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Relações sociais

Relações sociais são interações, conexões e intercâmbios entre indivíduos, grupos e instituições dentro de uma sociedade.

Pequenos hexágonos de madeira ligados por linhas e com a silhueta de pessoas desenhada neles em alusão às relações sociais.
As relações sociais dependem da rede de conexões entre os indivíduos.
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As relações sociais são o conjunto de interações que ocorrem entre duas ou mais pessoas, ou entre dois ou mais grupos de pessoas, orientadas por normas específicas ou expectativas sociais. Essas relações constituem um conceito fundamental da sociologia. É por meio delas que ideias, valores e comportamentos legitimados por uma sociedade são passados adiante.

As relações sociais de produção são um tipo de relação social muito importante. Segundo a análise de Karl Marx (1818-1883), as relações de produção e as forças produtivas constituem o modo de produção de uma sociedade, isto é, a maneira como ela se organiza para produzir bens e serviços. Quem controla as relações de produção, na opinião de Marx, exercerá um poder ideológico sobre a consciência coletiva.

A perspectiva teórica adotada por Max Weber (1864-1920) é conhecida como sociologia compreensiva. Ela enfatiza a importância de entender o sentido da ação social investigando as motivações subjacentes de cada agente. Ele delineou uma tipologia para as relações sociais em seu trabalho que continua sendo bastante influente na Sociologia contemporânea.

Leia também: Instituições sociais — organizações que passam as regras e normas da sociedade

Tópicos deste artigo

Resumo sobre relações sociais

  • Relações sociais referem-se às interações, conexões e aos intercâmbios entre indivíduos, grupos e instituições dentro de uma sociedade.

  • Formam a base das dinâmicas sociais em todos os níveis, desde as interações cotidianas até as estruturas mais amplas da sociedade.

  • Podem ser classificadas de inúmeras formas. Aqui trabalha-se com a divisão entre primárias e secundárias.

  • Karl Marx enfatizava a importâncias das relações sociais de produção no sentido de influenciar todas as demais relações de uma sociedade.

  • Segundo Weber, as relações sociais devem ser compreendidas com base no sentido atribuído a elas por cada indivíduo envolvido. 

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O que são relações sociais?

O conceito de relação social se refere à maneira como as pessoas se conectam, interagem e se influenciam mutuamente no interior de uma sociedade. Essas relações ocorrem de forma recorrente e sistemática e, geralmente, envolvem a troca de afetos, informações, valores e poder entre as pessoas. 

Apesar de tradicionalmente ser um conceito reservado apenas para as interações interpessoais humanas, alguns teóricos exploram o fato de que os indivíduos podem atribuir significados, emoções e identidades a certos objetos, o que pode influenciar sua relação com esses objetos e, por extensão, com outros indivíduos. Por ora, vamos tratar apenas das interações interpessoais.

As relações sociais, portanto, consistem no vínculo que existe entre duas ou mais pessoas e que está associado a certos padrões de interação, a normas sociais e a uma estrutura de símbolos e significados que essas pessoas interpretam. Por envolver tudo isso, as relações sociais são muito mais do que simples encontros e podem ser classificadas em vários tipos.    

Leia também: Contratualismo — o pensamento político e filosófico que estabelece a ideia de um pacto social

Tipos de relações sociais

As relações sociais podem ser de diversos tipos e ocorrer em diferentes níveis da sociedade. Esses tipos constituem classificações usadas pelos sociólogos para descrever os diferentes laços e elos que ligam pessoas entre si. Existe uma tipologia que separa as relações sociais entre primárias e secundárias.

 As relações sociais primárias baseiam-se em laços de afeto e lealdade pessoal. Elas podem durar longos períodos e ser muito complexas, uma vez que exigem grande volume de interação “cara a cara” entre as partes envolvidas. Elas também são chamadas de relações comunitárias porque o seu foco está nos sentimentos e no bem-estar dos envolvidos. É em torno de relações sociais primárias, como as amizades, as famílias, os casamentos, que se formam os grupos primários da vida social. 

As relações sociais secundárias, por outro lado, se organizam em torno de faixas muito estreitas de interesses ou objetivos práticos. Essas relações só existem por causa de interesses ou objetivos considerados secundários, por exemplo, a relação estabelecida entre o cliente e o garçom de um restaurante. Ela é secundária no sentido que envolve um rol estreito de possibilidades de interação: receber a comida e pagar pelo serviço. Por isso, tais relações também são chamadas de associativas.

Exemplos de relações sociais

Exemplos de relações sociais estão no dia a dia. Nós as estabelecemos com nossos amigos, familiares, pessoas com quem trabalhamos ou estudamos, torcedores do time de futebol rival. Há relações sociais entre os clientes e os vendedores que os atendem nas lojas, entre as pessoas que acabaram de combinar um encontro romântico para o próximo sábado.

A seguir, os exemplos mais tradicionais e comuns de relações sociais:

  • relação familiar;

  • relação afetiva;

  • relação política;

  • relação pedagógica;

  • relação religiosa;

  • relação econômica;

  • relação de trabalho.

Karl Marx e as relações sociais

Retrato de Karl Marx em 1875.
Retrato de Karl Marx em 1875.

Segundo Karl Marx (1818-1883), as relações sociais se estabelecem entre as pessoas por meio de suas vinculações ao mundo da produção de bens e serviços.  As relações sociais de produção, a base econômica, são aquelas estabelecidas no que Marx chama de infraestrutura da sociedade. Essas relações de produção, portanto, são as mais importantes de todas.

