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Acerca do assunto em questão, um questionamento parece pairar sobre nossos conhecimentos acerca dos fatos linguísticos: por que prezamos algo e primamos por algo?
Em torno dele atestamos algumas evidências, algumas pistas que, porventura, conduzir-nos-ão a caminhos seguros rumo ao desvendar do mistério em evidência: a presença da preposição ou a ausência dela. Dessa forma, tudo nos leva a crer (e realmente se trata de uma verdade inquestionável) que entra em cena o que chamamos de regência verbal, que por sua vez representa a relação que se estabelece entre os verbos e os complementos que os acompanham, podendo ou não ser intermediados pelo uso da preposição.
Seguindo essa linha de raciocínio, o primeiro aspecto que se faz evidente diz respeito ao sentido, ao significado expresso pelo primeiro verbo: prezar. Logo, define-se por “ter apreço”, “valorizar”, “respeitar”. Nesse sentido, sempre prezamos algo, haja vista se tratar de um verbo transitivo direto. Dessa forma, prezamos a paz, a justiça, a ascensão profissional etc.
Agora, quanto ao verbo primar, voltemos às pistas anteriores e, sobretudo, às acepções semânticas que a ele podem ser atribuídas, uma vez expressas por “notabilizar-se, destacar-se”. Assim, prezamos pela simpatia, pela competência profissional, ou seja, destacamo-nos em virtude de algo. Afirmamos, portanto, que se trata de um verbo transitivo indireto.
Complementando essa leva de marcas linguísticas, podemos ainda atribuir ao verbo primar duas demarcações: uma delas se refere a “ter primazia”, ou seja, destacar-se. Não é a toa que Drummond prima entre os representantes modernistas da segunda geração.
A outra se define por “esmerar-se”, denotando “espelhar”, “ter como referência”. Dessa forma, ao dizermos que alguém prima no esforço cotidiano dos pais, está, de certa forma, afirmando que se espelha no esforço advindo desses pais.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras