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Mahatma Gandhi

Mahatma Gandhi dedicou sua vida ao ativismo em defesa dos indianos e à independência da Índia. Foi assassinado em janeiro de 1948 por um nacionalista hindu.

Estátua construída em homenagem a Mahatma Gandhi em Malpe, no sul da Índia*
Estátua construída em homenagem a Mahatma Gandhi em Malpe, no sul da Índia*
Crédito da Imagem: shutterstok
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Mohandas Karamchand Gandhi, também conhecido como Mahatma Gandhi (a palavra “Mahatma” significa “grande alma”), foi um ativista indiano que ficou mundialmente conhecido por liderar os indianos na luta pela independência. A atuação de Gandhi tornou-se particularmente conhecida em virtude do uso do Satyagraha, um princípio de protesto não violento. Esse princípio utilizado por Gandhi serviu de inspiração para muitos ao longo do século XX.

Críticas à imagem de Gandhi

No entanto, apesar da sua reconhecida atuação pela independência da Índia e pelos direitos dos indianos na África do Sul de maneira pacífica, a figura de Gandhi, a partir de novos estudos e evidências, tem sofrido diversas críticas. As críticas feitas a Gandhi sugerem que ele era racista e considerava os sul-africanos inferiores aos indianos e ingleses. Sobre isso, um estudo recente conduzido por dois professores sul-africanos trouxe novos relatos sobre a visão racista de Gandhi sobre os negros |1|.

Além disso, existem críticas que afirmam que Gandhi possuía certo desprezo pela casta mais baixa da Índia, os dalits (intocáveis), e que negligenciava em parte a obtenção de alguns direitos por parte dessa comunidade marginal da Índia. Grandes críticas também são feitas à forma que Gandhi tratava as mulheres. Há relatos do péssimo tratamento que dedicava especialmente a sua esposa e de suas visões machistas.

Nascimento e juventude

Mohandas Karamchand Gandhi nasceu em Porbandar, no litoral oeste da Índia (na época colônia da Inglaterra e parte do Império Britânico), no dia 2 de outubro de 1869. Era filho de Karmachand Gandhi, na época governador daquela parte da Índia. Sua mãe se chamava Putlibai Gandhi (era a 4ª esposa de Karmachand). O apego de Gandhi à religião veio da influência de sua mãe, adepta do hinduísmo e devota do deus Vishnu.

Durante a infância, os relatos narram Gandhi como uma criança bastante introvertida e que não teve destaques durante sua fase escolar. Assim que completou 13 anos, conforme demandava a tradição da região, foi organizado um casamento arranjado. Gandhi casou-se com Kasturba Gandhi (Kasturba possuía apenas 14 anos na época do casamento).

Em 1888, Gandhi deixou mulher e filho na Índia e mudou-se para Londres, na Inglaterra, onde ingressou na universidade para se tornar advogado. Durante o período em que esteve em Londres, Gandhi aprofundou-se em seus conhecimentos religiosos do hinduísmo e, além disso, tornou-se vegetariano ao ingressar na London Vegetarian Society (Sociedade Vegetariana de Londres).

Concluiu seus estudos em Direito em meados de 1891 e então retornou à Índia para atuar na advocacia, no entanto, sua personalidade tímida fez com que Gandhi não tivesse sucesso na área. Em 1893, recebeu uma oferta de trabalho na África do Sul (também colônia inglesa) e, assim, novamente deixou mulheres e filhos na Índia e foi a trabalho para a África do Sul. Foram as experiências vividas na África do Sul que transformaram Gandhi em um grande ativista.

Gandhi na África do Sul

Foi durante sua estadia na África do Sul que Gandhi teve suas primeiras experiências com o preconceito racial, vindo tanto das autoridades como dos habitantes europeus da região. Um caso marcante que foi um dos fatos que levaram Gandhi ao ativismo aconteceu durante uma viagem que Gandhi fazia para Pretória em 7 de junho de 1893.