Do ponto de vista marxista, o conflito e a luta de classe são inevitáveis nas sociedades capitalistas porque os interesses de trabalhadores e dos capitalistas divergem fundamentalmente. O interesse dos capitalistas é trabalhar para acumular riqueza e isso só pode ocorrer mediante a exploração dos que a produzem. Enquanto isso, o interesse dos trabalhadores é conseguir sobreviver com o salário que recebem e melhorar o seu próprio bem-estar, o que só pode acontecer resistindo à exploração dos capitalistas.

Essa relação social de conflito na base econômica da sociedade é tão importante na visão marxista de vida social que os que dominam o sistema econômico são considerados também como executores do controle de outros aspectos da vida social.

As mais importantes dessas áreas de dominação estão na superestrutura da sociedade, do Estado e das instituições, tais como as escolas, as organizações religiosas e os meios de comunicação de massa, que desempenham um papel vital na criação da consciência coletiva.

Isso é feito por meio de crenças, valores, normas e atitudes que, juntos, proporcionam a matéria-prima para a construção e interpretação da realidade social e suas relações. Como acontece com um edifício, a superestrutura repousa sobre a base e tem que refletir sua forma.

Portanto, a teoria da base e superestrutura fornece o ângulo para Marx analisar as relações sociais. As relações sociais de produção são consideradas as mais importantes porque, virtualmente, podem influenciar as relações familiares, políticas, pedagógicas, afetivas etc.  

Leia também: Classe social — conceito da Sociologia sobre a divisão socioeconômica no capitalismo

Max Weber e as relações sociais

Retrato de Max Weber em 1918.
Retrato de Max Weber em 1918.

O método geral para compreender o que fazemos quando estamos nos relacionando socialmente, em termos do significado que atribuímos ao nosso comportamento e ao do nosso semelhante, é conhecido como teoria da ação social.

O desenvolvimento dessa teoria está ligado principalmente a Max Weber (1864-1920) e ao conceito que ele propõe de “compreensão”. Argumenta Weber que não podemos compreender o que as pessoas fazem sem ter alguma ideia de como elas, de forma subjetiva, interpretam seu próprio comportamento.

Por relação social, Weber entende uma conduta de duas ou mais pessoas que, além de orientada pelo sentido da ação alheia, é também dotada de reciprocidade e referências mútuas em relação ao seu conteúdo significativo. Segundo o renomado sociólogo alemão:

[..] o conteúdo significativo de uma relação social pode ser pactuado por declaração recíproca. Isto significa que os que nela participam fazem uma promessa quanto à sua conduta futura. Cada um dos participantes [...] conta normalmente com que o outro orientará sua ação pelo sentido da promessa tal como ele o entende. Orientará assim sua ação em parte nessa expectativa e, em parte, no dever de se ater, por seu lado, à promessa segundo o sentido que nela pôs.|1|

A relação social existe na medida em que o agente pressupõe uma atitude da pessoa diante dele, talvez de modo parcial ou totalmente equivocado, e nessa expectativa orienta a sua conduta.

Desse modo, as relações sociais repousam sobre as expectativas mútuas de cada um dos participantes sobre as suas condutas. Contudo, a relação social consiste só na probabilidade de que determinada forma de conduta social, de caráter recíproco pelo seu sentido, tenha existido, exista ou venha a existir.

As relações sociais podem refletir o poder de alguns grupos ou indivíduos de moldar as coisas de acordo com interesses próprios. Até certo ponto, a ordem social é mantida coesa por coerção e dominação. Weber destacou três principais autoridades que estabelecem relações sociais de dominação: a tradicional, a carismática e a legal-racional.

Importância das relações sociais

Como um todo, cada indivíduo é um feixe de relações sociais, e a totalidade das nossas relações sociais é um aspecto fundamental da nossa existência. As relações sociais têm uma importância fundamental na sociologia, pois são os blocos de construção fundamentais das sociedades e das interações humanas.

As relações sociais são a base para a formação de grupos e comunidades. Os indivíduos se agrupam com base em interesses compartilhados, identidades semelhantes ou objetivos comuns. Esses grupos podem variar de famílias e amigos a organizações religiosas, políticas e profissionais.

As relações sociais desempenham um papel vital na transmissão de valores culturais, conhecimento e normas sociais. A socialização ocorre por meio das interações com membros mais experientes da sociedade, como pais, professores e mentores. A socialização é o processo de aprender a tornar-se membro de uma sociedade, por meio do qual nos tornamos seres sociais.

Enfim, se queremos cooperar uns com os outros para gerar mudança social e impacto positivo no mundo, as relações sociais desempenham um papel fundamental. Novas ideias, valores e comportamentos muitas vezes se espalham pelas interações sociais e podem levar a transformações na sociedade.

Notas

|1|WEBER, Max. Ação social e relação social. In: FORACCHI, Marialice M. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

Fontes

MARX, Karl. A mercadoria: os fundamentos da produção da sociedade e do seu conhecimento. In: FORACCHI, Marialice M. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

WEBER, Max. Ação social e relação social. In: FORACCHI, Marialice M. Sociologia e sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC, 2008.

Escritor do artigo
Escrito por: Rafael Pereira da Silva Mendes Licenciado e bacharel em História pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atuo como professor de Sociologia, Filosofia e História e redator de textos.

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

MENDES, Rafael Pereira da Silva. "Relações sociais"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/relacoes-sociais.htm. Acesso em 27 de abril de 2024.

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