Tratado de Portsmouth. O acordo de paz foi intermediado pelos Estados Unidos. A partir do acordo, o Japão conseguiu reafirmar o controle sobre a Coreia, Manchúria e sobre Port Arthur e garantiu a retirada das tropas russas de todos esses territórios.
Consequências
A derrota russa marcou o início da decadência do czarismo (monarquia russa), pois a economia desse país enfrentou inúmeras dificuldades, o que agravou as condições de vida do trabalhador russo. Internamente a guerra foi extremamente impopular e resultou nas revoluções fracassadas de 1905, que foram consideradas um ensaio geral para o movimento bolchevique de 1917.
A vitória japonesa resultou em uma onda de entusiasmo nacionalista. Grupos nacionalistas defendiam que o Japão deveria ter conseguido mais garantias da Rússia. A guerra, no entanto, custou caro ao Japão, que viu sua economia sofrer forte impacto.
Nota
|1| BEHR, Edward. Hiroíto – por trás da lenda. São Paulo: Globo, 1991, p.34-35.
* Créditos da imagem: Attila Jandi e Shutterstock
Por Daniel Neves
Graduado em História