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Toyotismo é um modelo de produção industrial que surgiu no Japão no final da década de 1970 como uma alternativa ao fordismo. Foi desenvolvido por Taiichi Ohno e Eiji Toyoda e implementado nas fábricas japonesas da Toyota.
A principal característica do toyotismo é a adoção do sistema just-in-time, que busca aumentar a eficácia da produção através do atendimento à demanda dos consumidores, evitando a formação de grandes estoques de matérias-primas e produtos acabados, além de reduzir ao máximo o desperdício. Nesse tipo de produção usa-se tecnologia de forma intensiva e emprega-se mão de obra altamente qualificada e multitarefas, além de um rígido controle de qualidade, realizado durante todas as etapas da produção.
Leia também: Trabalho na Terceira Revolução Industrial
Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre toyotismo
- 2 - Videoaula sobre toyotismo
- 3 - O que é toyotismo?
- 4 - Características do toyotismo
- 5 - Origem e história do toyotismo
- 6 - Inovações do toyotismo
- 7 - Vantagens e desvantagens do toyotismo
- 8 - Diferenças entre toyotismo e fordismo
- 9 - Exercícios resolvidos sobre toyotismo
Resumo sobre toyotismo
- O toyotismo é um modelo de produção industrial surgido no Japão no final dos anos 1970.
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Recebe esse nome por ter sido implementado inicialmente nas fábricas da Toyota.
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Foi desenvolvido como uma alternativa ao modelo fordista.
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É caracterizado pela flexibilização da produção, com adoção do sistema just-in-time, que produz conforme a demanda. Além disso, nota-se a ausência de estoques. Há também o emprego de tecnologia intensiva, da terceirização produtiva e de mão de obra multifuncional.
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Entre suas vantagens estão a diversificação dos produtos, a produção que atende à demanda do consumidor, o cuidado com a qualidade e o emprego de tecnologia e mão de obra qualificada.
- O aumento da terceirização, a redução dos postos de trabalho (e consequentemente do desemprego) e a dependência da constante aquisição de matérias-primas são suas desvantagens.
Videoaula sobre toyotismo
O que é toyotismo?
O toyotismo é um modelo de produção industrial que surgiu no Japão no final da década de 1970 e que foi implementado pela primeira vez em uma das fábricas da montadora Toyota, de onde vem sua denominação. Esse modelo surgiu como uma alternativa àqueles que eram até então empregados nos Estados Unidos, especialmente o fordismo, de modo a se adequar ao contexto econômico-produtivo do seu país de origem.
Esse sistema é chamado também de modelo de acumulação flexível por conta da maneira como o processo produtivo é organizado, além de ter sido o primeiro a incorporar o just-in-time (que, em tradução livre, significa “na hora certa”), que adéqua a aquisição de matérias-primas e o ritmo produtivo à demanda do consumidor, com entregas que obedecem um prazo determinado.
Características do toyotismo
O modelo de produção introduzido nas montadoras japonesas possui características bastante distintas daquelas observadas até então nos sistemas norte-americanos. Uma das principais diz respeito à estocagem de matérias-primas. Sendo um país dependente da importação de produtos primários destinados à indústria, a criação de grandes estoques se tornava onerosa para as fábricas japonesas.
No toyotismo não existem estoques, nem de matérias-primas, nem dos produtos finalizados. Adotou-se o sistema just-in-time, através do qual o ritmo produtivo, a importação e aquisição de matérias-primas e o processo de entrega ou abastecimento do mercado está em conformidade com a demanda do consumidor, atendendo a prazos preestabelecidos. Com isso, tem-se um sistema de produção flexível.
A flexibilização da produção se estende para as etapas que vão além da montagem, caracterizando assim o processo de terceirização produtiva. Isso quer dizer que nem todos os processos são realizados no interior da mesma fábrica, havendo a difusão da produção pelo espaço geográfico e a criação de grandes cadeias produtivas.
