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No cenário econômico mundial, muitas classificações buscam segmentar os países com base em seus níveis de crescimento econômico e desenvolvimento social. Assim, embora seja uma divisão bastante problemática, é comum que se separem os países desenvolvidos ou do norte, também chamados de centrais ou ricos, dos países subdesenvolvidos ou do sul, também chamados de periféricos ou em desenvolvimento. Entre eles, em tese, existiriam os chamados países emergentes, que teriam um maior crescimento social e econômico do que os demais países pobres.
Diante dessa quantidade de nomes e divisões, uma dúvida costuma ser muito comum na mente das pessoas: o Brasil é subdesenvolvido ou emergente?
Para responder a essa pergunta, é preciso primeiramente entender o que são os países emergentes, que também são chamado de países em desenvolvimento. Trata-se de um grupo intermediário que apresenta níveis medianos de desenvolvimento humano (embora alguns emergentes percam nesse quesito para países subdesenvolvidos), um relativo crescimento econômico e, principalmente, a capacidade para se tornarem grandes potências mundiais a médio e longo prazo.
Embora apresentem, em geral, economias industrializadas e um crescimento acentuado do setor terciário, enquanto muitos países periféricos são predominantemente agrários, é impossível adotar um conceito ou característica geral que englobe os países emergentes, tampouco é possível separar, com critérios específicos, os países emergentes das demais economias periféricas, principalmente em tempos de crises globais ou conjunturais.
Portanto, a ideia de país emergente é mais uma inserção dentro dos países subdesenvolvidos do que a designação de um grupo economicamente à parte. Afinal, trata-se, de todo modo, de economias muito dependentes e, mesmo industrializadas, altamente voltadas para a exportação de matérias-primas e produtos de baixo avanço tecnológico. Até aqueles mais fortemente avançados tecnologicamente (a exemplo da China e do México) fazem-no pela abertura de suas economias à entrada de empresas multinacionais estrangeiras, quase todas pertencentes aos países centrais.
A economia do Brasil, por sua vez, apresenta todas essas características gerais que costumam predominar nos países emergentes: industrialização (mesmo que tardia), abertura econômica, grande entrada de empresas estrangeiras multinacionais, forte crescimento do setor terciário, condições medianas de desenvolvimento econômico e humano, entre outras.
Portanto, o correto não é dizer ou questionar se o nosso país é subdesenvolvido ou emergente, mas sim afirmar que o Brasil é subdesenvolvido e emergente. Afinal, o cenário brasileiro apresentou, de fato, evoluções econômicas e sociais em relação a algumas décadas, mas não se livrou de várias condições socioespaciais e historicamente constituídas que o levaram ao subdesenvolvimento, tais como: a concentração de renda elevada, o limitado desenvolvimento humano, a baixa qualidade em termos de educação e saúde, as limitações de infraestrutura, entre muitas outras.
Por Me. Rodolfo Alves Pena