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O Rio São Francisco é um dos mais importantes cursos d'água do Brasil e considerado o rio de integração nacional. Sua importância ultrapassa o abastecimento de água (principalmente) do Nordeste do Brasil, pois possui valor econômico, social e cultural para o país, pois muitas famílias dependem dele para sobreviver. O Rio São Francisco possibilita a fruticultura, irrigando as produções, bem como é utilizado na produção de energia em usinas hidrelétricas.
Leia também: Por que no Nordeste há seca?
Tópicos deste artigo
- 1 - Características gerais
- 2 - Onde nasce o Rio São Francisco?
- 3 - Bacia do Rio São Francisco
- 4 - Principais afluentes
- 5 - Transposição do Rio São Francisco
- 6 - Curiosidades sobre o Rio São Francisco
- 7 - Importância do Rio São Francisco para o Nordeste brasileiro
Características gerais
O São Francisco é um rio perene, ou seja, é um rio que possui fluxo normalmente constante e estável ao longo de todo o ano. Sendo assim, ele não seca, independentemente do período de estiagem.
→ Extensão
O Rio São Francisco desloca-se em boa parte do semiárido nordestino, estendendo-se por regiões de clima semiárido, árido e úmido. Tem, aproximadamente, 2.700 quilômetros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ocupando cerca de 8% do território nacional.
→ Estados percorridos
O curso do Rio São Francisco percorre os estados de Minas Gerais, Goiás e o Distrito Federal, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas (onde se localiza seu desaguadouro).
→ Municípios banhados
O rio perpassa cerca de 507 municípios, de acordo com o IBGE. São exemplos os municípios de Pirapora e Três Marias, em Minas Gerais; Paulo Afonso e Bom Jesus da Lapa, na Bahia; Penedo e Piranhas, em Alagoas; e Petrolina, em Pernambuco.
→ Área de drenagem
O Rio São Francisco drena uma área de, aproximadamente, 641.000 km2.
→ Média de vazão
A vazão média é de 2.846 metros cúbicos por segundo, cerca de 1,58% da vazão média nacional, segundo a Agência Nacional das Águas.
→ Navegabilidade
Essa é uma das principais características do Rio São Francisco. Este apresenta duas regiões de maior navegabilidade. São elas: o estirão médio, que apresenta cerca de 1.371 km de extensão (entre Minas Gerais, Bahia e Pernambuco), e o baixo estirão, com, aproximadamente, 208 km de extensão (entre Alagoas e a foz — local onde o rio deságua: o Oceano Atlântico).
A nascente do Rio São Francisco localiza-se no estado de Minas Gerais.
Onde nasce o Rio São Francisco?
O Rio São Francisco tem sua nascente histórica no alto do Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais, no município de São Roque de Minas, região considerada um grande berço de rios. Contudo, segundo o Ministério do Meio Ambiente, foi determinado que a nascente geográfica do Rio São Francisco encontra-se no município de Medeiros, em Minas Gerais. O rio liga as regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, desaguando no Oceano Atlântico, na divisa dos estados de Alagoas e Sergipe.
Mapa da região hidrográfica do Rio São Francisco. (Fonte: Agência Nacional das Águas/IBGE)
Bacia do Rio São Francisco
A bacia do Rio São Francisco é a mais extensa entre as bacias exclusivamente nacionais e possui uma área total de 639.219,4 km2, sendo que: 62,5% dessa área localiza-se na região Nordeste do Brasil; 36,8%, na região Sudeste; e 0,7%, na região Centro-Oeste. A bacia abrange os estados de Goiás (e o Distrito Federal), Bahia, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Minas Gerais.
O Rio São Francisco possui 168 afluentes distribuídos entre rios perenes e rios intermitentes.*
A bacia divide-se em quatro regiões fisiográficas (características físicas presentes em uma área), segundo dados do Ministério do Meio Ambiente:
1) Alto São Francisco: corresponde a um trecho de, aproximadamente, 702 km de extensão, situado entre as áreas das nascentes do Rio São Francisco até Pirapora e Montes Claros, em Minas Gerais. Corresponde a 16% da área da bacia. As chuvas nessa região são frequentes, com precipitações anuais entre 1.600 mm a 1.100 mm no verão, entre os meses de outubro a abril.
