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A Geomorfologia é uma área das Ciências da Terra responsável pelo estudo das formas superficiais de relevo, tanto em suas fisionomias atuais quanto em seu processo geológico e histórico de formação e transformação. Esse campo do conhecimento é visto como uma área de intersecção entre duas diferentes ciências: a Geografia e a Geologia.
O conceito de Geomorfologia está diretamente vinculado à etimologia da palavra: Geo = “Terra”; morfo = “forma”; logia = estudo. Assim, trata-se do estudo sobre a forma da Terra, ou seja, as manifestações do relevo e toda a dinâmica estrutural a ele relacionada. É, portanto, uma importante ferramenta de compreensão da realidade, pois permite um maior e melhor conhecimento sobre a composição natural do nosso planeta.
Para as sociedades e as práticas humanas em geral, a utilidade da Geomorfologia está na possibilidade de estudo sobre a superfície terrestre no sentido de permitir uma execução de sistemas e métodos de planejamento do processo de produção e ocupação do espaço geográfico. Assim, com os estudos empreendidos por essa área do conhecimento científico, sabemos quais são as áreas de melhor ocupação e aquelas de maior risco, além de entender as medidas necessárias para evitar problemas relacionados com o relevo na cidade e no campo.
Desse modo, quando observamos ou acompanhamos nos noticiários casos de graves erosões, deslizamentos de Terra, ocupação de áreas degradadas, entre outros fatores ligados à estrutura da superfície, estamos diante de problemas que poderiam ter sido evitados mediante a aplicação de conhecimentos geomorfológicos específicos. Portanto, ao nos perguntarmos para que serve a Geomorfologia, podemos entender que ela é relevante no sentido de auxiliar o ser humano a ocupar e utilizar o meio natural de maneira correta, de modo a minimizar os impactos gerados sobre a natureza.
A Geomorfologia não estuda somente o relevo de maneira estática, mas todo o conjunto de processos que levam à sua transformação nas mais diversas escalas temporais. Assim, levam-se em consideração os estudos sobre os fatores endógenos e os fatores exógenos de transformação do relevo, isto é, os elementos naturais que atuam internamente (tectonismo, terremotos etc.) e os que atuam externamente (erosão, intemperismo etc.). Com isso, entendemos melhor a formação dos tipos de relevo, a constituição dos solos e a melhor maneira de conservá-los.
Os níveis de abordagem da Geomorfologia
Em uma divisão elaborada por Aziz Ab'Saber, citado por Casseti (1994)¹, existem três principais níveis de abordagem da Geomorfologia ou estudos segmentados, que envolvem: a compartimentação morfológica, o levantamento da estrutura superficial e o estudo da fisiologia da paisagem.
a) compartimentação morfológica: análise e observação do relevo e as variações de suas topografias (o conjunto de acidentes geográficos e variações de altitude). É um procedimento útil na definição das áreas de ocupação e da delimitação das áreas de risco que um determinado ambiente possui, sendo importante e necessário para o correto uso do solo.
b) levantamento da estrutura superficial: define as características e, enfaticamente, a fragilidade que um determinado terreno possui. É responsável também pela análise do histórico de formação por meio da atuação dos agentes exógenos e endógenos.
c) estudo da fisiologia da paisagem: estudar a fisiologia de uma paisagem significa analisar o seu conjunto de funções e, no presente caso, a ação e impactos dos processos morfodinâmicos (movimentação das formas de relevo) na atualidade, o que inclui os efeitos da ação humana sobre o meio.
Portanto, ao entendermos esses níveis, podemos ter uma dimensão da complexidade e do alcance que a Geomorfologia possui ao desnudar, em seus estudos, a alçada geológica da qual se formaram as estruturas terrestres – por meio do levantamento de sua genealogia – até os processos naturais e antrópicos que alteram as formas de relevo e a cadeia de elementos naturais relacionados.
¹ CASSETI, V. Elementos de Geomorfologia. Goiânia: Editora da UFG, 1994.
Por Me. Rodolfo Alves Pena