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A clonagem é um processo que pode ser definido, simplificadamente, como a produção de cópias de outro indivíduo. Pode ocorrer tanto de forma natural como de forma artificial.
Falamos em clones naturais quando nos referimos aos indivíduos formados a partir de reprodução assexuada, como bactérias que se dividem e dão origem a duas bactérias idênticas. Os seres humanos também podem produzir clones naturalmente, sendo esse o caso dos gêmeos univitelinos, que apresentam o mesmo DNA. O foco do nosso texto, no entanto, é a clonagem artificial, na qual são utilizadas células somáticas (todas as células do corpo, exceto os gametas, são chamadas de somáticas) para produzir cópias idênticas de um organismo.
Confira no nosso podcast: Mitos e verdades sobre a clonagem
Tópicos deste artigo
- 1 - Clonagem de organismos
- 2 - Clonagem reprodutiva e terapêutica
- 3 - Ética e clonagem humana
- 4 - O que diz a lei brasileira sobre a clonagem?
Clonagem de organismos
Denominamos de clonagem de organismos a técnica capaz de fazer cópias idênticas de indivíduos multicelulares a partir de uma única célula. O produto da clonagem é um indivíduo chamado clone, que é geneticamente idêntico ao organismo que o originou. Sem dúvidas, um dos casos mais conhecidos de clonagem de organismos é o da ovelha chamada Dolly.
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Dolly, o primeiro mamífero clonado com sucesso
Dolly, uma ovelha, foi o primeiro mamífero clonado com sucesso no mundo. Para criar a Dolly, os pesquisadores usaram uma célula somática, já diferenciada, e conseguiram reprogramá-la para que voltasse a ser totipotente, ou seja, capaz de originar qualquer tipo celular. Para isso, os pesquisadores transferiram o núcleo de uma célula da glândula mamária de uma ovelha para um óvulo enucleado (óvulo sem núcleo). Nesse momento, a célula começou a se comportar como um zigoto formado logo após a fecundação do ovócito pelo espermatozoide.
Após feita a transferência do núcleo para o óvulo enucleado, essa estrutura foi inserida no útero de outra ovelha, que funcionou como uma espécie de mãe de aluguel. Pode parecer um processo relativamente simples, entretanto, para que Dolly fosse concebida, outras 276 tentativas fracassaram.
Dolly nasceu no dia 5 de julho de 1996 e morreu no dia 14 de fevereiro de 2003 por meio de uma injeção letal. O sacrifício foi feito, pois ela sofreu complicações de uma doença pulmonar. Vale destacar que Dolly, apesar de todo o sucesso da técnica, apresentou uma série de problemas de saúde, que podem ser decorrentes — especula-se — de problemas na clonagem.
Clonagem reprodutiva e terapêutica
A clonagem que deu origem à Dolly é o que chamamos de clonagem reprodutiva, a qual apresenta como finalidade gerar indivíduos geneticamente idênticos. Entretanto, essa não é a única forma de clonagem conhecida, existindo também a chamada clonagem terapêutica. A seguir vamos explicar melhor cada uma dessas técnicas.
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Clonagem reprodutiva: tem por objetivo a produção de um novo indivíduo. O indivíduo formado apresenta o mesmo material genético, entretanto, tanto comportamento como aparência podem não ser idênticos, uma vez que fatores ambientais podem também influenciar o seu desenvolvimento. Isso pode ser percebido, por exemplo, em gêmeos idênticos, que são clones naturais. Quem convive de perto com essas pessoas consegue facilmente encontrar detalhes que os diferenciam, seja na aparência, seja no comportamento. Vale salientar que a clonagem reprodutiva em humanos é proibida.
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Clonagem terapêutica: diferentemente da clonagem reprodutiva, não tem por objetivo a criação de um novo indivíduo, mas sim a formação de células-tronco que poderiam ser utilizadas no tratamento de doenças, como mal de Alzheimer e Parkinson. Diferentemente da clonagem reprodutiva, na clonagem terapêutica, o embrião não é colocado no útero para o desenvolvimento de um novo ser. O uso de embriões nos estágios iniciais de desenvolvimento, porém, não é bem aceito, sendo a técnica proibida, por exemplo, no Brasil.
Leia também: Reprodução assexuada — tipo de reprodução em que não há variabilidade genética
Ética e clonagem humana
Muito se discute a respeito da clonagem e seus limites. Seria ético criar um novo ser humano idêntico a algum de nós? Qual a finalidade dessa clonagem? Com todos os problemas de saúde enfrentados por Dolly, seria moralmente correto submeter um novo indivíduo a esses riscos? A maioria da comunidade científica acredita que a clonagem reprodutiva não é correta, entretanto muito se discute a respeito da chamada clonagem terapêutica.
A clonagem terapêutica apresenta grande potencial para tratar doenças, mas entramos em um ponto delicado quando falamos sobre o tema: onde a vida começa? Apesar de usar embriões em fases iniciais de desenvolvimento, eles não seriam uma forma de vida? Muitas pessoas acreditam que sim, sendo esse um dos principais motivos para a não aprovação da técnica em vários locais. Outro motivo é o fato de que a clonagem terapêutica poderia ser uma porta de abertura para a clonagem reprodutiva.
Leia também: Aconselhamento genético — forma de verificar a probabilidade de uma doença genética ocorrer
O que diz a lei brasileira sobre a clonagem?
De acordo com a Lei n.º 11.105, de 24 de março de 2005, considera-se clonagem um processo de reprodução assexuada, produzida artificialmente, baseada em um único patrimônio genético, com ou sem utilização de técnicas de engenharia genética. Ainda de acordo com a lei, a clonagem para fins reprodutivos é a clonagem com a finalidade de obtenção de um indivíduo, e a terapêutica é aquela com a finalidade de produção de células-tronco embrionárias para utilização terapêutica.
De acordo com o artigo 6º, fica proibido a clonagem humana no país. No capítulo VIII, que trata dos crimes e das penas, o artigo 26 reforça que quem realizar clonagem humana terá pena de reclusão de dois a cinco anos e multa.
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|1| Jordan Grinnell / Shutterstock.com