O trabalho é flexível, o que significa dizer que um trabalhador pode executar diferentes tarefas durante a produção. Com isso, um mesmo profissional pode atuar em quaisquer das etapas produtivas e o seu deslocamento para outra tarefa é determinado caso surja essa necessidade.
Isso reduz a quantidade de mão de obra, mas exige um conhecimento mais diversificado por parte do profissional. Além do mais, há a separação desses trabalhadores em grupos, dentro dos quais as tarefas são atribuídas.
Em consonância com o grande avanço tecnológico do período, isto é, a Terceira Revolução Industrial, o toyotismo se caracteriza também pelo emprego intensivo de equipamentos eletrônicos e de alta tecnologia no interior das fábricas, os quais são manejados pelos próprios trabalhadores. Esse novo fato exige, além de amplo conhecimento, um alto nível de qualificação profissional.
A inspeção de qualidade e o controle são realizados de forma integral, ou seja, em todas as etapas do processo de produção. Esse procedimento é feito de forma minuciosa pelos próprios trabalhadores, que detêm autonomia para a execução de reparos, se necessário.
Confira no nosso podcast: O que eu preciso saber sobre os modelos de produção industrial?
Origem e história do toyotismo
A criação do modelo toyotista é atribuída ao engenheiro mecânico Taiichi Ohno (1912–1990), que passou a trabalhar na Toyota em 1932 e atuava como diretor e especialista em produção na década de 1950. A percepção da necessidade de adequação de um sistema de produção à realidade social e econômica do Japão partiu da visita do também engenheiro Eiji Toyoda (1913–2013) a fábricas da Ford na cidade estadunidense de Detroit na década de 1950.
Toyoda percebeu que o modelo fordista, que era então empregado em algumas fábricas japonesas até a eclosão da Segunda Guerra Mundial, não era mais adequado para o país. Algumas adaptações deveriam ser feitas, de modo que a produção fosse economicamente viável e compatível com a realidade do Japão, que é um país pequeno e dependente da importação de matérias-primas. Por causa disso, o custo com transporte e manutenção de eventuais estoques de produtos finalizados era oneroso. O Japão possuía, além disso, um mercado consumidor comparativamente menor do que o dos Estados Unidos e que, em contrapartida, exigia maior diversidade de produtos.
O novo modelo desenvolvido por Toyoda e Ohno foi inicialmente adotado nas fábricas japonesas da Toyota a partir de meados dos anos 1970, trazendo resultados positivos no que diz respeito à eficácia produtiva e à redução dos custos com os processos produtivos, espalhando-se rapidamente para outras localidades.
Inovações do toyotismo
Entre as inovações introduzidas à produção pelo toyotismo, estão:
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Ausência de estoques, tanto de matérias-primas quanto de produtos finalizados;
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Adequação da produção à demanda, resultando em uma produção por lotes;
- Mão de obra multifuncional e altamente qualificada;
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Fragmentação da produção (terceirização);
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Controle de qualidade realizado em todas as etapas;
- Emprego intensivo de tecnologia no processo produtivo.
Vantagens e desvantagens do toyotismo
A adoção do modelo toyotista reduziu os custos de manutenção de estoques com o seu sistema just-in-time, trazendo benefícios também por meio da adequação do seu ritmo produtivo às demandas do mercado, não havendo espaço para desperdícios e atendendo às necessidades dos consumidores de forma exata.
Os produtos derivados desse processo têm qualidade elevada, tendo em vista o controle rígido adotado ao longo do processo e a confecção por profissionais altamente qualificados, por meio de maquinários de alta tecnologia. Ademais, esse modelo proporcionou maior diversificação de produtos no mercado.
Pensando pelo lado estritamente econômico, a terceirização levou à redução dos custos de produção. No entanto, com a adoção de mais tecnologia e com o fato de os profissionais estarem aptos a exercer mais de uma atividade, houve redução do corpo de trabalhadores no interior das fábricas e menor oferta de emprego, tendo em vista a diminuição dos postos de trabalho.
Esse quadro condiciona a ampliação do desemprego e o aumento do trabalho informal. Outra desvantagem do toyotismo é a alta dependência da aquisição de matérias-primas, por causa da ausência dos estoques.
