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Entende-se por salinização do solo o acúmulo excessivo de sais minerais em forma de íons (Na+ e Cl-) na superfície e também na estrutura interior do relevo utilizado para o plantio. É um processo que se manifesta mais comumente em áreas de clima árido e semiárido em que são elevados os índices de evaporação e muito baixas as quantidades médias de chuvas.
Sabemos que, naturalmente, a água possui sais minerais e demais compostos, tais como o potássio e muitos outros. No entanto, o acúmulo excessivo dessa água no solo, somado ao seu elevado índice de evaporação, pode provocar o processo de salinização, pois os sais depositados não evaporam em conjunto. Assim, quando as chuvas são poucas e o solo é pouco lavado pelo escoamento das águas pluviais na superfície, esses sais mantêm-se ainda mais acumulados, causando a perda de sua fertilidade e até mesmo intensificando processos de desertificação.
Existem três causas principais para a salinização do solo: a subida do nível freático, a adoção de métodos incorretos de irrigação e o acúmulo de água salgada proveniente dos mares e oceanos.
No caso da emergência da água subterrânea para a superfície, ocorre uma maior presença dessa água nos solos de regiões áridas e semiáridas não irrigadas, havendo o acúmulo dos sais em virtude da intensa evaporação, haja vista o clima seco. Para isso acontecer, o nível da água do subsolo tem de estar, obviamente, próximo à superfície, o que é mais comum em regiões de planícies aluviais e também em áreas de depressão relativa e absoluta, além da presença dos tipos climáticos acima citados.
Os métodos incorretos de irrigação provocam ou, em alguns casos, apenas intensificam processos de salinização do solo já existentes. Por isso, em ambientes que já apresentam essa tendência – novamente, em regiões de clima mais seco e intensa evaporação –, técnicas de irrigação por aspersão ou outros manejos que usam muita água são pouco recomendados. O correto, em tese, é o emprego de técnicas de gotejamento, em que o uso da água é mais contido, afetando em menor grau o solo. O grande problema é que essas técnicas são mais caras, o que contrasta com o nível econômico dos produtores de regiões áridas, geralmente (mas nem sempre) de baixo poder aquisitivo, o que praticamente inviabiliza o uso de técnicas que buscam evitar a salinização.
Em um último tipo de ocorrência, citam-se os casos de salinização do solo em razão da presença – ou melhor, da ausência! – de água do mar. Em regiões como o Mar Morto e o Mar de Aral, na Ásia, o clima é seco e a evaporação das águas salgadas desses mares (que, na verdade, são lagos) é muito intensa. Conforme a utilização e exploração desses recursos hídricos, pode haver uma perda ou menor presença de água. Por causa disso, os sais minerais permanecem na superfície, enquanto a concentração de líquido diminui, o que acarreta o acúmulo desses sais e a consequente e inevitável salinização.
Área seca do Mar de Aral no Cazaquistão. A salinidade do solo, nesse caso, é muito elevada
Como já mencionamos, as consequências principais do processo de salinização do solo são a perda de áreas agricultáveis, a morte de vegetais cultivados (principalmente o feijão, a cebola, a batata e outros tipos mais sensíveis), além do aumento da possibilidade de desertificação. Há medidas de contenção, como a correção do solo ou até a dessalinização por drenagem, mas o mais correto é prevenir tais ocorrências, com técnicas corretas de irrigação e o monitoramento e controle dos índices de salinidade das águas e dos próprios solos.
Por Me. Rodolfo Alves Pena