- Principais cidades dessa área: Região Metropolitana de Belo Horizonte, Ouro Preto e Divinópolis.
2) Médio São Francisco: Corresponde a um trecho com cerca de 1.230 km de extensão (maior parte da bacia), onde começa o trecho navegável, entre a área de Pirapora, em Minas, e Remanso, na Bahia. Representa, aproximadamente, de 63% da área da bacia.
- Principais cidades dessa área: Pirapora, Montes Claros, Paracatu, Formosa e Bom Jesus da Lapa.
3) Submédio São Francisco: Corresponde à área dos estados de Pernambuco e Bahia, indo de Remanso à cidade de Paulo Afonso, com cerca de 440 km de extensão. Representa, aproximadamente, 17% da área da bacia. A precipitação média nessa região fica entre 450 mm e 800 mm, anualmente.
- Principais cidades dessa área: Juazeiro, Ouricuri e Arcoverde.
4) Baixo São Francisco: Compreende a área de Paulo Afonso até a foz entre Alagoas e Sergipe, com cerca de 214 km de extensão. Representa, aproximadamente, 4% da bacia. A precipitação média anual nessa área varia entre 1.300 mm a 500 mm.
- Principais cidades dessa área: Jeremoabo, Bom Conselho, Nossa Senhora da Glória e Penedo.
O Rio São Francisco é o principal curso d'água da bacia e apresenta 168 afluentes. A bacia abrange a área de três biomas, o Cerrado (entre os estados de Minas Gerais e Bahia); a Caatinga (compreende o nordeste da Bahia) e a Mata Atlântica (na região do Alto São Francisco). Já no que diz respeito ao clima da área abrangida pela bacia, esse é influenciado por diversas massas de ar e diferentes altitudes e relevo. O rio está na região intertropical com elevada incidência solar, fazendo com que também seja elevado o índice de evapotranspiração, principalmente na região norte da bacia.
As enchentes e as secas ocorrem em diferentes regiões da bacia. Normalmente, as cheias (período de dezembro a março) são características do Alto São Francisco, e as secas ocorrem geralmente no Médio e no Submédio São Francisco.
Em relação às características sociais da região da bacia do Rio São Francisco: trata-se de uma área de elevada densidade demográfica e com pontos em que há população em situação de miséria. A população total da bacia, segundo o IBGE, é de quase 14 milhões de habitantes (predominantemente urbana), e a densidade demográfica é de, aproximadamente, 20,0 habitantes por km2. A maior parte da população localiza-se no Alto do São Francisco (48,8%), e a região com menor concentração de população é o Baixo São Francisco (10,7%).
Veja também: Principais bacias hidrográficas do Brasil
Principais afluentes
O Rio São Francisco possui, segundo o Ministério do Meio Ambiente, 168 afluentes. Entre eles, 90 situam-se na margem esquerda, e 78, na margem direita. Desses 168 afluentes, 99 são perenes, como o Rio Paracatu, Corrente, Paraopeba e Urucuia. Já 69 deles são intermitentes (rios que desaparecem no período de estiagem).
Os principais afluentes da Bacia do Rio São Francisco situam-se na margem esquerda, tanto do Alto quanto do Médio São Francisco, devido à formação sedimentar, que possibilita que a água da chuva infiltre-se com maior facilidade, alimentando esses rios.
Os principais afluentes são:
Rio Paraopeba |
Rio Abaeté |
Rio Jequitaí |
Rio Paracatu |
Rio Verde Grande |
Rio Carinhanha |
Rio Corrente |
Rio Pará |
Rio das Velhas |
Rio Pajeú |
Rio Salitre |
Rio Urucuia |
Transposição do Rio São Francisco
A transposição do Rio São Francisco não é um projeto atual. A primeira tentativa de transpor o rio aconteceu em 1847. A ideia foi apresentada a Dom Pedro II pelo engenheiro Marcos de Macedo, que pretendia diminuir os problemas da seca nordestina. Contudo, o projeto não se realizou.
Outras tentativas — nos anos de 1856, 1886 e 1889 — não vingaram. Nos governos de Getúlio Vargas, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, a questão da transposição do Rio São Francisco também foi pauta, mas, novamente, não saiu do papel.