Leia também: Volvismo — modo de organização da produção surgido na Suécia
Diferenças entre toyotismo e fordismo
O toyotismo surgiu como uma alternativa ao fordismo, modelo de produção desenvolvido por Henry Ford e implementado inicialmente nas montadoras de veículos de sua marca localizadas nos Estados Unidos no início do século XX.
Apontamos no quadro abaixo algumas das principais diferenças entre esses dois modelos.
Fordismo |
Toyotismo |
Produção em massa |
Produção em lotes, conforme a demanda |
Formação de estoques |
Ausência de estoques, com escoamento imediato dos produtos finais |
Padronização dos produtos |
Maior diversificação dos produtos |
Trabalhadores altamente especializados |
Trabalhadores multifuncionais |
Ritmo produtivo oriundo da linha de montagem (esteiras) |
Ritmo produtivo oriundo da demanda |
Controle de qualidade realizado ao final da produção |
Controle de qualidade realizado durante as etapas de produção |
Exercícios resolvidos sobre toyotismo
Questão 1
(Enem) O toyotismo, a partir dos anos 1970, teve grande impacto no mundo ocidental, quando se mostrou para os países avançados como uma opção possível para a superação de uma crise de acumulação.
ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo, Boitempo. 2009 (adaptado)
A característica organizacional do modelo em questão, requerida no contexto de crise, foi o(a):
a) expansão dos grandes estoques.
b) incremento da fabricação em massa.
c) adequação da produção à demanda.
d) aumento da mecanização do trabalho.
e) centralização das etapas de planejamento.
Resolução: Alternativa C. Uma das principais inovações introduzidas pelo toyotismo que auxiliou na crise de acumulação foi a adequação da produção à demanda, eliminando assim a necessidade da formação de estoques.
Questão 2
(Unimontes) Uma das tradições da Sociologia é buscar compreender as relações sociais no mundo do trabalho, procurando investigar a organização e gestão desse processo, os impactos das tecnologias aplicadas à produção de mercadorias nessas relações de trabalho, entre inúmeros outros temas. Considerando os modelos de organização do processo produtivo, predominantes na economia capitalista em fins do século XIX e ao longo do século XX, analise e assinale as colunas correspondentes com as suas respectivas características.
1) Taylorismo
2) Fordismo
3) Toyotismo
( ) Sistema de produção em massa, centrado no conceito de linha de montagem, no qual os produtos são transportados dentro da fábrica, através das estações de trabalho, reduzindo o tempo de movimentação dos operários na busca de ferramentas e peças, aumentando a velocidade e ritmo de produção, de maneira padronizada e econômica.
( ) Também conhecido como modelo japonês, baseia-se na flexibilidade dos processos de trabalho e dos mercados de trabalho, além de diversificação dos produtos e padrões de consumo.
( ) Modelo que conta com o uso da informática na automação industrial, da técnica just-in-time para melhor aproveitamento do tempo de produção, incluindo transporte, controle de qualidade e estoque.
( ) Modelo que propôs a separação entre concepção e execução do processo de trabalho, com o objetivo de aumentar a eficiência operacional. Assim, a gerência científica concebe produtos e tarefas, enquanto os trabalhadores apenas executam o planejamento.
A sequência CORRETA é:
a) 1, 3, 2, 3.
b) 2, 1, 2, 3.
c) 2, 3, 3, 1.
d) 3, 2, 3, 1.
Resolução: Alternativa C. O primeiro item descreve o fordismo, que tem como uma de suas características a introdução da linha de montagem e o ritmo de trabalho estabelecido pelas máquinas. Na sequência temos a descrição, em dois itens, do toyotismo, que teve origem no Japão e é conhecido pela flexibilização da produção e do trabalho, bem como pela adequação à demanda de mercado. Por fim, o último item descreve resumidamente o taylorismo. Temos, portanto, a seguinte sequência: 2, 3, 3, 1.
Por Paloma Guitarrara
Professora de Geografia