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A Batalha da França possibilitou a invasão alemã em maio de 1940 durante a Segunda Guerra Mundial. A França, que era considerada por Hitler a maior ameaça da Europa continental no Ocidente, foi conquistada com surpreendente rapidez. As forças Aliadas não conseguiram combater a máquina de guerra alemã e sucumbiram de maneira vexatória. O domínio desse país alimentou a ambição do líder nazista por novas conquistas.
Início da Segunda Guerra
Ainda era recente o início da Segunda Guerra, marcado pela invasão da Polônia em 1º de setembro de 1939. Britânicos e franceses declararam guerra à Alemanha como parte do acordo de proteção assinado com a Polônia, mas não atacaram os alemães nesse primeiro momento. A conquista desse país, então, foi rápida: em 28 de setembro, a capital Varsóvia rendeu-se aos nazistas.
O passo seguinte da Alemanha foi ocupar Holanda, Bélgica e França, porém, imprevistos levaram ao adiamento desses planos de invasão. Assim, Hitler foi convencido a fazer uma breve campanha contra a Noruega. Em 9 de abril, iniciou-se o ataque contra esse país com a convicção de que sua conquista seria vital para garantir o controle nazista sobre a produção de ferro da Suécia. Além disso, o território norueguês possibilitaria formar bases aéreas que atacariam o Reino Unido pelo flanco.
Nesse contexto, os Aliados eram formados apenas por Reino Unido e França. A entrada da União Soviética somente aconteceu após junho de 1941, e a dos Estados Unidos, a partir de dezembro de 1941. Já o Eixo era formado apenas por Alemanha e Itália. O Japão aderiu ao Eixo apenas em setembro de 1940. Outros países, como Hungria e Romênia, ligaram-se ao Eixo como colaboracionistas ao longo da guerra.
Estratégias de guerra
A conquista da França era vital para os planos de Hitler. Primeiramente, o líder alemão acreditava que uma vitória sobre os franceses e, consequentemente, o isolamento do Reino Unido poderiam permitir-lhe negociar os termos da rendição britânica. Em outro caso, esse isolamento britânico na guerra poderia facilitar a invasão nazista. Por fim, o encerramento do fronte ocidental poderia permitir a Hitler concentrar-se nos seus principais objetivos: a invasão da União Soviética, a escravização dos eslavos e a destruição do bolchevismo.
A estratégia francesa consistia em travar a luta contra a Alemanha fora de seus territórios, sobretudo na Bélgica. A intenção era não repetir os traumas causados pelo conflito de trincheiras, como o ocorrido durante a Primeira Guerra Mundial. Já a estratégia alemã, pelo contrário, pretendia exatamente levar a guerra para dentro do território francês de forma a conquistar Paris o mais breve possível.
A tática alemã consistia em realizar três grandes ataques simultâneos em diferentes pontos da defesa francesa. Os grupamentos alemães e seus locais de ataque eram os seguintes:
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Grupo de Exércitos B: esse grupamento invadiria e conquistaria a Holanda e a Bélgica para, em seguida, realizar o ataque contra a França. Seus soldados eram liderados pelo general Fedor von Bock.
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Grupo de Exércitos A: pretendia ocupar a França a partir da Floresta das Ardenas, região considerada intrafegável pelo exército francês. Seus soldados eram liderados pelo marechal de campo Gerd von Rundstedt.
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Grupo de Exércitos C: atacaria a Linha Maginot, conjunto de fortificações francesas construídas ao longo da fronteira com a Alemanha. Seus soldados eram liderados pelo general Wilhelm Ritter von Leeb.
Essa estratégia alemã previa que os franceses reforçariam suas defesas ao longo da fronteira com a Bélgica, uma vez que a Linha Maginot garantia uma proteção considerável do sul da fronteira francesa, o que permitiria à França deslocar soldados para outras partes menos protegidas. Além disso, os alemães contavam com o fato de que os franceses não esperariam um ataque pelas Ardenas por ser uma região de florestas densas.