A ideia de amenizar os efeitos provocados pela seca ressurgiu no governo de Luiz Inácio (Lula) da Silva, entre 2003 e 2006. O então presidente ordenou que a obra de transposição fosse executada.
O projeto, atualmente, está em execução e não foi finalizado. É uma obra oriunda do Governo Federal e tem como objetivo "desviar" águas do São Francisco com base na construção de canais para fazer com que rios intermitentes tornem-se rios perenes, diminuindo, assim, a escassez de água que assola o Nordeste brasileiro. A população — dos estados do Ceará, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará — teria maior acesso à água e, assim, a maiores possibilidades de desenvolvimento de atividades que alavancassem a vida das pessoas dessas regiões.
A ideia do projeto de transposição do São Francisco é dividida em dois eixos:
1) Eixo Norte: capta água do São Francisco na região de Cabrobó, em Pernambuco, e distribui para o sertão dos estados do Ceará, de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Esse trecho percorrerá 400 km, operando com vazão contínua de 16,4 metros cúbicos por segundo.
2) Eixo Leste: capta água do São Francisco na região de Floresta, em Pernambuco, e distribui para o sertão e agreste de Pernambuco e da Paraíba. Esse trecho percorrerá 220 km, com uma vazão contínua de 10 metros cúbicos por segundo.
É válido ressaltar que esse projeto sofre inúmeras críticas, já que está associado a diversos impactos ambientais negativos decorrentes das obras que deverão ser realizadas, bem como ao desmatamento e à perda de biodiversidade em algumas áreas. Alguns estudiosos também acreditam que a transposição pode acarretar prejuízos à vazão do rio nas regiões mais próximas às áreas de nascente, prejudicando, também, a geração de energia pelas hidrelétricas instaladas na área da bacia.
Curiosidades sobre o Rio São Francisco
- É conhecido como "Velho Chico" e também como "Nilo brasileiro", em virtude de suas cheias, que tornam férteis suas margens.
- O Rio São Francisco foi descoberto no ano de 1501 e é considerado o rio de integração nacional, visto que interliga as regiões Nordeste e Sudeste, desempenhando um importante papel na ocupação do território ao permitir a entrada das bandeiras.
- Apesar de o maior volume de águas que abastece o São Francisco ser oferecido pelos rios do Cerrado, são as represas Três Marias e Sobradinho que garantem, hoje, a regularidade do rio, até mesmo na estação da seca.
- Na bacia do Rio São Francisco, há registradas cerca de 158 espécies de peixe.
- A região do Rio São Francisco é rica em depósito de diversos minerais, como zinco, chumbo, diamante, ardósia, manganês, entre outros.
- A mineração e o garimpo provocam inúmeros impactos na região do Rio São Francisco. O desmatamento e a deposição de sedimentos comprometem a qualidade do rio.
- O desmatamento e o uso do solo para práticas agrícolas têm aumentado casos de erosão, diminuindo drasticamente a capacidade de retenção da bacia, o que provoca inundações.
Uma das principais importâncias do Rio São Francisco é a geração de energia elétrica em hidrelétricas, como a Usina Xingó.
Importância do Rio São Francisco para o Nordeste brasileiro
O Rio São Francisco é de extrema importância para o abastecimento de água das regiões Nordeste e Sudeste, sendo considerado um dos fatores essenciais de desenvolvimento, principalmente, do Nordeste brasileiro. Por localizar-se no semiárido nordestino, o rio é uma das poucas fontes de água da região.
Muitas famílias e pescadores tiram do rio seu sustento. Em suas margens, desenvolvem-se a agricultura e a pecuária. A vegetação local e a disponibilidade de minérios também são fatores relevantes na importância desse curso d'água.
Segundo a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), as suas margens são consideradas um grande pomar. Diversas frutas são cultivadas na área do rio, onde foram instaladas grandes empesas. São cultivadas frutas, como mamão, manga e melancia, que abastecem o mercado interno e externo.
O Rio São Francisco também é utilizado para a geração de energia. Grandes usinas hidrelétricas, como Xingó e Sobradinho, utilizam a força de suas águas para geração de eletricidade. A energia gerada abastece a região Nordeste e parte do estado de Minas Gerais.
Leia mais: 10 maiores hidrelétricas do mundo
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*Créditos de imagem: ANDRE DIB / Shutterstock
Por Rafaela Sousa
Graduada em Geografia