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A teoria reformista é uma teoria demográfica que surgiu na segunda metade do século XX como uma crítica ao malthusianismo. Chamada também de teoria marxista, a teoria reformista diz que as altas taxas de natalidade nos países menos desenvolvidos são causadas pela pobreza e pelas profundas desigualdades socioeconômicas desses territórios. A principal forma de controlar a natalidade e, por conseguinte, promover maior equilíbrio ao crescimento demográfico dessas populações seria a implementação de políticas sociais e de inclusão, além de melhorias na infraestrutura urbana e na qualidade de vida.
Leia também: Quais são as teorias demográficas existentes?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre teoria reformista
- 2 - O que diz a teoria reformista?
- 3 - Características da teoria reformista
- 4 - Criação da teoria reformista
- 5 - Diferenças entre a teoria reformista e a teoria neomalthusiana
- 6 - Exercícios resolvidos sobre teoria reformista
Resumo sobre teoria reformista
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A teoria reformista é uma teoria demográfica elaborada na segunda metade do século XX.
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É uma das principais teorias críticas ao malthusianismo.
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Os reformistas defendem que a pobreza e o subdesenvolvimento são as causas da elevada taxa de natalidade nos países menos desenvolvidos, e não o contrário.
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A implementação de medidas de inclusão social, políticas de redistribuição de renda, ampliação do acesso às redes de saneamento básico e melhorias na qualidade de vida da população resultariam no maior controle da natalidade.
O que diz a teoria reformista?
A teoria reformista é uma teoria demográfica que defende a ideia de que as altas taxas de natalidade e o crescimento populacional não são a causa do baixo desenvolvimento socioeconômico dos países, mas sim o contrário. Ou seja, segundo a teoria reformista, a condição de subdesenvolvimento e a pobreza que acomete a população são alguns dos principais motivos para a existência de elevado número de nascimentos nesses territórios.
Os países subdesenvolvidos são caracterizados pela profunda desigualdade econômica e por uma ampla parcela da população vivendo em condição de pobreza e pobreza extrema, o que coloca essas pessoas em uma situação de elevada vulnerabilidade. Para compreendermos o estágio de subdesenvolvimento dessas nações é preciso resgatar um pouco de seu passado histórico, que é marcado pela intensa exploração econômica e pelo neocolonialismo, e nos atentarmos à maneira como o sistema capitalista se estrutura.
Levando isso em consideração, a teoria reformista determina que a parcela mais pobre da população apresenta muitas restrições no que diz respeito ao acesso contínuo ao sistema de saúde, a tratamentos médicos e a infraestrutura social e urbana, em especial saneamento básico. A baixa escolaridade dessas populações prejudica, ainda, o acesso a informações sobre a realização do planejamento familiar e a utilização recorrente de métodos contraceptivos. Assim sendo, a elevada natalidade e, em alguns casos, a explosão demográfica registrada decorre desse cenário.
Características da teoria reformista
A teoria reformista é chamada também de teoria marxista, por incorporar elementos importantes levantados pelo filósofo e sociólogo alemão Karl Marx em sua teoria, como é o caso da divisão social por classes, a má distribuição de renda e a exploração econômica que molda o sistema capitalista. A teoria reformista é contemporânea à teoria neomalthusiana e surgiu como uma das principais críticas à teoria elaborada por Thomas Malthus.
Criação da teoria reformista
A teoria reformista foi criada na segunda metade do século XX como um contraponto às teorias malthusiana e neomalthusiana. O malthusianismo surgiu no contexto da Primeira Revolução Industrial. De acordo com essa teoria, o crescimento contínuo da população a um ritmo mais acelerado do que o da produção de alimentos teria como consequência um cenário de fome e miséria generalizada. Em outras palavras, a explosão demográfica seria a causa da pobreza. É esse o ponto de crítica levantado pelos reformistas em sua teoria.