Durante a viagem, um passageiro incomodou-se com a presença de Gandhi na primeira classe, e os funcionários do trem solicitaram que Gandhi se retirasse para a terceira classe. Como Gandhi se recusou a se transferir para a terceira classe – ele possuía passagens para a primeira classe, foi expulso do trem.

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Essa experiência, somada a uma lei discriminatória decretada pelas autoridades coloniais contra os indianos, convenceu Gandhi a iniciar o ativismo em defesa dos direitos dos indianos na região. Durante os 21 anos em que esteve na África do Sul, Gandhi atuou em defesa dos indianos e lá desenvolveu seu método de protesto não violento, que foi importantíssimo na luta pela independência da Índia e que o popularizou em seu país de origem.

O retorno à Índia e a luta pela independência

Após retornar à Índia, Gandhi retomou seu ativismo político somente após o fim da Primeira Guerra Mundial. A Índia ainda era parte do Império Britânico, e a luta de Gandhi foi justamente para emancipar seu país do domínio colonial britânico. Em 1919, autoridades britânicas decretaram uma lei que permitia a prisão de qualquer pessoa que fosse julgada como ameaça.

A partir disso, Gandhi retomou o seu princípio de Satyagraha, que propunha um protesto não violento contra as injustiças existentes de maneira que o agressor se convencesse da injustiça que estava cometendo. Foi exatamente a defesa de uma atuação pacífica que fez Gandhi receber o apelido de “mahatma”, que para os indianos significa “grande alma”.

A atuação de Gandhi na luta contra a Inglaterra ocorreu a partir de ações de desobediência civil, instigando o povo a se recusar a colaborar com as autoridades britânicas de forma a enfraquecer o domínio sobre a Índia. A atuação de Gandhi como liderança do ativismo indiano, naturalmente, rendeu-lhe a prisão por diversas vezes.

As principais ações tomadas por Gandhi foram incentivar o povo a produzir sua própria roupa e não comprá-la dos britânicos como era comum na época. Para dar o exemplo, Gandhi carregava consigo um tear manual que ele utilizava para produzir suas próprias roupas. O tear manual utilizado por Gandhi tornou-se um símbolo nacional na Índia e atualmente é estampado na bandeira do país.

Outro destaque vai para a “marcha do sal”, na qual Gandhi liderou uma multidão que marchou a pé até uma região litorânea da Índia para que pudesse extrair sal do mar. A marcha do sal aconteceu como forma de desafiar as autoridades britânicas, que haviam instituído um novo imposto sobre o preço do sal na Índia.

A partir da década de 1920, uma rivalidade muito forte surgiu na Índia entre hindus e muçulmanos e, por mais que Gandhi se posicionasse pelo fim da violência e pelo convívio pacífico entre os dois lados, a violência continuou existindo. O crescimento do movimento de independência durante a Segunda Guerra Mundial fez com que a Índia conquistasse a sua independência em 1947. No entanto, a divisão existente entre muçulmanos e hindus permaneceu, o que fez com que o território indiano se fracionasse em duas nações. A porção muçulmana da Índia fundou o Paquistão.

A separação da Índia e do Paquistão foi o motivo da morte de Gandhi, quando, no dia 30 de janeiro de 1948, um nacionalista hindu chamado Nathuram Godse atirou à queima-roupa em Gandhi, em Nova Deli.

Nathuram Godse assassinou Gandhi porque o considerava responsável pela separação do Paquistão. Depois de preso, foi julgado e condenado à morte. Nathuram Godse foi executado no dia 15 de novembro de 1949.

|1| Para mais informações a respeito disso, acesse o artigo “What did Mahatma Gandhi think of black people?” [em inglês].

*Créditos da imagem: d_odin e Shutterstock

Por Daniel Neves
Graduado em História

Escritor do artigo
Escrito por: Daniel Neves Silva Formado em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Mahatma Gandhi"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/mahatma-gandhi.htm. Acesso em 20 de abril de 2024.

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