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A síndrome de Li-Fraumeni é uma condição hereditária que leva a uma predisposição ao desenvolvimento de câncer. Com padrão de herança autossômico dominante, essa síndrome relaciona-se com diferentes mutações no gene TP53, um gene que atua evitando que tumores se formem em nosso corpo, sendo chamado por alguns autores de gene “guardião do genoma”.
Entre os tumores mais frequentemente associados à síndrome estão os cânceres de mama, sarcomas de partes moles, sarcomas ósseos, tumores no sistema nervoso central, tumores adrenocorticais e leucemias.
Leia também: Tumor é câncer?
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre a síndrome de Li-Fraumeni
- 2 - O que é a síndrome de Li-Fraumeni?
- 3 - Tipos de tumores mais frequentes na síndrome de Li-Fraumeni
- 4 - Critérios clássicos para suspeita da síndrome de Li-Fraumeni
- 5 - Síndrome de Li-Fraumeni no Brasil
Resumo sobre a síndrome de Li-Fraumeni
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A síndrome de Li-Fraumeni é uma condição rara e hereditária que provoca predisposição ao câncer.
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Trata-se de uma síndrome com padrão de herança autossômico dominante.
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A síndrome está associada à ocorrência de diferentes tipos de câncer, como sarcomas, câncer de mama, adrenocorticais e do sistema nervoso central.
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O Brasil concentra uma grande quantidade de pessoas com a síndrome devido à ocorrência de uma mutação específica.
O que é a síndrome de Li-Fraumeni?
A síndrome de Li-Fraumeni, descrita em 1969 por Frederick Li e Joseph Fraumeni, é uma condição hereditária e rara que leva a uma predisposição ao desenvolvimento de câncer. Está associada com casos de desenvolvimento de tumores na infância e em jovens.
Ela se relaciona com mutações no gene TP53 e é uma doença autossômica dominante. O gene TP53, denominado por alguns autores de “guardião do genoma”, apresenta várias funções no ciclo celular e papel fundamental para impedir que células que possuem erros se proliferem e originem tumores. Mutações nesse gene afetam essa capacidade, favorecendo o desenvolvimento de cânceres.
Uma das mutações do gene TP53 ocorre apenas no Brasil e é conhecida como R337H. Ela se destaca por ser uma mutação que predispõe ao risco de desenvolver câncer, porém este é menor do que o observado em pessoas que apresentam outras mutações. De acordo com o A.C.Camargo Cancer Center, essa característica leva a comunidade científica a chamá-la de síndrome de Li-Fraumeni-Like. De uma maneira simplificada, podemos dizer que a síndrome de Li-Fraumeni- Like leva ao desenvolvimento de um fenótipo mais brando.
Tipos de tumores mais frequentes na síndrome de Li-Fraumeni
Entre os tumores mais frequentemente encontrados na síndrome de Li-Fraumeni e na síndrome de Li-Fraumeni- Like estão os cânceres de mama, sarcomas de partes moles, sarcomas ósseos, tumores no sistema nervoso central, tumores adrenocorticais e leucemias.
Critérios clássicos para suspeita da síndrome de Li-Fraumeni
O diagnóstico da síndrome de Li-Fraumeni não é uma tarefa fácil, por isso deve-se fazer um estudo detalhado da família de um caso suspeito. Algumas situações podem levantar a suspeita da existência da síndrome e, a partir daí, deve ser feita uma investigação.
São considerados critérios clássicos para suspeita da síndrome de Li-Fraumeni:
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pessoa com sarcoma diagnosticado antes dos 45 anos,
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pessoa que possua familiar de 1º grau diagnosticado antes dos 45 anos com qualquer tipo de câncer e outro familiar de 1º ou 2º grau que tenha sido diagnosticado com sarcoma em qualquer idade ou qualquer tipo de câncer antes dos 45 anos de idade.
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Síndrome de Li-Fraumeni no Brasil
A síndrome de Li-Fraumeni ocorre com maior frequência no Brasil do que em qualquer outra parte do mundo. Como salientado anteriormente, no Brasil é observada uma mutação no gene TP53 diferente das observadas em outras regiões do mundo. Essa mutação, em geral, reduz a chance de desenvolvimento de câncer quando comparada com pessoas que possuem a síndrome em outros lugares do mundo.
Além disso, a mutação brasileira faz com que o câncer não surja muito cedo e, com isso, aumenta a chance de o indivíduo ter filhos e passar seu gene mutante para as próximas gerações, aumentando a prevalência da síndrome do Brasil. Segundo reportagem da BBC, “no resto do mundo, mutações genéticas no TP53 também costumam causar câncer mais cedo — em 50% dos casos, antes dos 30 anos. No caso brasileiro, esse índice é de 30%”.|1|
Notas
|1| Matéria disponível aqui.
Por Vanessa Sardinha dos Santos
Professora de Biologia