Um ponto levantado na elaboração da teoria reformista indicou que o crescimento populacional nos países considerados desenvolvidos aconteceu em momentos de desenvolvimento tecnológico e econômico, o que condicionou queda na mortalidade e aumento da sua população em um determinado período de tempo, gerando redução da natalidade pouco tempo depois.|1|
Leia também: A relação entre o crescimento demográfico e a escassez de recursos naturais
Diferenças entre a teoria reformista e a teoria neomalthusiana
A teoria reformista é contemporânea da teoria neomalthusiana. Embora ambas tenham como ponto de partida a mesma problemática, elas apresentam abordagens e propostas bastante distintas.
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Teoria reformista: aponta a pobreza e o subdesenvolvimento como causas das elevadas taxas de natalidade. A solução que os reformistas propõem para esse problema é a elaboração de políticas de inclusão, melhor distribuição de renda e investimentos na qualidade de vida da população. Essas melhorias seriam capazes de, a médio e longo prazo, levar à diminuição das taxas de natalidade.
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Teoria neomalthusiana: corresponde à retomada dos ideais malthusianos no pós-Segunda Guerra Mundial, quando se registrou o crescimento demográfico acentuado em muitos países, inicialmente nos desenvolvidos e depois nos países emergentes e menos desenvolvidos. Essa explosão demográfica era decorrente do aumento da natalidade e redução da mortalidade. A diferença dessa teoria com a malthusiana é a possível solução encontrada para esse problema. Os neomalthusianos defendiam a implementação de medidas de controle de natalidade nas nações menos desenvolvidas. Essas medidas incluem o fornecimento de anticoncepcionais e a restrição do número de filhos por família.
Exercícios resolvidos sobre teoria reformista
Questão 1
(UFRN) A teoria reformista é uma resposta aos neomalthusianos. De acordo com essa teoria, é correto afirmar que:
a) as precárias condições econômicas e sociais acarretam uma redução espontânea das taxas de natalidade.
b) uma população jovem numerosa, devido às elevadas taxas de natalidade, é a causa principal do subdesenvolvimento.
c) o controle da natalidade só será possível mediante rígidas políticas demográficas desenvolvidas pelo Estado.
d) o equilíbrio da dinâmica populacional se dá pelo enfrentamento das questões sociais e econômicas.
Resolução:
Alternativa D.
Os reformistas defendem que o subdesenvolvimento é uma causa das elevadas taxas de natalidade, e a melhoria da qualidade de vida da população e as políticas sociais seriam formas de se atingir o equilíbrio populacional.
Questão 2
(Urca) Ao longo da evolução da humanidade, várias teorias são criadas para explicar fenômenos naturais, e não tem sido diferente quando se estuda a dinâmica sociodemográfica, pois várias teorias têm procurado explicar a relação existente entre crescimento populacional e desenvolvimento econômico. Identifique abaixo a assertiva em que se enquadra a teoria reformista:
a) O controle da natalidade deve ser efetivada pelo Estado, no sentido de impedir o rápido crescimento demográfico e o surgimento de áreas superpovoadas com altos índices de pobreza, como os que ocorrem no nordeste brasileiro.
b) A existência de países subdesenvolvidos é resultado do acelerado crescimento demográfico.
c) O estado de miséria e pobreza são responsáveis pelo crescimento da população, sendo necessárias mudanças socioeconômicas que permitam a distribuição de renda e o acesso à educação, à saúde e ao mercado de trabalho.
d) O acelerado crescimento demográfico trará consequências graves sobre os ecossistemas tropicais e equatoriais, sendo necessário o controle da natalidade como forma de garantir a conservação do patrimônio ambiental.
e) A miséria e a pobreza são consequências do crescimento da população, sendo necessárias mudanças que permitam o acesso à saúde e ao tratamento abortivo.
Resolução:
Alternativa C.
A teoria reformista diz que as taxas de natalidade elevadas em países subdesenvolvidos são decorrentes da pobreza e da falta de oportunidades de sua população. Assim sendo, o controle do crescimento populacional seria feito mediante a implementação de políticas sociais de inclusão, redistribuição de renda e melhorias na qualidade de vida da população.
Notas
|1| LUCCI, Elian Alabi. Território e sociedade no mundo globalizado: ensino médio, 3. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 ed. 281p.
Créditos da imagem
[1] sladkozaponi / Shutterstock
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia