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Os objetivos da colonização portuguesa no Brasil inseriram o caráter agroexportador da nossa economia, o que pode ser verificado no transcorrer dos seus ciclos econômicos principais que ocorreram no período colonial: a cana-de-açúcar e a mineração.
O Brasil não atravessou o processo conhecido como Revolução Industrial e esteve limitado aos interesses da metrópole. Apenas quando a família real portuguesa se deslocou para o Brasil em 1808, em direção à cidade do Rio de Janeiro, algumas melhorias estruturais ocorreram, estradas e fábricas foram criadas, assim como uma melhor organização institucional e administrativa.
Leia também: Ciclo do cacau — um dos ciclos que também contribuiu para a economia brasileira.
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Mudanças e evolução da economia brasileira
A abertura dos portos brasileiros para o comércio internacional realizada após uma grande pressão do império britânico colaborou para as importações de máquinas e produtos ingleses. Após a independência em relação a Portugal em 1822, o Brasil entrou diretamente na esfera de influência da Inglaterra. A partir desse curto período do Brasil Império, que perdurou até a proclamação da República em 1889, o ciclo do café manteve o formato primário da economia brasileira, mas em outro contexto: ao contrário do que ocorreu nos ciclos anteriores, pela primeira vez ocorreu no país um tipo de acumulação primitiva de capitais.
Os Barões do Café - nome dado aos grandes produtores de café de meados do século XIX - foram os precursores da iniciativa privada brasileira, principalmente no Sudeste. Muitas ferrovias paulistas foram expandidas através dos investimentos particulares dos latifundiários ligados à atividade cafeeira.
Outra mudança determinante foi o arrefecimento da utilização do trabalho escravo. Fatores externos, como as leis que restringiam o comércio de escravos, assim como fatores internos, em destaque o endividamento de muitos produtores rurais com os atravessadores de escravos, tornaram a escravatura cada vez mais restrita. O Brasil criou leis que, lentamente, culminaram com o término da escravidão com a declaração da Lei Áurea, em 1888. Para estabelecer uma nova relação entre o fator terra e a mão-de-obra foram utilizados os imigrantes europeus, predominantemente italianos.
A imigração italiana e a expansão das ferrovias interiorizaram a ocupação no estado de São Paulo. As divisas do café conduziram à formação de grupos bancários e à atração de capitais para o surgimento de fábricas, modernização dos portos e diversificação do comércio. Ao final do século XIX, na região amazônica, o ciclo da borracha também provocou um acúmulo de capitais para região, permitindo a formação de alguns centros importantes em meio a grandes vazios demográficos, principalmente Belém e Manaus.
Após o período imperial, teve início a 1ª República ou República Velha, considerada na visão de muitos cientistas sociais brasileiros como a consolidação da elite agrária como detentora do poder político e da estruturação da sociedade, com poucas transformações na economia predominantemente agrária.
Getúlio Vargas e a industrialização brasileira
A crise econômica de 1929 influenciou diretamente a economia cafeeira, que acabou declinando gradualmente devido à queda do preço internacional do café. Entre 1930 e 1945, o país alcançou uma nova etapa, conhecida como o Estado Getulista, que modificou bastante a estrutura produtiva do Brasil. Getúlio Vargas lançou as bases para uma indústria nacional, com o Estado atuando como empresário e regulador dos setores econômicos. Empresas como a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a mineradora Vale do Rio Doce, atualmente privatizadas, foram concebidas nesse período. Também foi criado o Conselho Nacional do Petróleo, política nacionalista que visava ao controle estatal da exploração e produção do petróleo. Posteriormente, em 1952, quando Vargas retornou à presidência pela via democrática, foi criada a Petrobrás.
Embasado em uma plataforma populista, Vargas introduziu leis trabalhistas, organizou a estrutura dos sindicatos e aumentou a participação da indústria na composição do PIB brasileiro, assim como incentivou a criação de setores como o mecânico, material elétrico, material de transportes, química e farmacêutico. Juntamente com outras nações subdesenvolvidas como o México, a Argentina e a África do Sul, o país começou a sua industrialização tardia.
Júlio César Lázaro da Silva
Colaborador Brasil Escola
Graduado em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - UNESP
Mestre em Geografia Humana pela Universidade Estadual Paulista - UNESP