Invasão da França
A batalha pela França começou com as ocupações de Holanda e Bélgica como parte da estratégia alemã. O ataque da Alemanha iniciou-se na madrugada do dia 10 de maio de 1940. A invasão da Holanda e Bélgica foi realizada parcialmente com o uso de paraquedistas lançados em pontos estratégicos. Um desses locais era a fortaleza belga de Eben Emael, considerada invencível e conquistada pelos alemães em um dia de batalha.
Parte da tática de guerra da Alemanha na invasão da França foi a blitzkrieg, técnica inovadora e vital que garantiu algumas vitórias alemãs até 1941. Essa tática consistia em realizar ataques coordenados de infantaria (aliada com a artilharia), aviação e blindados em um ponto estratégico da linha adversária. O objetivo era criar uma brecha pela qual os exércitos alemães penetrariam em território inimigo.
Enquanto os alemães atacavam a Holanda e a Bélgica, o principal movimento acontecia na região das Ardenas. Essa estratégia visava atacar a parte mais enfraquecida da linha de defesa de forma a penetrar em solo francês e, a partir de um movimento de pinça, encurralar o exército francês que estava na Bélgica entre os Exércitos A e B. O ataque nas Ardenas mobilizou 134 mil soldados com 1.222 carros de combate|1|.
Esse ataque pelas Ardenas pegou a defesa francesa totalmente despreparada. Era a posição mais enfraquecida do exército francês, e os historiadores relatam que, apesar de algumas demonstrações de bravura, o quadro no local foi de fuga generalizada. Os franceses impuseram alguma resistência para evitar a travessia do rio Meuse, mas os historiadores afirmam que o exército desse país falhou ao não perceber a real estratégia do exército alemão.
Assim, após cruzar o rio Meuse, as tropas alemãs seguiram rumo ao norte para encurralar as tropas francesas e britânicas que estavam na Bélgica. Os alemães conseguiram encurralar mais de 300 mil soldados aliados. Para evitar um desastre, os britânicos organizaram a Operação Dínamo, também conhecida como Retirada de Dunquerque.
Na Retirada de Dunquerque, o Reino Unido mobilizou tantas embarcações quanto fosse possível para retirar suas tropas da Bélgica. Ao longo da Operação, cerca de 338 mil soldados, entre britânicos, franceses e belgas, foram evacuados e levados para a Inglaterra. No entanto, a evacuação só foi possível porque Hitler havia ordenado propositalmente a diminuição da velocidade de avanço de suas tropas. A operação aconteceu de 26 de maio a 4 de junho de 1940.
Apesar da evacuação heroica, o desastre havia sido grande, pois, além de sofrer uma derrota, o Reino Unido abandonou considerável quantidade de suprimentos e equipamentos, conforme o registro de Hastings: “A Força Expedicionária Britânica deixou para trás, na França, 64 mil viaturas, 76 mil toneladas de munição, 2.500 canhões e mais de quatrocentas mil toneladas de provisões”|2|.
Após a Retirada de Dunquerque, os alemães continuaram seu avanço pela França e, assim, levaram cerca de oito milhões de franceses a abandonar suas casas. Quando os alemães entraram em Paris, no dia 14 de junho de 1940, a cidade estava quase totalmente deserta. A rendição francesa foi oficializada em 22 de junho de 1940.
Consequências
Com a vitória na França, Hitler pôde dedicar-se ao ataque contra o Reino Unido. Os acontecimentos seguintes da guerra foram marcados pelos pesados ataques aéreos, principalmente sobre Londres. Além disso, as rápidas conquistas levaram a uma grande euforia entre os alemães e aumentaram a ambição de Hitler em garantir o controle da União Soviética. Esse passo foi dado por ele em junho de 1941.
Notas
|1| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 68.
|2| Idem, p. 81-82.
Por Daniel Neves
Graduado em História